sexta-feira, 31 de julho de 2015

Como garantir a segurança do paciente nas cirurgias

05.01.2015
Um dos desafios mundiais da segurança do paciente está relacionado à redução de complicações e da mortalidade ligada a procedimentos cirúrgicos. Por essa razão a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, em 2008, o Protocolo de Cirurgia Segura. Para enfrentar esse problema mundial, o A.C.Camargo Cancer Center, além de adotar os protocolos da OMS, desenvolve padrões de procedimentos internos e mantém uma equipe multidisciplinar para tratar de temas relativos à segurança do paciente. Entenda mais sobre o assunto na entrevista com Dr. Eduardo Giroud, Diretor Clínico da Instituição.

Atuação - Como as instituições de saúde estão posicionadas em relação à segurança do paciente no mundo?

Dr. Eduardo Giroud - A segurança do paciente é uma preocupação mundial. Estudos revelam que a terceira causa de óbitos de pacientes, atrás apenas de problemas cardiológicos e oncológicos, têm sua origem em falhas ou erros na assistência ou em processos. Nesse último aspecto, é importante ressaltar que nem sempre uma falha está relacionada diretamente ao descuido de um profissional, mas a processos inadequados que induzem ao erro. Preocupada com esse cenário, a Organização Mundial de Saúde (OMS) coloca em prática ações especiais no sentido de melhorar a qualidade da assistência médico-hospitalar.

Atuação - Que ações são essas?

Dr. Eduardo Giroud - A OMS estabeleceu os chamadosDesafios Globais pela Segurança do Paciente (Global Patient Safety Challenge). O primeiro deles foi direcionado à educação dos profissionais de saúde de todos os continentes, no que diz respeito à correta higienização das mãos, uma medida simples, mas de fundamental importância no controle de infecções associadas à assistência. O segundo Desafio Global pela Segurança do Paciente está relacionado à redução de complicações e da mortalidade ligada a procedimentos cirúrgicos, que resultou na criação do Protocolo de Cirurgia Segura, o Checklist, desenvolvido por especialistas vinculados à entidade e lançado em 25 de junho de 2008.

Atuação - Qual é a importância do Protocolo de Cirurgia Segura?

Dr. Eduardo Giroud - É de extrema importância. De acordo com as estatísticas mundiais, as taxas de mortalidade relatadas após grandes cirurgias estão entre 0,4% e 10%, dependendo das circunstâncias. A estimativa do impacto dessas taxas é que pelo menos um milhão de pacientes morrem por ano, decorrentes de complicações ocorridas durante ou após uma cirurgia. E importante: metade dos eventos que geraram essas complicações poderia ter sido evitada com a adoção das normas do Protocolo de Cirurgia Segura.

Atuação - O A.C.Camargo adota esse protocolo da OMS?

Dr. Eduardo Giroud - Sim. A segurança do paciente sempre esteve presente na cultura de nossa Instituição e ganhou ainda mais força quando começamos a trabalhar pela conquista da Acreditação Canadense, certificado que temos desde 2012, em que muitos dos requisitos mínimos estão alinhados ao Protocolo de Cirurgia Segura defendido pela OMS.

Atuação - Na prática, quais são as ações que contribuem para a segurança do paciente no A.C.Camargo durante as cirurgias?

Dr. Eduardo Giroud - Operar o paciente certo no local certo. Para ter uma ideia da importância dessa questão, nos Estados Unidos cirurgias em local ou no paciente errado representam cerca de 2 mil casos por ano. No A.C.Camargo, trabalhamos com dupla checagem. Antes da cirurgia, além de confirmar o nome do paciente com o prontuário, obrigatoriamente marcamos a lateralidade e o local onde deve ser realizado o procedimento no corpo do paciente com uma caneta especial resistente à lavagem. A implementação desse protocolo garantiu que 100% desses pacientes chegassem ao Centro Cirúrgico com essa marcação e, consequentemente, temos índice 0% de erro de lateralidade.

Atuação - E sob o ponto de vista da anestesia há cuidados especiais?

Dr. Eduardo Giroud - Todos os pacientes operados no A.C.Camargo passam por avaliação pré-anestésica antes de serem encaminhados para no Centro Cirúrgico. A maioria, 80%, realiza a avaliação no ambulatório, onde tem oportunidade de solucionar suas dúvidas. No Centro Cirúrgico, todo material que será utilizado no processo anestésico é identificado com nome e cores diferentes de acordo com cada fármaco. Vale ressaltar que o A.C.Camargo é a única instituição estrangeira credenciada no The Anesthesia Quality Institute, braço da sociedade norte-americana de anestesia, composta por 54 organizações, todas norte-americanas, que estuda a qualidade e a segurança no setor.

Dr. Eduardo Henrique Giroud Joaquim - CRM 44533
Diretor Clínico do A.C.Camargo
Especialista em Anestesiologia - RQE nº 44007


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