sexta-feira, 31 de março de 2017

MÉDICO ACUSADO DE ERRO VAI A JUGAMENTO PELO CRM




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Jaqueline do Rocio Rissatto fez em 1999 uma cirurgia para retirada de um cisto de seu ovário. Houve complicações e 14 cirurgias depois ela perdeu uma costela, as paredes do abdome, ovário, intestino grosso e um metro de intestino delgado. Ela não pode trabalhar e passa dificuldades financeiras, chega a gastar R$ 1.200 por mês em remédios. O médico que fez a cirurgia, A.Z.*, foi a julgamento ontem pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná.
Somente neste ano, o CRM instaurou 42 processos e 20 profissionais foram considerados culpados. Ano passado, dois médicos perderam o registro profissional.
Drama
Em 1999 Jaqueline ficou sabendo que precisava tirar um cisto do ovário. Procurou o médico A.Z.*, que trabalha no Hospital e Maternidade de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Foi combinado que a cirurgia seria por vídeolaparoscopia, assim, a incisão na paciente seria menor. No entanto, Jaqueline afirma que o médico queria que ela comprasse alguns instrumentos cirúrgicos que seriam usados, no valor de R$ 900,00. Mas num segundo momento, ele teria dito que tinha emprestado de um colega o material.
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Durante a cirurgia ela teve o intestino perfurado e o médico passou para a cirurgia convencional. Jaqueline afirma que mesmo com a complicação, recebeu alta no outro dia. Em casa passou mal, conta que chegou a vomitar fezes. Depois disso, retornou ao hospital onde fez mais duas cirurgias. Após o último procedimento entrou em coma e foi encaminhada para o Hospital do Trabalhador em Curitiba. Ficou em coma por 17 dias e mais 34 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Neste período, foram 11 cirúrgicas e mais duas para enxertar a parede do abdome que foi completamente retirada, porque havia necrosado.
Hoje ela vive com um curativo cobrindo a barriga. “Não tenho proteção, a minha pele é como se fosse papel nesta região, qualquer queda ou batida pode perfurar um órgão ou provocar hemorragia”, fala. Segundo ela, com freqüência passa mal e precisa ser encaminhada até um médico. Para piorar o marido está desempregado. Por enquanto, Jaqueline vive da pensão do INSS e com ela sustenta dois filhos. “Eu tinha uma vida normal, trabalhava e agora estou assim”, comenta.
Jaqueline conta que foi em programas de televisão pedir ajuda que ganharam audiência mostrando o seu drama para todo o País. Prometeram ajudar mas até agora ela continua na mesma situação. Ela precisa fazer uma cirurgia plástica reparadora. Segunda ela, custa R$ 300 mil e o Sistema Único de Saúde não cobre. Ela espera o resultado do julgamento no CRM para entrar com uma ação na justiça. “Eu só quero a reparação do erro”, fala.
Jaqueline também quer processar o médico por danos morais. Em uma das consultas depois das cirurgias, ele prescreveu em uma receita a palavra “paciência”, que deveria ser tomada de hora em hora. O CRM, por questões de ética, não comenta os processo até que o caso seja julgado. O Estado procurou o médico A.Z.* em dois hospitais onde trabalha, mas não foi localizado. Ele também não respondeu à mensagem deixada gravada em seu celular.
* O nome foi retirado para proteger a identidade do médico.

Apesar de 300 denúncias, apenas dois médicos foram cassados pelo CRM

Apesar de 300 denúncias, apenas dois médicos foram cassados pelo CRM

Mesmo com várias apurações abertas pelo Conselho Regional de Medicina, poucos profissionais perdem o direito de exercer o ofício por falhas das mais diversas. A pediatra responsável pelo atendimento da menina morta na última quarta-feira está entre os investigados

 
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 postado em 26/01/2013 07:05
Daniel Ferreira/CB/D.A Press


Embora cerca de 330 sindicâncias estejam em tramitação no Conselho Regional de Medicina (CRM) e nove médicos respondam na Justiça por possíveis erros de conduta, apenas dois profissionais tiveram o registro cassado nos últimos dois anos. Entre as apurações instauradas recentemente, está a atuação da pediatra Fernanda Sousa Cardoso, suspeita de ter prescrito 3,5ml de adrenalina para tratar uma urticária em Rafaela Luiza Formiga de Morais. O correto, segundo especialistas, seria 0,3ml. A criança, de 1 ano e sete meses, morreu na última quarta-feira, provavelmente vítima de uma overdose do medicamento.

