sexta-feira, 31 de julho de 2015


'Foi uma bomba', diz jovem sobre morte da mãe após cirurgia de tireoide
Polícia pediu exumação do corpo para apurar possível erro médico. Hospital de Jundiaí (SP) abriu sindicância para apurar o caso.
11/06/2015 11h21 - Atualizado em 11/06/2015 21h05
Por Jomar Bellini
Do G1 Sorocaba e Jundiaí


A família da diarista Rosalva Gomes Rodrigues, de 53 anos, ainda tenta entender o que causou a morte dela, durante uma cirurgia de tireoide em um hospital de Jundiaí (SP). “Não perdemos apenas uma mãe. [A morte] Foi uma bomba para a gente. Ficamos assustados e revoltados, porque minha mãe morreu em uma cirurgia muito simples”, diz o filho Bruno Rodrigues Reis.
A polícia abriu inquérito para investigar se a morte de Rosalva foi causada por erro médico. A família da diarista registrou o boletim de ocorrência após as necropsias feitas pelo Hospital São Vicente de Paulo, onde a cirurgia foi realizada, e o Instituto Médico Legal (IML) apontarem causas diferentes para a morte. Nesta quarta-feira (10), a polícia solicitou a exumação do corpo para uma perícia mais detalhada. Em nota, o hospital afirma que abriu sindicância para apurar o caso.
Rosalva deu entrada para fazer a cirurgia no dia 1º de junho e morreu no dia seguinte. O laudo elaborado pelo hospital aponta que a diarista teve uma parada cardíaca após um laringoespasmo, um tipo de inflamação nos músculos na região da laringe que teria ocorrido enquanto ela estava no centro em que os pacientes ficam após a cirurgia. Entretanto, a necropsia do IML constatou que o óbito teria sido causado por hemorragia pós-cirurgia e choque hipovolêmico – caracterizado pela perda de grandes quantidades de sangue e líquidos causados devido a hemorragias.
Nunca achei que poderia ser algo tão grave até ver o lençol branco ao redor da cama dela. Chorei muito."
Bruno Rodrigues Reis, filho de Rosalva
De acordo com Reis, a falta de informações durante o pós-operatório preocupou os familiares. Ele afirma que o hospital passava poucas informações e que a médica responsável pela cirurgia não chegou a falar com os filhos da paciente. “Recebíamos algumas informações apenas de médicos plantonistas e atendentes de cada horário, sempre em turnos diferentes”, diz.
Ele explica que Rosalva não tinha problemas de saúde e passaria pela cirurgia para retirar um nódulo. “O nódulo era benigno, mas os médicos recomendam que ele seja retirado para evitar uma possibilidade de câncer. Como ela tinha hipotireoidismo, iria viver com reposição hormonal após a retirada da tireoide”, afirma.
Pós-operatório
A cirurgia teve duração de aproximadamente três horas. Segundo Reis, por volta das 9h os atendentes informaram que a paciente desceria para a unidade de pós-operatório quando os efeitos dos anestésicos terminassem. Às 20h, Rosalva saiu do centro cirúrgico entubada, procedimento que auxilia a respiração do paciente. Neste momento, a família alega não ter recebido informações sobre as circunstâncias da cirurgia, apenas teriam sido informados que ela estava entubada devido a um laringoespasmo. “Só na tarde do outro dia conversamos com o médico plantonista”, diz o filho.
No começo da noite, a família recebeu uma ligação do hospital e, após chegarem à unidade, os parentes da paciente foram informados sobre a morte da diarista. “Primeiro fomos impedidos de entrar, inclusive pelos seguranças do hospital. Nunca achei que poderia ser alguma coisa tão grave, até que vi o lençol branco ao redor da cama dela. Desesperei-me e chorei muito antes de conversar com o médico”, lembra.
Necropsias
O médico plantonista afirmou que Rosalva sofreu uma parada cardíaca após outro laringoespasmo quando ela estava sendo desentubada. "Eu pesquisei sobre o assunto antes de ir para o hospital e vi que a chance de o laringoespasmo ser fatal é maior geralmente em crianças, devido ao tamanho da região da laringe ser menor. Por isso duvidei do médico e pedi um novo laudo no IML", conta.
