quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Mulher fica deformada após erro médico: “Não consigo me olhar no espelho”

Tammie Stanley sofreu queimaduras de 3º grau em incêndio quando tinha oito semanas

TRANS JUJU OLIVEIRA RELATA PROCEDIMENTOS NO ROSTO E QUER TIRAR SILICONE DAS BOCHECHAS: 'DESCEU PARA O PESCOÇO'

Publicado em


 Juju Oliveira, a transexual de 30 anos, que foi assunto nas redes sociais na última sexta-feira, após revelar o drama que vive desde 2017, quando aplicou silicone industrial no rosto, diz que se arrepende do procedimento, feito numa clínica clandestina, e procura ajuda médica para retirar as bochechas e o excesso do produto no rosto.

Extra oferta Globoplay

"Estou muito arrependida. E preciso de uma cirurgia para retirar as bochechas e o excesso do silicone, que está descendo para o pescoço. Gostaria que um cirurgião me ajudasse de graça, já que não tenho dinheiro para pagar", diz ela, que mora em Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul.

Lei também: Trans Juju Oliveira relata bullying após colocar silicone no rosto e pede ajuda: 'Me chamam de Fofão'

Trans Juju Oliveira diz que colocou 250 ml de silicone no rosto e que se arrepende; veja antes e depois

Ela conta que trabalha fazendo programas nas ruas desde os 17 anos, que mora com o pai e que tem todo o apoio da família:

"Meu pai é a pessoa que mais me apoia e cuida de mim até hoje. Ele não era a favor de eu fazer esse procedimento. Quando fiz, apareci na frente dele e pronto. Ele sempre foi contra, sabe que é perigoso. Também tenho duas irmãs e me dou bem com elas e com a minha mãe", conta.

Juju diz que começou a se travestir aos 14 anos. "Quando eu descobri ser uma menina, deixei o cabelo crescer, passei a me vestir mais feminina e sou assim. Não operei e não pretendo. Sou um travesti e me aceito assim. Não tenho plásticas no corpo. Só no final de 2017 que eu coloquei silicone. Foi só o rosto que eu fiz. Fiz a bochecha, preenchi o queixo (o furinho), mexi no nariz e coloquei silicone para arredondar o maxilar, foi aí que desceu para o pescoço".

Gaúcha trans Juju Oliveira relata bullying após colcoar silicone no rosto: 'Me chamam de fofão'
Gaúcha trans Juju Oliveira relata bullying após colcoar silicone no rosto: 'Me chamam de fofão' Foto: Reprodução/Instagram

Juju Oliveira antes e depois de colocar 250 ml de silicone industrial no rosto
Juju Oliveira antes e depois de colocar 250 ml de silicone industrial no rosto Foto: Arquivo pessoal e Reprodução

250 ml de silicone no rosto

A gaúcha conta que procurou uma clínica clandestina e que pagou para colocar 250 ml de silicone industrial, que foram espalhados por bochecha, nariz, queixo e maxilar.

"Parece ser muito, mas quando você coloca ele aparenta pouca coisa. O problema é que com o tempo ele dobra o tamanho. Meu problema são as bochechas e o pescoço, pois o silicone desceu", disse ela, aproveitando para fazer um alerta sobre o caso:

"Me arrependo de ter colocado e acho importante alertar as pessoas para não repetirem isso e não fazer igual. Tem muita travesti e transexual que estão começando e que acham que colocar silicone é uma maravilha. Silicone industrial é um perigo. Quando você coloca, fica lindo, maravilhoso, mas com o tempo, vai deformar. A gente coloca e depois paga o preço por isso".

Ela enviou para o EXTRA uma foto de como era antes de realizar o procedimento e disse ainda que está procurando um cirurgião plástico para tentar reverter o inchaço no rosto.

"Sempre deixei muito claro que o meu silicone foi um procedimento clandestino, e que eu paguei e assumi a responsabilidade. Só que como isso é ilegal, a gente paga sabendo das consequências. Quero uma ajuda para reverter e tirar esse silicone do rosto. Estou procurando um médico, não quero vaquinha na web, quero um cirurgião que possa fazer isso de graça para mim", disse Juju.

Juju Oliveira antes de colocar silicone no rosto
Juju Oliveira antes de colocar silicone no rosto Foto: Arquivo pessoal

Bullying nas ruas: 'Me chamam de 'Fofão'

Juju fez um desabafo nas redes sociais falando do bullying que vem sofrendo por ter colocado silicone no rosto. Num vídeo publicado em seu Facebook no dia 17 de agosto, ela, que é de Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul, relata que fez o procedimento com silicone industrial em 2017 e até hoje é vitima de ataques por conta do resultado.

Extra oferta Globoplay

“Eles passam e me chamam de Fofão. Eu era uma pessoa como qualquer outra, aí fui inventar de fazer isso no rosto: silicone. Aí deu no que deu. Inchou e ficou desse jeito. Foi um erro meu”, lamenta. “Eu só estou querendo um pouco de respeito. Sou uma travesti de 30 anos. Sou natural de Passo Fundo, sempre morei aqui. Quero pedir um pouco mais de respeito”.

