sexta-feira, 31 de julho de 2015


Diário do Grande ABC



Hospital troca fichas e médico opera paciente errado


  O menino Matheus Máximo Soares, 2 anos, foi internado no Hospital e Maternidade Rudge Ramos, em Sao Bernardo, para retirar as amígdalas e adenóide (carne esponjosa) e saiu da sala de cirurgia com um corte extra na barriga, resultado de uma operaçao de uma hérnia no umbigo. Seu pai, o metalúrgico Luiz Soares, 36 anos, acusa o hospital de trocar a ficha de seu filho pela de outro paciente e o pediatra Vicente Antonio Gerardi Filho, que fez a cirurgia nao-autorizada pela família, de erro médico.
De acordo com o Cremesp-SP (Conselho Regional de Medicina do Estado de Sao Paulo), o caso nao pode ser classificado como erro médico e sim como uma possível falha ética. O Boletim de Ocorrência 1.795, de averiguaçao de erro médico, foi registrado no 2º DP de Sao Bernardo.
De acordo com Soares, a cirurgia de Matheus foi marcada para a manha de terça. A internaçao aconteceu às 7h30 e, logo em seguida, ele foi levado para a sala de cirurgia. "Algum tempo depois, o médico veio me avisar que meu filho havia sido operado de hérnia no lugar de outra criança", disse.
O médico Gerardi Filho, que realiza cirurgias pediátricas há 17 anos, confirmou a história. Segundo ele, aconteceu realmente a troca de pacientes, ambos com a mesma idade. "Matheus foi para a mesa de operaçao com a ficha de uma criança que deveria fazer duas operaçoes, uma para retirada de hérnia no umbigo e outra de fimose." O médico disse que nao identificou seu paciente porque nao consegue guardar a fisionomia de todos, pois realiza uma média de 50 cirurgias por mês.
Apesar disso, o pediatra afirma que nao houve erro médico. "Um exame preliminar mostrou que, por coincidência, Matheus também tinha uma hérnia no umbigo e fimose. Por isso comecei a operar", afirmou.
Segundo Gerardi Filho, ao final da cirurgia de hérnia, ele foi avisado por funcionários do hospital que o garoto na mesa de operaçao nao era o seu paciente. "Procurei, em seguida, o pai de Matheus e expliquei o que havia acontecido." Familiares do paciente confirmaram que o engano foi informado logo após a operaçao.
Para o pediatra, aconteceu um erro administrativo - por causa da troca das fichas - e nao médico. Matheus foi operado da amígdala e da adenóide logo em seguida, com a mesma anestesia, e teve alta hospitalar na tarde do mesmo dia. A cirurgia do outro garoto foi cancelada.
O diretor administrativo do hospital, José Boccia, disse que apuraçoes preliminares constataram que a troca foi feita por uma auxiliar de enfermagem, que prepara os pacientes para o procedimento. "Vou ouvi-la amanha (quinta) para saber toda a história com detalhes, para depois poder tomar as medidas cabíveis", disse. De acordo com ele, também será discutida a possibilidade de representar o pediatra na comissao de ética do hospital.
O pediatra Gerardi Filho disse que Matheus pode até ter se beneficiado da operaçao extra, pois teria de realizá-la de qualquer forma no futuro. "Para todo diagnóstico de hérnia é indicada a cirurgia." A mae do garoto, Alexciana Máximo de Souza, 21 anos, afirmou que nunca havia percebido qualquer problema no umbigo do filho.
O médico explicou que alguns tipos de hérnia, quando no início, só sao perceptíveis quando apalpadas. "O anel herniário de Matheus tinha 2 cm de diâmetro."


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