Além dos processos judiciais, outras 94 representações contra profissionais de saúde das redes pública e privada chegaram ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) no ano passado. O número é mais do que o dobro do registrado em 2011, quando 45 queixas foram contabilizadas pelo órgão. O caso da menina Rafaela é apurado pela Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida), do MPDFT, pelo CRM, pela 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) e pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren). 

Apesar de 300 denúncias, apenas dois médicos foram cassados pelo CRM - Cidades DF - Correio Braziliense

GUIA DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE - 2001

Livros do Cremesp


GUIA DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE - 2001

Ações na Justiça

Além da denúncia no Conselho Regional de Medicina, o paciente ou familiar insatisfeito com o atendimento, a atuação do médico ou com os resultados do tratamento, tem o direito de acionar o profissional na Justiça, nas esferas criminal e cível. Entre os principais motivos das ações estão o suposto erro médico, a violação do segredo profissional, a omissão de notificação de doença, falsidade de atestado médico, os problemas no relacionamento com colegas de profissão, aborto, publicidade inadequada e omissão de socorro.
Na ação penal contra o médico, movida pelo promotor público, deve ficar comprovado que houve, durante o exercício profissional da Medicina, um crime descrito no Código Penal Brasileiro, a exemplo de homicídio e lesões corporais. Nesse caso, as penas vão de prestação de serviços à comunidade até a perda da liberdade.
Já na ação civil, movida pelo advogado do denunciante, se comprovada a culpa do médico, poderá haver a necessidade de indenização conforme o Código Civil Brasileiro. A indenização deve ser fixada considerando o dano material (incapacidade temporária ou permanente) e o dano moral (dano estético e prejuízo de afirmação pessoal).
Também leva em conta a gravidade do caso e a situação financeira do acusado. Além de indenizações geralmente fixadas em salários mínimos, o médico pode ter que arcar com outras despesas do paciente ligadas à correção da lesão provocada. Ou ainda pagar pensão permanente ou por um período fixado.
Na Justiça, a tramitação de uma ação pode ser longa, por mais de cinco anos. Caso não seja procurada a assistência jurídica gratuita do Estado, o processo tem custos. Geralmente, os advogados costumam cobrar cerca de 20% do valor da ação. Quem perder, poderá arcar ainda com os honorários da outra parte e com os custos da perícia judicial.


E-mailFacebookTwitterWhatsAppImprimirMais... De 66 médicos cassados, só 9 deixaram de atuar

Cremesp na Mídia

De 66 médicos cassados, só 9 deixaram de atuar


Entre 2010 e 2013, 66 médicos tiveram o registro profissional cassado no Estado de São Paulo, segundo oConselho Regional de Medicina (Cremesp).

Desse total, porém, só 14 cassações foram confirmadas peloConselho Federal de Medicina (CFM), e apenas nove desses profissionais deixaram de trabalhar - cinco continuam em exercício graças a decisões judiciais.
Dos nove médicos que tiveram o registro efetivamente cassado entre 2010 e 2013 em São Paulo, dois perderam o registro por denúncias de abuso sexual. Um deles é Roger Abdelmassih.
Segundo João Ladislau Rosa, presidente do Cremesp, o conselho está atento ao tema. "Temos uma Câmara Técnica de Assédio para julgar denúncias relacionadas a abusos. Com a divulgação do tema na mídia, o número de denúncias do tipo vem crescendo." Não há, porém, levantamento de quantas queixas são ligadas a assédio sexual.
O conselho recebe anualmente 3.500 denúncias contra médicos que atuam no Estado. Segundo Rosa, do total, cerca de 800 dão origem a processos éticos, abertos quando investigações indicam que pode ter havido delito ético. Entre 300 e 400 médicos são considerados culpados e têm diferentes punições, de acordo com a gravidade do delito.
No caso de Abdelmassih, a cassação demorou 21 meses desde o início das investigações. Rosa afirma que a demora na conclusão dos processos está de acordo com prazos previstos em lei. "Temos cinco anos para o inquérito inicial e mais cinco anos após a abertura do processo ético. Mas, na prática, o processo todo leva menos tempo, de quatro a cinco anos."
O presidente do Cremesp explica ainda que a demora se deve ao gargalo no número de conselheiros - apenas 42 - para analisar as denúncias.

