quinta-feira, 22 de maio de 2014

Erro médico mata

01/12/1999
Erro médico mata
Negligência faz mais vítimas fatais do que acidentes, câncer de mama e Aids nos EUA

A estimativa é assustadora: entre 44 mil e 98 mil pessoas morrem por ano nos EUA vítimas de erro médico. Os números são de uma pesquisa da Academia Nacional de Ciências, divulgada ontem. A instituição, vinculada ao governo americano, alerta que o problema mata mais do que os acidentes rodoviários (43,5 mil), e doenças como câncer de mama (42,3 mil) e Aids (16,5 mil).

“Apesar de não existirem estatísticas semelhantes no Brasil, estima-se que a mesma quantidade de pessoas morra aqui anualmente pelo mesmo motivo”, acredita Célia Destre, presidente da Associação de Vítimas de Erro Médico, no Rio.

País estuda como proteger pacientes

A alta incidência de erros nos EUA já leva o governo a pensar na criação de uma agência federal de proteção aos pacientes. Segundo a academia, o Congresso deveria exigir que todos os prestadores de serviços de saúde registrassem erros médicos, cujas conseqüências foram problemas graves e morte.

“O setor de saúde está pelo menos uma década atrás de outros serviços de alto risco no que diz respeito à segurança”, disse o cientista William Richardson, que conduziu a pesquisa.

Informação poderia reduzir número de mortes

Segundo o pesquisador, especialistas em segurança na saúde poderiam impedir muitos dos problemas e mortes recolhendo e analisando dados sobre erros médicos, com o objetivo de identificar as causas. “O número poderia cair pela metade nos próximos cinco anos”, garante Richardson.

A Associação Médica Americana disse que, apesar do número de vítimas de erro médico, a saúde nos EUA é praticada de forma segura, se for considerada a demanda da população por médicos. “A maior causa desses erros são as interações medicamentosas, que ocorrem graças a vários fatores: prescrição errada, até a incapacidade de o paciente ler receitas ou tomar remédios por conta própria”, diz a associação, dados não confirmados pelos realizadores do estudo.

Partos lideram queixas no Brasil

O Conselho Federal de Medicina do Brasil registrou, em 98, 78 casos de vítimas de erro médico. Todos eles foram julgados e apenas nove profissionais foram absolvidos durante o processo. Nos últimos 10 anos, o órgão julgou 386 casos, número considerado pequeno em relação à quantidade de supostas vítimas.

Na Associação das Vítimas de Erro Médico, que recebe uma média de 300 reclamações por ano, o número de vítimas vivas (70%) supera a quantidade de pessoas cujos parentes morreram devido a erros médicos (30%). “As maiores reclamações são de negligência médica durante o parto, somando 40% dos processos”, conta Célia Destre, presidente da associação.

Fonte: O Dia Rio de Janeiro/RJ 



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