segunda-feira, 7 de dezembro de 2015


26/06/15 06:0008/09/15 17:37

Mulher registra queixa contra cirurgião plástico após sequelas nos seios

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Mulher ficou com marcas psicológicas e físicas após tentavia mal sucedida de implantar silicone Foto: Paulo Nicolella / Paulo Nicolella
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Wilson Mendes
Foram três anos amamentando. Enquanto cuidava do bebê, X. nutria o sonho de implantar silicone nos seios que, segundo ela, ficaram “caídos”. Quando as economias chegaram a R$ 9.500, ela ligou para o cirurgião José Vieira Júnior e acertou tudo. Era novembro de 2013, e ela diz ter saído da Casa de Saúde e Maternidade Modelo, no Porto Velho, em São Gonçalo, com os seios deformados. Outra paciente, Renina Pereira Silva, morreu. Os dois casos são investigados pela 73ª DP (Neves). O médico nunca compareceu à delegacia e desligou o telefone ao saber que o contato, ontem, era do “Mais São Gonçalo”. Mas quis marcar consulta quando na ligação uma repórter se identificou como possível paciente.
Renina operou no dia 4 de junho de 2014, e morreu aos 34 anos em 1º de janeiro deste ano. Segundo o marido, Gilson Gil, ela precisou até amputar os dedos por conta de uma infecção generalizada. Eles registraram o caso, mas até agora Gilson alega não ter recebido retorno.

Com sequelas, mulher começa a tomar remédios
Com sequelas, mulher começa a tomar remédios Foto: Paulo Nicolella / Paulo Nicolella

— Ele perguntou se eu queria colocar as próteses no consultório ou num hospital. Pedi hospital, foi mais caro. Ele fez a intervenção com anestesia local. Não fiz nenhum exame para operar, foi tudo na mesma semana. Cinco dias depois, escorria secreção — relata X., de 30 anos, que fez a denúncia através do WhatsApp do EXTRA: (21) 97283-8252.
Ela carregou as próteses por quase um ano. Um período em que o próprio marido ficou encarregado de drenar, duas vezes por dia, a secreção. Só em agosto do ano passado, X. conseguiu um médico para remover as próteses.
— Os médicos não queriam mexer. Até que minha vida entrou em risco e fui operada de emergência. Quando retiraram as próteses, constataram que eram diferentes e velhas — explicou: — Uma era de 325ml e outra, de 350ml. Uma preta e outra branca. Uma delas estava rompida.
Após um ano à base de antibióticos, as feridas sararam. Ficaram as deformidades — partes dos seios foram removidas — e os traumas: X. toma cinco remédios por dia, inclusive um calmante tarja preta.

Fachada da unidade em São Gonçalo onde X. foi operada
Fachada da unidade em São Gonçalo onde X. foi operada Foto: Paulo Nicolella / Paulo Nicolella

MP revela que há outros casos
Na Casa de Saúde e Maternidade Modelo, nenhum diretor apareceu para comentar as cirurgias feitas por José Vieira Júnior. Um recepcionista disse que o médico não atua na unidade há mais de um ano. Mas panfletos dele continuam num armário.
— Ele está proibido de pisar aqui. De fazer o que ele fazia aqui — disse o funcionário, sem entrar em detalhes.
A Polícia Civil informou que o caso de X. está sendo investigado pela 73ª DP (Neves), mas o médico não se apresentou para depor. O caso de Renina Pereira já foi encaminhado ao Ministério Público. Há outros três inquéritos no MP sobre lesões corporais cometidas por José Vieira Júnior, bem como registros de procedimentos criminais e ações de natureza cível.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica informou que o médico não é filiado ao órgão. O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) confirma que o cadastro dele está ativo, mas diz que não comenta casos que não tenham sido julgados.
A Secretaria estadual de Saúde informa que a Casa de Saúde e Maternidade Modelo foi interditada em 2010 por inadequação sanitária. O órgão afirma ainda que fará uma inspeção no local.
‘Perdi a força de lutar depois que ela morreu’
Gilson Gil, de 60 anos, viúvo de Renina
Eu sempre fui contra operar, mas era um sonho dela. Para que ela aumentasse os glúteos, vendemos até o carro. Conseguimos juntar os R$ 7 mil que o José Vieira Júnior pediu. O problema começou menos de uma semana depois do implante, na Casa de Saúde Modelo. A cirurgia causou uma infecção depois que a prótese se rompeu. Ela sofreu muito. Fui com ela registrar o caso na 73ª DP, mas até hoje não tive qualquer retorno. Eu perdi a força de lutar depois que ela morreu. Estávamos juntos há 11 anos, e ela já tinha um filho, hoje com 16, que eu ajudo a criar com a avó dele.
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