 




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Médicos viram alvo de processos de pacientes


23/08/2006

Médicos viram alvo de processos de pacientes

Do consultório para o banco dos réus: essa tem sido a trajetória de um número cada vez maior de profissionais de saúde no Estado do Rio. Segundo dados do Sindicato dos Médicos, o número de pacientes que resolvem ir à Justiça contra seus médicos não pára de crescer. No ano passado, a assessoria jurídica da entidade atendeu 180 associados que estavam sendo processados, na área cível ou criminal - um aumento de 63% em relação a 2004, quando 110 médicos pediram ajuda.

O advogado Lymark Kama-roff, especialista em responsabilidade civil médica, tem um prognóstico sombrio para a categoria. Ele estima que um em cada sete médicos é processado no Rio. Há dez anos, essa relação seria de um para 25:

- Antigamente, os médicos não eram questionados, as pessoas não duvidavam de diagnósticos. Agora, a confiança foi deixada de lado e a relação passou a ser de consumo. 
Do outro lado do front, a Associação das Vítimas, de Erros Médicos, que presta atendimento jurídico a quem caiu nas mãos de maus profissionais, diz que tem 1.200 processos em andamento e, devido à demanda, parou de aceitar novos casos.

- Parei em junho de aceitar mais vítimas porque não temos capacidade para atender a procura. Ajuizei 50 processos em 2005 e 35 até maio deste ano. A associação, infelizmente, não consegue dar conta - diz a presidente, Célia Destri.

No Conselho Regional de Medicina (Cremerj), a insatisfação dos pacientes também tem sido grande: a cada mês, são registradas cerca de 200 queixas. De janeiro a julho, 160 reclamações viraram sindicâncias, investigação que pode resultar em abertura de processo. Segundo o presidente da entidade, Paulo César Geraldes, há 892 processos e 1.251 sindicâncias em andamento. Para atender a demanda, o Cremerj tem realizado mutirões de julgamentos e ampliou de oito para 12 os casos analisados mensalmente. No ano passado, 93 médicos foram julgados. Quarenta e um foram absolvidos. Entre os 52 punidos, 24 sofreram advertência ou censura confidencial; 20, censura pública; três foram suspensos e cinco tiveram o registro profissional cassado. De janeiro a julho de 2006, 51 médicos foram absolvidos e 35 condenados.


Ginecologia é a especialidade com mais queixa

Cremerj culpa a falta de condições de trabalho da categoria 
Para o presidente do Sindicato dos Médicos, a explicação para o aumento de processos contra a categoria é simples. Enfrentando péssimas condições de trabalho na rede pública, ou cerceados pelos planos de saúde, que nem sempre autorizam as cirurgias necessárias a um paciente, os médicos estariam, segundo Darze, cometendo mesmo mais deslizes.

- A saúde pública caminha para o buraco, sem equipamentos e remédios. Os planos de saúde não autorizam todos os procedimentos pedidos pelos profissionais de saúde. Fica difícil para o médico, que precisa seguir um código de ética; trabalhar nessas situações, que não poderiam gerar outra coisa senão um péssimo resultado. Há vítimas dos dois lados: os pacientes e os médicos - avalia Darze.

Corregedor do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luís D'Ávila acredita que a deterioração da relação médico-paciente contribui para o aumento do número de queixas: 
- Já vi erros grosseiros que não foram denunciados porque os pacientes disseram que sempre tiveram a atenção do médico, e já vi condutas técnicas perfeitas que foram alvo de queixas porque o paciente dizia que o médico era inacessível, não atendia telefonemas.

O presidente do Cremerj, Paulo César Geraldes, endossa. 
- Muitos pacientes vêm para o Cremerj na tentativa de saber o que aconteceu. Muitas vezes, não confiam mais na palavra do médico - lamenta.

Paciente pagou para retirar ovário que continua no lugar 
Foram justamente as palavras - o que está em jogo na Justiça é se foram ditas ou não - que levaram a paciente Elice Espírito Santo a processar sua ginecologista.
Segundo ela, a médica afirmou que faria uma cirurgia para retirar um dos seus ovários. Oito meses depois da operação, Elice descobriu, ao fazer um exame de ultra-sonografia, que o órgão estava no lugar. A médica diz no processo que a paciente entendeu mal e que só pretendia tirar um pedacinho do ovário. Elice ganhou a ação em primeira instância, mas perdeu em segunda. Agora, o processo está no Supremo Tribunal Federal.

Segundo Célia Destri, da Associação de Vítimas de Erros Médicos, 40% dos casos atendidos pela entidade referem-se à especialidade ginecologia/obstetrícia. Uma estatística que mudou a vida de Silvânia de Assis em outubro de 2004, quando ela deu à luz em uma maternidade conveniada do SUS. 
- Fiquei em trabalho de parto a noite toda e a médica só apareceu de manhã. Quando o bebê nasceu, estava roxo.
Passou da hora e ficou sem oxigênio. Ele foi se apagando e morreu três dias depois. Estava tudo certo nos exames do pré-natal. Foi erro - diz Silvânia, que agora tem medo de engravidar. - Fiquei traumatizada.


Médicos viram alvo de processos de pacientes

Do consultório para o banco dos réus: essa tem sido a trajetória de um número cada vez maior de profissionais de saúde no Estado do Rio. Segundo dados do Sindicato dos Médicos, o número de pacientes que resolvem ir à Justiça contra seus médicos não pára de crescer. No ano passado, a assessoria jurídica da entidade atendeu 180 associados que estavam sendo processados, na área cível ou criminal - um aumento de 63% em relação a 2004, quando 110 médicos pediram ajuda.

O advogado Lymark Kama-roff, especialista em responsabilidade civil médica, tem um prognóstico sombrio para a categoria. Ele estima que um em cada sete médicos é processado no Rio. Há dez anos, essa relação seria de um para 25:

- Antigamente, os médicos não eram questionados, as pessoas não duvidavam de diagnósticos. Agora, a confiança foi deixada de lado e a relação passou a ser de consumo.

Do outro lado do front, a Associação das Vítimas, de Erros Médicos, que presta atendimento jurídico a quem caiu nas mãos de maus profissionais, diz que tem 1.200 processos em andamento e, devido à demanda, parou de aceitar novos casos.

- Parei em junho de aceitar mais vítimas porque não temos capacidade para atender a procura. Ajuizei 50 processos em 2005 e 35 até maio deste ano. A associação, infelizmente, não consegue dar conta - diz a presidente, Célia Destri.

No Conselho Regional de Medicina (Cremerj), a insatisfação dos pacientes também tem sido grande: a cada mês, são registradas cerca de 200 queixas. De janeiro a julho, 160 reclamações viraram sindicâncias, investigação que pode resultar em abertura de processo. Segundo o presidente da entidade, Paulo César Geraldes, há 892 processos e 1.251 sindicâncias em andamento. Para atender a demanda, o Cremerj tem realizado mutirões de julgamentos e ampliou de oito para 12 os casos analisados mensalmente. No ano passado, 93 médicos foram julgados. Quarenta e um foram absolvidos. Entre os 52 punidos, 24 sofreram advertência ou censura confidencial; 20, censura pública; três foram suspensos e cinco tiveram o registro profissional cassado. De janeiro a julho de 2006, 51 médicos foram absolvidos e 35 condenados.


Ginecologia é a especialidade com mais queixa 

Cremerj culpa a falta de condições de trabalho da categoria 
Para o presidente do Sindicato dos Médicos, a explicação para o aumento de processos contra a categoria é simples. Enfrentando péssimas condições de trabalho na rede pública, ou cerceados pelos planos de saúde, que nem sempre autorizam as cirurgias necessárias a um paciente, os médicos estariam, segundo Darze, cometendo mesmo mais deslizes.

- A saúde pública caminha para o buraco, sem equipamentos e remédios. Os planos de saúde não autorizam todos os procedimentos pedidos pelos profissionais de saúde. Fica difícil para o médico, que precisa seguir um código de ética; trabalhar nessas situações, que não poderiam gerar outra coisa senão um péssimo resultado. Há vítimas dos dois lados: os pacientes e os médicos - avalia Darze.

Corregedor do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luís D'Ávila acredita que a deterioração da relação médico-paciente contribui para o aumento do número de queixas: 
- Já vi erros grosseiros que não foram denunciados porque os pacientes disseram que sempre tiveram a atenção do médico, e já vi condutas técnicas perfeitas que foram alvo de queixas porque o paciente dizia que o médico era inacessível, não atendia telefonemas.

