JOSE SERRA CONVIVEU 4 ANOS COM A MAFIA DO SANGUE NA SAÚDE

21/05/2004


Até agora a mídia tratou o Caso da Máfia do
Sangue como um escândalo na sala de espera do
ministro da Saúde, Humberto Costa. Seu destino,
porém, é se transformar em breve num escândalo
do ex-ministro da Saúde José Serra, hoje
disputando pelo PSDB a prefeitura de Sâo Paulo,
numa campanha que ele promete
ser 'federalizada'.


Humberto Costa tomou posse na Saúde em 8 de
janeiro de 2003; 69 dias depois, em 18 de
março, pediu à Polícia Federal que investigasse
as denúncias de violação dos envelopes com as
propostas de preços de quatro
licitações.


Em 17 de setembro, reiterou o pedido. Já José
Serra, em quatro anos de gestão - de março de
1998 a março de 2002 -, conviveu com a Máfia do
Sangue no Ministério.


Quatro anos com os vampiros


Não se pode imputar ao hoje presidente nacional
e principal candidato do PSDB nas eleições de
outubro a autoria do esquema de desvios na
compra de hemoderivados (remédios usados por
hemofílicos).


O foi montado em 1990, ainda no governo
Fernando Collor de Mello, aparentemente como
parte do esquema PC Farias. Porém a Máfia
continuou a funcionar ao longo de toda a gestão
Serra.


O atual presidente do PSDB trabalhou no
Ministério com o então procurador da República
José Roberto Santoro - o mesmo que se envolveu
no Escândalo Waldomiro Diniz, ao aparecer em
uma fita no último dia 31 de março falando
em 'ferrar' Dirceu e 'derrubar o governo
Lula'.


Outras irregularidades vieram à luz, difundindo
uma imagem saneadora do então ministro. Porém
os vampiros dos hemoderivados não foram
incomodados no seu esquema, que continuou a
drenar para seus bolsos a R$ 120 milhões por
ano.


Consta que, durante a campanha eleitoral de
2002, em julho ou agosto, o então
presidenciável do PPS, Ciro Gomes, recebeu um
extenso dossiê sobre a Máfia do Sangue e outras
ilegalidades no Ministério da Saúde.


Ele não fez uso do material, talvez reservando-
o para a eventualidade de um segundo turno com
Serra. Eleito Lula, com Ciro no Ministério da
Integração Nacional e Humberto no da Saúde,
começaram as investigações saneadoras.


O desmonte do esquema


O esquema da Máfia do Sangue foi dos primeiros
a ser desmontado. Com isso, o hemoderivado que
o Ministério comprava antes por 41 centavos de
dólar baixou de preço para até a 12 centavos de
dólar, estando hoje em 16 centavos de dólar; a
economia para a saúde pública foi em média de
42%.


Este também não foi não é o único esquema
submetido a investigação na Saúde. A Polícia
Federal está apurando outras denúncias, como a
do Instituto Nacional de Traumortopedia, a do
Hospital dos Servidores do Estado de Rio,
ligado ao Ministério da Saúde, e a do Grupo
Hospital Conceição, responsável pelo Hospital
Cristo Rendentor, segundo maior pronto-socorro
de Porto Alegre.


Por isso Humberto Costa reagiu com indignação
quando soube das descobertas da Operação
Vampiro da PF, em Genebra, na Suíça, onde
esteve participando da Assembléia Mundial de
Saúde. Chegou a antecipar sua volta ao Brasil.
Ele vinha acompanhando as investigações,
informado pelo ministro da Justiça, Marcelo
Thomaz Bastos.


O que Costa não esperava


O que Costa não esperava no episódio foi um dos
nomes da lista dos presos pela operação da PF
na quarta-feira: Luis Cláudio Gomes da Silva,
que foi trazido por ele para o Ministério (os
dois são pernambucanos e trabalharam juntos
antes, durante quatro meses, na Secretaria de
Saúde do Recife).


Isto, diz o ministro, o 'surpreendeu'
e 'decepcionou profundamente'. Surpreendeu mas
não inibiu: 'Eu não sabia onde a investigação
chegaria nem me caberia querer saber. Ela tem
de chegar onde for necessário para eliminar
qualquer foco de corrupção que eventualmente
exista no Ministério', enfatizou ontem o
ministro, a um jornalista da Agência Estado, em
Genebra, quando retornava para o Brasil.


Enquanto Costa não volta ao país, o ministro
interino da Saúde, Gastão Wagner de Souza,
demitiu nesta quinta-feira sete funcionários do
Ministério envolvidos em fraudes na compra de
hemoderivados.


Eles foram presos depois de terem sido
flagrados pela Operação Vampiro, da Polícia
Federal. A ação investigou e já prendeu, ao
todo, 14 pessoas envolvidas, sendo que 10 estão
na carceragem da Superintendência, em Brasília,
três em São Paulo e uma no Rio de
Janeiro.


Três outros envolvidos são empresários e estão
foragidos: Lourenço Romeu Peixoto, que é sócio
do Jornal de Brasília , e os lobistas Marcos
Jorge Chain e Jaisler Jabour de
Alvarenga.


Emtemporeal



PASSOU DO PONTO

Juiz suspende propaganda que ligava Serra a máfia dos vampiros


A coligação Compromisso com São Paulo (PSB/PMCB/PMN) foi condenada a suspender a propaganda eleitoral por 30 segundos para cada inserção em que vinculou a imagem do candidato a prefeito paulistano José Serra aos esquemas conhecidos como máfia dos vampiros e dos transplantes de órgãos. As inserções, veiculadas na TV, eram de 15 segundos.
A decisão é do juiz auxiliar da propaganda de São Paulo, Paulo Sérgio Galizia, que acolheu a representação da coligação Ética e Trabalho (PSDB/PPS/PFL) e de Serra. Cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral.
De acordo com o juiz, não há dúvida "que a propaganda, da forma em que foi veiculada, degrada a imagem do candidato”. Para Galizia, "as afirmações vão além da mera crítica política ou administrativa pois se referem diretamente à pessoa de José Serra".

Revista Consultor Jurídico, 21 de setembro de 2004, 22h26

ConJur - Juiz proíbe propaganda que liga Serra a máfia dos vampiros

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