Após receber o laudo do instituto apontando como causa da morte hemorragia pós-cirurgia e choque hipovolêmico, Reis decidiu registrar o boletim de ocorrência para que a polícia investigue o caso. "Parecia que tinha alguma coisa estanha, pelas respostas que os médicos davam. Se eu não tivesse solicitado autópsia, jamais saberíamos disso", diz.
Necropsias realizadas pelo IML (esq) e Hospital São Vicente de Paulo apontam causas diferentes para a morte da diarista Rosalva (Foto: Arquivo pessoal / Bruno Rodrigues Reis)Necropsias realizadas pelo IML (esq) e Hospital
apontam causas diferentes para a morte da diarista
(Foto: Arquivo pessoal / Bruno Rodrigues Reis)
Em nota, a diretoria do Hospital São Vicente de Paulo afirma que abriu sindicância para apurar a reclamação referente ao atendimento de Rosalva. "Esta medida foi tomada após publicação do boletim de ocorrência feito pela família e, caso seja necessário, a diretoria tomará medidas administrativas contra os envolvidos", conclui. O hospital não comentou as críticas da família quanto ao atendimento.
Investigação
Segundo o delegado titular do 1º Distrito Policial, Paulo Sérgio Martins, a investigação vai apurar se houve erro médico por parte da equipe que realizou o procedimento. "No momento não existem provas suficientes para caracterizar um homicídio. Vamos apurar a eventualidade do erro médico e, se isso ocorreu, quem ocasionou a morte."
A diarista Rosalva Gomes Rodrigues, de 53 anos, morreu após cirurgia de tireoide em Jundiaí (Foto: Arquivo pessoal / Bruno Rodrigues Reis)A diarista Rosalva  morreu após cirurgia
(Foto: Arquivo pessoal / Bruno Rodrigues Reis)
O delegado explica que, caso seja caracterizado o crime, o responsável poderá responder por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. "Em casos de erro médico, este crime é cometido devido à imperícia do profissional no ato da cirurgia. Pode ser um cirurgião que fez um procedimento que causou uma hemorragia, uma enfermeira que deu alguma medicação errada, etc. São várias possibilidades. Vamos entender em que momento houve o possível erro para individualizar a culpa", afirma.
Ainda de acordo com Martins, tanto a equipe médica quanto os familiares foram intimados para comparecer na delegacia e prestar depoimentos. Eles devem ser ouvidos até o começo da próxima semana. O inquérito deve ser concluído em 30 dias.

RECENTES
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  • Ivonete Rodettes
    há 2 meses
    não é fácil perder um ente querido, meus sentimentos aos familiares e que Deus conforte os seus corações e que a justiça seja feita.
Sorocaba e BESbswyBESbswyBESbswyBESbswy

Polícia apura suposto erro médico em morte após cirurgia de tireoide
Hospital de Jundiaí (SP) também abriu sindicância para investigar o caso. Família registrou ocorrência após divergência nos laudos do hospital e IML.
10/06/2015 08h57 - Atualizado em 10/06/2015 15h20
Por Jomar Bellini
Do G1 Sorocaba e Jundiaí
A diarista Rosalva Gomes Rodrigues, de 53 anos, morreu após cirurgia de tireoide em Jundiaí (Foto: Arquivo pessoal / Bruno Rodrigues Reis)Rosalva morreu após cirurgia de tireoide
 (Foto: Arquivo pessoal / Bruno Rodrigues Reis)
A Polícia Civil abriu inquérito nesta semana para investigar a morte de uma mulher depois de uma cirurgia para retirada da tireoide – importante glândula que produz diversos hormônios no corpo humano – em um hospital de Jundiaí (SP). A família da diarista Rosalva Gomes Rodrigues, de 53 anos, registrou o boletim de ocorrência após as necropsias feitas pelo Hospital São Vicente de Paulo, onde a cirurgia foi realizada, e o Instituto Médico Legal (IML) apontarem causas diferentes para a morte. Em nota, o hospital afirma que também abriu sindicância para apurar o caso.
Segundo o delegado titular do 1º Distrito Policial, Paulo Sérgio Martins, a investigação vai apurar se houve erro médico por parte da equipe que realizou o procedimento. "No momento não existem provas suficientes para caracterizar um homicídio. Vamos apurar a eventualidade do erro médico e, se isso ocorreu, quem ocasionou a morte", explica.