O presidente do Cremerj, Paulo César Geraldes, endossa. 
- Muitos pacientes vêm para o Cremerj na tentativa de saber o que aconteceu. Muitas vezes, não confiam mais na palavra do médico - lamenta.

Paciente pagou para retirar ovário que continua no lugar 
Foram justamente as palavras - o que está em jogo na Justiça é se foram ditas ou não - que levaram a paciente Elice Espírito Santo a processar sua ginecologista.
Segundo ela, a médica afirmou que faria uma cirurgia para retirar um dos seus ovários. Oito meses depois da operação, Elice descobriu, ao fazer um exame de ultra-sonografia, que o órgão estava no lugar. A médica diz no processo que a paciente entendeu mal e que só pretendia tirar um pedacinho do ovário. Elice ganhou a ação em primeira instância, mas perdeu em segunda. Agora, o processo está no Supremo Tribunal Federal.

Segundo Célia Destri, da Associação de Vítimas de Erros Médicos, 40% dos casos atendidos pela entidade referem-se à especialidade ginecologia/obstetrícia. Uma estatística que mudou a vida de Silvânia de Assis em outubro de 2004, quando ela deu à luz em uma maternidade conveniada do SUS.

- Fiquei em trabalho de parto a noite toda e a médica só apareceu de manhã. Quando o bebê nasceu, estava roxo. Passou da hora e ficou sem oxigênio. Ele foi se apagando e morreu três dias depois. Estava tudo certo nos exames do pré-natal. Foi erro - diz Silvânia, que agora tem medo de engravidar. - Fiquei traumatizada. 


Fonte: O Globo / RJ - dia 20/08/06)
Médicos viram alvo de processos de pacientes - Últimas Notícias - Portal CRM-PR

Polêmica cirurgia de Romário rende processos a médico, mas não é ilegal... - Veja mais em https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2017/01/28/polemica-cirurgia-de-romario-rende-processos-a-medico-mas-nao-e-ilegal.htm?cmpid=copiaecola

Aiuri Rebello e Thamires Andrade
Do UOL
  • Reprodução/Instagram
    Foto de Romário gerou especulação sobre seu estado de saúde
    Foto de Romário gerou especulação sobre seu estado de saúde
A cirurgia para controle de diabetes, pela qual passou o senador Romário (PSB-RJ), gerou muito debate depois que o ex-atacante postou uma foto na praia, visivelmente mais magro e abatido, no início de ano. Além de gerar polêmica entre os especialistas, interposição ileal é alvo de processos na Justiça e questionamento de órgãos representativos.

O responsável pelo procedimento é o médico Áureo Ludovico de Paula. Familiares de sete pacientes de Ludovico alegam que os parentes morreram em decorrência de complicações da cirurgia, e outras sete declaram ter ficado com sequelas graves. O MPF (Ministério Público Federal) e o CFM (Conselho Federal de Medicina) receberam as reclamações e pedem que a técnica seja proibida até que estudos científicos comprovem a eficácia e segurança do procedimento.

Apesar desses questionamentos, o médico pode realizar normalmente o procedimento, pois tem amparo judicial para isso. Em sua defesa, Áureo Ludovico de Paula afirma que "centenas e centenas de pessoas foram beneficiadas pelo procedimento", sem citar um número preciso. Entenda a polêmica:

Repercussão começou com cirurgia em Faustão

Áureo ficou nacionalmente famoso depois que a revista Veja publicou uma reportagem de capa com o médico, em 2007, em que afirmava que uma cirurgia experimental desenvolvida por ele poderia ser uma revolução no tratamento do diabetes tipo 2. Em 2009, ele ganhou novamente visibilidade depois de realizar uma outra cirurgia: a de redução de estômago no apresentador Fausto Silva, da Rede Globo. No caso do apresentador, o objetivo da operação era a perda de peso.
Em 2010, MPF e CFM entraram com uma Ação Civil Pública na Justiça Federal em Goiás (o médico atua em Goiânia) para proibir de Paula de fazer a interposição ileal. O procedimento assemelha-se a uma cirurgia bariátrica convencional. A diferença da técnica está na recolocação do íleo (fim do intestino delgado) entre o duodeno e o jejuno, o que aumentaria a produção de hormônios da saciedade e melhoraria o diabetes.
Para o médico, o motivo da técnica ser tão procurada é sua taxa de sucesso. "Existe um problema: diabetes. Você pode ir no melhor clínico do mundo. Ele vai dar remédios para controle, mas você terá zero por cento de cura. Aí você vai ao meu consultório e a cirurgia que eu faço dá de 85% a 90% de cura. É claro que o paciente vai tender para cá. Claro que o risco com a cirurgia é maior do que com o remédio. Afinal, não tem procedimento cirúrgico sem risco algum. Mas a pessoa que sofre da doença consegue balancear os prós e contras e acaba optando pela cirurgia, pois a chance de se curar e resolver o problema é maior", explica.

