sexta-feira, 31 de julho de 2015

Paciente Que Teve Joelho Opera

Paciente que teve joelho errado operado é barrada em hospital onde fez cirurgia no Guarujá (SP)

Felipe Pupo
Especial para o UOL Notícias
Em Santos (SP)  
  • Auxiliar de serviços gerais Tatiane Silva Andrade, de 25 anos, vítima de suposto erro médico no Guarujá (SP)
    Auxiliar de serviços gerais Tatiane Silva Andrade, de 25 anos, vítima de suposto erro médico no Guarujá (SP)
A auxiliar de serviços gerais Tatiane Andrade da Silva, 25, vítima de um suposto erro médico, foi barrada no Hospital Santo Amaro, na manhã desta segunda-feira (28), no Guarujá (litoral de São Paulo). Acompanhada dos pais, do marido e do advogado, ela retornou à instituição uma semana após a realização da cirurgia para colocar curativos na perna esquerda, que foi alvo de um possível erro médico. Desde que a paciente recebeu alta do hospital, na terça-feira (22), ela permanece com um pino da perna esquerda, o que vem provocando inchaço e dores, segundo o pai da paciente, José Antônio da Silva.
A paciente permaneceu no hospital das 9h às 13h30, mas não conseguiu ser atendida. Ela necessitava realizar o procedimento pós-cirúrgico para retirar os pontos e trocar os curativos.

Segundo o pai da jovem, o hospital permitiu apenas a entrada de duas pessoas da família no hospital, para acompanhar o atendimento da paciente. Mas a família exigia que o advogado acompanhasse todo o procedimento médico.

Inconformado com a situação, o advogado da família, Carlos Dalmar dos Santos, chamou a polícia e registrou um boletim de ocorrência. “Após a cirurgia, a paciente apresentou quadro de depressão e abalo psicológico.  Além disso, havia um sentimento de descrédito com o hospital, uma vez que a cirurgia foi realizada equivocadamente na perna esquerda. Por isso, ela queria a minha presença no local para evitar qualquer tipo de transtorno”, afirma.

Santos também aponta que a legislação brasileira garante o direito do advogado de entrar em qualquer local público para acompanhar o seu cliente. “Esse dispositivo está garantido na lei 8.906/1994. Portanto, o meu direito foi cerceado." O advogado afirmou que vai entrar com uma ação judicial para que o juiz confirme o seu direito de ter acesso ao hospital, acompanhando a sua cliente no atendimento médico.

Outro lado

O hospital informou, por meio de uma nota enviada pela assessoria de imprensa, que lamenta a recusa da paciente Tatiane Andrade da Silva para a realização do atendimento médico. O comunicado confirmou que havia uma consulta agendada para retirada de pontos na perna esquerda da paciente, mas o atendimento deveria ser realizado sem a presença do advogado.

O hospital afirmou ainda que a decisão de não permitir a entrada do advogado está resguardada nas determinações do Conselho Regional de Medicina. “A direção do hospital permite que pacientes sejam acompanhados de parentes quando de consultas ou outros procedimentos. Ao advogado da referida paciente resta ir à Justiça e conquistar um mandado obrigando o HSA a permitir sua presença ao lado de sua cliente."

O comunicado também destaca que, desde as 9h, o médico estava à disposição da paciente, mas o impasse permaneceu porque a paciente se recusou a entrar no local sem o acompanhamento do advogado. Por fim, a nota diz que o advogado da paciente terá um encontro amanhã (29) com a direção do hospital.

Entenda o caso

O problema teve início na segunda-feira (21), por volta das 9 horas, quando a paciente foi internada no Hospital Santo Amaro para realizar uma cirurgia no joelho. O susto veio após a operação, quando a família descobriu que o procedimento cirúrgico foi feito, equivocadamente, no joelho esquerdo. Apesar disso, 24 horas depois a paciente teve alta e saiu do local com pinos no joelho esquerdo.

RAIO-X

  • Felipe Pupo/Especial para o UOL Notícias
    Raio-x mostra pino na perna esquerda de Tatiane
Desde então, ela passa por diversos problemas. Tatiane não tem condições de se locomover e realizar as suas atividades rotineiras. Ela depende do auxílio da família para comer, beber, se vestir, tomar banho e levantar da cama.
Fora isso, ela permanece na cama, em repouso absoluto, geralmente assistindo aos programas de televisão. “Estou profundamente abalada, tanta na parte física como na psicológica”, afirma. “Desde o momento em que sai da sala de cirurgia, fiquei sem chão, sem saber o que fazer. Parece que estou vivendo um pesadelo, mas longe de ter um final feliz.”

Segundo a mãe de Tatiane, Valéria Andrade da Silva, o médico ficou “surpreendido com a situação e disse para a família realizar uma consulta em sua clínica particular, pois não iria fazer nenhum tipo de cobrança pelo serviço”.

A família registrou boletim de ocorrência e a polícia já investiga o fato e o caso deve ganhar novos capítulos. O advogado Carlos Dalmar dos Santos Macario, que defende a vítima, informou que a família vai entrar com uma ação indenizatória na Justiça, uma vez que o médico tem a responsabilidade civil sobre o caso.

Investigação do caso

A direção do Hospital Santo Amaro teve uma reunião com Celso Dias Fernandes, médico responsável pela cirurgia, na quinta-feira (24). Sem revelar detalhes da conversa, a direção do hospital garantiu que está trabalhando internamente na investigação do caso.
Em nota divulgada pela assessoria de imprensa, porém, o hospital informou que não houve erro médico na cirurgia de Tatiane. “Exames clínicos e tomográficos apresentam patologia bilateral idêntica, ou seja, o mesmo problema nos dois joelhos necessitando, assim, do mesmo procedimento cirúrgico. A decisão para a cirurgia foi compartilhada com a paciente que, como a mesma declarou, teve ciência dos procedimentos agendados”.
A nota também informa que o caso será submetido ao Conselho de Ética Médica do hospital.




  1. avatar

    HellAngel


    4 anos atrás
    Para a maioria dos médicos paciente funciona como produtos em uma linha de produção, faz o serviço rapidão, nem olha para a tua cara, e segue em frente.
  2. avatar

    rlobo


    4 anos atrás
    o fato de ter a alteração nos 2 joelhos, não significa que tenha que operá-los, e sim sòmente aquele que incomoda ( p.ex.: dor ). portanto não justifica a cirurgia no joelho não acordado.

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