Rosalva deu entrada para fazer a cirurgia no dia 1º de junho e morreu no dia seguinte. O laudo elaborado pelo hospital aponta que a diarista teve uma parada cardíaca após um laringoespasmo, um tipo de inflamação nos músculos na região da laringe que teria ocorrido enquanto ela estava no centro em que os pacientes ficam após a cirurgia. Entretanto, a necropsia do IML constatou que o óbito teria sido causado por hemorragia pós-cirurgia e choque hipovolêmico – caracterizado pela perda de grandes quantidades de sangue e líquidos causados devido a hemorragias.
Martins explica que, caso seja caracterizado o crime, o responsável poderá responder por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. "Em casos de erro médico, este crime é cometido devido a imperícia do profissional no ato da cirurgia. Pode ser um cirurgião que fez um procedimento que causou uma hemorragia, uma enfermeira que deu alguma medicação errada, etc. São várias possibilidades. Vamos entender em que momento houve o possível erro para individualizar a culpa."
Ficamos assustados e revoltados porque minha mãe morreu em uma cirurgia muito simples"
Bruno Rodrigues Reis, filho de Rosalva
Ainda de acordo com o delegado, tanto a equipe médica quanto os familiares foram intimados para comparecer na delegacia e prestar depoimentos. Eles devem ser ouvidos até o começo da próxima semana. A polícia também solicitou detalhes do laudo do Instituto Médico Legal. O inquérito deve ser concluído em 30 dias.
Revolta
A morte repentina da diarista causou revolta na família, que não acredita no laudo entregue pelo hospital. “Ficamos assustados e revoltados, porque minha mãe morreu em uma cirurgia muito simples”, diz o filho da diarista, Bruno Rodrigues Reis, em entrevista ao G1.
De acordo com ele, Rosalva não tinha problemas de saúde e passaria pela cirurgia para retirar um nódulo. “O nódulo era benigno, mas os médicos recomendam que ele seja retirado para evitar uma possibilidade de câncer. Como ela tinha hipotireoidismo, iria viver com reposição hormonal após a retirada da tireoide”, explica.
A cirurgia teve duração de aproximadamente três horas. Segundo Reis, por volta das 9h os atendentes informaram que a paciente desceria para a unidade de pós-operatório quando os efeitos dos anestésicos terminassem. Às 20h, Rosalva saiu do centro cirúrgico entubada, procedimento que auxilia a respiração do paciente.
Neste momento, a família alega não ter recebido informações sobre as circunstâncias da cirurgia, apenas teriam sido informados que ela estava entubada devido ao laringoespasmo. “Só na tarde do outro dia conversamos com o médico plantonista. Ele me certificou que minha mãe não tinha tido hemorragias, que era a minha grande preocupação, e disse que a cirurgia tinha sido ‘ótima’.”
No começo da noite, a família recebeu uma ligação do hospital e, após chegarem na unidade, os parentes da paciente foram informados sobre  a morte da diarista. O médico plantonista afirmou que Rosalva teria sofrido uma parada cardíaca após outro laringoespamo quando ela estava sendo desentubada. "Eu pesquisei sobre o assunto antes de ir para o hospital e vi que a chance de o laringoespamo ser fatal é maior geralmente em crianças, devido ao tamanho da região da laringe ser menor. Por isso duvidei do médico e pedi que um novo laudo no IML", diz o filho da diarista.
Após receber o laudo do instituto apontando como causa da morte hemorragia pós-cirurgia e choque hipovolêmico, Reis decidiu registrar o boletim de ocorrência para que a polícia investigue o caso. "Parecia que tinha alguma coisa estanha, pelas respostas que os médicos davam. Se eu não tivesse solicitado autopsia, jamais saberíamos disso", diz.
Em nota, a diretoria do Hospital São Vicente de Paulo afirma que abriu sindicância para apurar a reclamação referente ao atendimento de Rosalva. "Esta medida foi tomada após publicação do boletim de ocorrência feito pela família e, caso seja necessário, a diretoria tomará medidas administrativas contra os envolvidos", conclui.
Necropsias realizadas pelo IML (esq) e Hospital São Vicente de Paulo apontam causas diferentes para a morte da diarista Rosalva (Foto: Arquivo pessoal / Bruno Rodrigues Reis)Necropsias realizadas pelo IML (esq) e Hospital São Vicente de Paulo apontam causas diferentes para a morte da diarista Rosalva (Foto: Arquivo pessoal / Bruno Rodrigues Rei