Por que MPF e CFM querem barrar a cirurgia?

De acordo com a ação movida pelo MPF, o procedimento nunca passou pelos protocolos de aprovação necessários no país, não é reconhecido pelo CFM e pelo CNS (Conselho Nacional de Saúde) e deveria ser classificado e feito de forma experimental --o que submeteria o trabalho a uma série de regras de controle e análise de resultados antes de ser aprovado e oferecido sem controvérsias. Mais do que isso, considerada experimental, a cirurgia deveria ser oferecida gratuitamente (com o paciente também sem receber nada). Ainda em 2010, a Justiça concedeu uma liminar proibindo Áureo de realizar o procedimento, sob pena de multa de R$ 1 milhão por cada operação ilegal.
Em entrevista ao UOL, de Paula afirma que a cirurgia sempre foi legal e nunca experimental. "Até porque a cirurgia de interposição ileal foi descrita e publicada na revista "Annals of Surgery", em 1928. A interposição ileal, como tratamento para obesidade, foi realizada inicialmente em 1985. Então esse termo experimental sofreu um alargamento impreciso, talvez tenha sido utilizado para chocar: 'Fulano fez algo experimental em pleno século 21", diz.
O CFM explicou, em nota à reportagem, como configura como experimental a cirurgia. "Essa técnica, que pode ser empregada no tratamento de casos de obesidade mórbida, no entanto, não é reconhecida pelo CFM para tratamento de doenças metabólicas. Com essa finalidade, ela pode ser realizada apenas em caráter experimental", afirma a posição do conselho. 
No entanto, o médico não vê a atitude do CFM como algo negativo. "Prefiro acreditar que foi uma avaliação conservadora do assunto, não quero ficar vendo coisas ocultas negativas. Já o MPF comprou essa ideia do experimental que veio do conselho, por isso, entraram com essa ação contra. Os médicos da câmara técnica do CFM viraram peritos judiciais e embasaram a decisão dos juízes federais dizendo que não era experimental", explica.

Proibição foi suspensa e o médico voltou a fazê-la em 2014

Em 2014, no julgamento do mérito da questão, o juiz substituto da 8ª Vara Federal, Felipe Andrade Gouvêa, suspendeu a proibição e deu ganho de causa ao médico e ao CRM-GO (Conselho Regional de Medicina de Goiás), que também era alvo da ação por permitir o trabalho experimental do cirurgião sem restrições. Em sua sentença, o juiz alega que um comitê de especialistas chegou à conclusão que a cirurgia não é experimental, pois combina várias técnicas já aprovadas, e que Áureo é reconhecido com citações em mais de 400 publicações científicas internacionais. O MPF e CFM recorreram, pois o procedimento não passou pelo protocolo de aprovação, e ainda não há nova sentença. O conselho federal segue recusando-se a reconhecer a cirurgia.
"A Câmara Técnica de Cirurgia Bariátrica, criada pelo CFM especialmente para analisar os trabalhos desenvolvidos na área, continuará ativa", diz nota divulgada pela entidade na época. "O grupo avaliará estudos e pesquisas, sendo que se os resultados indicarem eficácia e segurança de técnicas analisadas, o debate poderá ser reaberto de forma a oferecer ao brasileiro novas opções terapêuticas."
Após a repercussão da cirurgia feita por Áureo no senador Romário, a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) divulgou nota endossando a posição do CFM: "É importante deixar claro à população que o procedimento pelo qual Romário passou, que foi a cirurgia de interposição ileal, ainda está em fase experimental no Brasil e não deve ser indicada fora de um protocolo de estudo aprovado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP)."

Processos contra o médico

De acordo com o advogado Marcelo de Resende, o doutor Áureo não explica aos pacientes que sua técnica cirúrgica é experimental e, portanto, dos riscos adicionais envolvidos no procedimento. "Ele realiza essas cirurgias sem nunca ter submetido o procedimento aos órgãos de regulamentação e o pior, sem explicar isso para os pacientes", diz o advogado. "São dezenas de vidas destruídas. Tem muito mais vítimas que estas do processo do MPF e do CFM. Semana passada mesmo eu fiquei sabendo que morreu mais um", afirma Resende.
Em um dos casos denunciados pelo advogado e familiares ao CRM-GO e ao MPF, uma paciente de 54 anos que sofria de diabetes viu uma entrevista do médico na TV e resolveu tentar. Ela teve uma perfuração de divertículo, passou por outras três cirurgias, mas morreu em 2006. Em outro caso, um paciente fez o procedimento com o médico em 2009. Após complicações na operação, ficou em estado vegetativo até o ano passado, quando morreu.
Segundo o advogado, quando a Justiça liberou o procedimento em 2014, o CRM-GO encerrou todas as investigações que estavam em curso no órgão depois de denúncias de supostas vítimas ou familiares. "Hoje, defendo dois clientes na Justiça Civil de Goiás. Em um processo, onde o operado ficou inválido, ganhamos uma indenização de R$ 50 mil e estamos recorrendo. No outro não há sentença até hoje."
A reportagem do UOL não conseguiu contato com a assessoria de imprensa do CRM-GO para comentar a polêmica e explicar os procedimentos a respeito do doutor Áureo.
Em sua defesa, de Paula destaca que foi absolvido de todos os processos relacionados à técnica. "Eles já foram julgados e fui absolvido por unanimidade. Os riscos são inerentes ao procedimento. Não há nenhuma chance de um procedimento médico ser sem risco algum. E os pacientes diabéticos, por si só, já são pacientes de risco. Os problemas com as operações foram expostos, julgados e absolvidos. O procedimento é eficaz, mas tem um risco a ser considerado", explica.

Romário está bem? O que ele diz?

O ex-jogador não se pronunciou publicamente até agora sobre a repercussão. Chegou a colocar algumas fotos mais magro em seu Instagram, mas depois as retirou. De acordo com sua assessoria de imprensa, o senador Romário "está ótimo" depois de passar pelo procedimento cirúrgico e se sente muito bem.
De Paula afirma que segue acompanhando o senador rotineiramente e que ele encontra-se bem, "curado ou em remissão do diabetes, colesterol elevado e outros problemas". Segundo o médico, o ex-jogador está com peso ideal para sua altura e tem jogado futebol desde o 12º dia após a cirurgia por via laparoscópica.
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  1. Avatar de nbonaparte1901

    nbonaparte1901

    3 meses atrás
    Uma coisa é o médico ser processado por fazer um procedimento que não é reconhecido pela ciência (não parece ser esse o caso), outra coisa é o médico ser processado porque pacientes tiveram complicações decorrentes do procedimento. A REPORTAGEM MISTURA AS DUAS COISAS. Uma pessoa entrar em coma e ficar em estado vegetativo pode acontecer em uma cesariana ou até na extração de um dente, não tem nada a ver com a legalidade ou eficácia do procedimento. Além do mais, todos sabemos que qualquer procedimento, técnica ou tratamento que tenha por resultado a diminuição ou eliminação do uso de medicamentos será severamente combatido pela indústria farmacêutica (segunda maior indústria do mundo - só perde para a de armas). Laboratórios farmacêuticos e médicos vivem em uma relação espúria, imoral e promíscua, onde eles intoxicam os pacientes com remédios ineficazes e desnecessários em troca de prêmios em dinheiro, viagens, custeio de cursos, etc.
  2. Avatar de angeldaluz

    angeldaluz

    3 meses atrás
    No Brasil é assim o médico pode continuar matando pessoa deixando outras com sequelas que não da em nada, até quando isso.
  3. Avatar de zuzuco

    zuzuco

    3 meses atrás
    O peixe virou um caco,uma verdadeira bagaça
  4. Avatar de Visitante

    Visitante

    3 meses atrás
    O Rio tá arrumado, olha só quem elegeram pra Senador!