No vídeo publicado, ela contou ainda que trabalha na rua, fazendo programa: "Não estou aqui me queixando de nada. Só estou querendo respeito. Sou uma travesti, tenho 30 anos, trabalho na rua, e cada vez que as pessoas me veem elas gritam: Fofão!'. Não é por me comparar com Fofão, é pela falta de respeito pelo estado que eu estou. Olha como está o meu rosto. Muitas das vezes não quero vir para cá, mas eu preciso ganhar um troco".

A ex-BBB Ariadna também fez um post pedido ajuda e respeito para Juju. "Gente, a Juju é uma trans que teve aplicação de silicone industrial na sua face. Vem sofrendo todo tipo de preconceito e chacota em sua cidade e a única coisa que ela pede é RESPEITO. As pessoas são perversas e cruéis e não tem compaixão. Fazer chacotas e brincadeiras de mal gosto com pessoas com deficiências ou na formação ou acidentadas não é legal não é brincadeira. Espero que com a visibilidade do meu perfil, juntos possamos conseguir algum médico que se comova e ajude a Menina a retirar o silicone industrial e ela possa voltar a ter uma saúde melhor, porque o silicone industrial é como uma bomba relógio. Espero que alguma boa alma possa nos ajudar a ajudar a Ju".

Juju Oliveira antes de colocar silicone no rosto
Juju Oliveira antes de colocar silicone no rosto Foto: Arquivo pessoal

"Ele me deformou toda", diz mais uma vítima de erro médico em cirurgia plástica no Rio

Dona de casa pagou R$ 4.000 por cirurgia e teve o corpo mutilado por cirurgião

REPRODUÇÃO / REDE RECORD

Mais uma vítima de um cirurgião plástico que prometia a mulheres o corpo perfeito quebrou o silêncio. Segundo a dona de casa, que preferiu não se identificar, ela pagou R$ 4.000 pela cirurgia e há 12 anos vive com esse sofrimento de ter tido o corpo mutilado pelo médico.

— Eu não posso pôr uma roupa apertada, não posso pôr um vestido, uma calça justa. Eu não posso porque fica aparecendo um buraco na minha barriga.

De acordo com a vítima, ela conheceu o médico José Vieira Junior ao ver um comercial na televisão, em 2003. A mulher foi a uma consulta, conversou com ele e decidiu fazer uma lipoaspiração e uma abdominoplastia.

— Ao invés de pagar para ficar bem, eu paguei para ficar pior.

A mulher contou que, quando acordou da cirurgia, tinha muito sangue espalhado na maca.

— Eu acordei com aquilo gelado nas costas, mas ele falou que era normal pós-cirurgia.

Ainda segundo a vítima, ela recebeu alta no dia seguinte à operação. O ponto arrebentou e ela contraiu uma grave infecção que afetou os pulmões.

— Fiquei quase um ano deitada sem conseguir fazer nada sozinha, nem mesmo comer ou tomar banho, na recuperação da infecção.

Devido a inúmeros problemas pós-cirúrgicos, a vítima resolveu levar o caso à Justiça. O processo durou seis anos e ela venceu a ação. O juiz determinou que o cirurgião a indenizasse em R$ 30 mil, mas, até hoje, quatro anos depois, ela não recebeu nada.

O médico que operou a mulher nunca compareceu à delegacia para prestar esclarecimentos, mas, mesmo assim, foi indiciado por lesão corporal. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o médico não é filiado ao órgão. O Conselho Regional de Medicina do Rio confirmou que o cadastro do médico está ativo, mas não comenta denúncias que ainda não foram julgadas.

De acordo com o Ministério Público, outras três denúncias estão sendo investigadas. Procurado pela Rede Record, o médico não quis falar sobre as denúncias.

Outras vítimas

Uma mulher de 30 anos viu o sonho de ter o corpo perfeito se transformar em pesadelo. A paciente contou que também foi vítima do cirurgião plástico. A jovem colocou uma prótese de silicone nos seios. Segundo ela, o médico sequer deu anestesia antes do procedimento.

— Ele me deu dois comprimidos, botou um pano verde na minha frente e começou a dar várias agulhadas no meu peito e eu comecei a gritar de dor. Ele falou que já estava acabando e a enfermeira também

Após a cirurgia, a situação só piorou. Com medo, a dona de casa procurou o médico. Ele aplicou uma medicação e a mandou voltar para casa. Desconfiada, a paciente foi ao pronto-socorro. Na unidade, a mulher fez um exame e descobriu que a prótese tinha rompido.

A mulher de Gilson de Lima viveu drama parecido. Melina Pereira também procurou o cirurgião para colocar prótese nos glúteos. Ela pagou R$ 7.000 pelo serviço. A vítima teve trombose em razão de complicações da cirurgia e morreu seis meses depois. Gilson contou que a mulher já sentiu dores após o procedimento.

— Ele nem deu atenção.  Ele disse que ia ver outra pessoa em Alcântara. Eu que dei assistência. O médico que tirou a prótese se apavorou. Estava tudo errado.

Assista ao vídeo: