quarta-feira, 15 de março de 2017

Jovem morre após cirurgia bariátrica; família alega negligência médica

01/02/2017 17h59 - Atualizado em 01/02/2017 20h38

Jovem morre após cirurgia bariátrica; família alega negligência médica

Amanda Rodrigues morreu 11 dias após a cirurgia em Campos, no RJ.
Família afirma que vai registrar caso na delegacia nesta quarta-feira (1°).

Dulcides Netto e Juan AndradeDo G1 Norte Fluminense

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Amanda Rodrigues morreu após sentir fortes dores na barriga, onze dias após cirurgia (Foto: Reprodução/Facebook)Amanda Rodrigues morreu após sentir fortes dores na barriga, 11 dias depois de cirurgia (Foto: Reprodução/Facebook)
A família de Amanda Rodrigues, de 19 anos, quer saber o que causou a morte da jovem após ter sido submetida a uma cirurgia bariátrica em um hospital particular de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Amanda morreu na madrugada de sábado (28), 11 dias depois da operação. O pai dela, Marlon Rosa, afirmou que vai registrar ocorrência na delegacia ainda nesta quarta-feira (1°) para ter acesso a laudos e exames.
Segundo a família, desde que Amanda foi para o quarto depois da cirurgia, realizada em 17 de janeiro, ela reclamava de dores nas pernas. Os parentes dizem que alertaram os médicos, enfermeiros e o médico responsável pela operação sobre a necessidade da aplicação de uma dose do anticoagulante – usado para prevenir a formação de trombos sanguíneos.
Ainda segundo os familiares, a mãe de Amanda disse ao médico que sofria com trombose e que a doença poderia ser hereditária. Por isso, segundo ela, poderiam ser necessárias outras doses do anticoagulante na jovem. O pedido, segundo a família, foi descartado pelo médico. A trombose é caracterizada pela formação de um coágulo sanguíneo em uma veia, geralmente das pernas.
Irmã postou um relato emocionante sobre a história de Amanda (Foto: Reprodução/ Facebook)Irmã postou um relato emocionante sobre a história de Amanda (Foto: Reprodução/ Facebook)













No dia 19 de janeiro, Amanda teve alta médica e foi para casa, no Parque Novo Mundo, em Guarus. A partir daí, ela reclamou de dores até que, nove dias depois, em 27 de janeiro, acordou toda a família sentindo fortes dores no pulmão e na barriga.
Amanda foi socorrida às pressas e levada para o mesmo hospital onde havia feito a cirurgia. Segundo os parentes, naquela madrugada, o médico responsável pela operação foi avisado e chegou rápido à unidade
"No momento, o médico internou Amanda e pediu para que fosse aplicado um remédio para dor e falou que, se a dor persistisse, ele iria fazer uma outra cirurgia. Mas se a dor passasse, ela iria ter alta. No dia, ele ia fazer exames na Amanda para saber o que estava acontecendo. Ela ficou internada no corredor por falta de leito na unidade de saúde. O médico chegou a dizer que a dor da minha filha era psicológica, o que foi desmentido por ela. Minutos depois, o estado de saúde da minha filha se agravou. Ela ficou com falta de ar e a dor aumentou ainda mais", disse o pai de Amanda, Marlon Rosa Machado, de 46 anos.
Em seguida, a paciente foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, onde morreu menos de uma hora depois. Marlon Rosa conta que a filha fez a cirurgia e, em onze dias, não perdeu nenhum quilo. Segundo o pai, no atestado de óbito de Amanda consta que a causa da morte foi embolia pulmonar.
"Nós estamos revoltados, a família toda. Temos certeza de que o médico foi um monstro e matou a nossa filha. A gente não quer nada, não quer dinheiro, nada. Só queremos que não aconteça mais isso com nenhuma família", afirmou Marlon, dizendo ainda que fará registro de ocorrência na polícia.
"Estou em contato com meu advogado e ele está me orientando em fazer um registro de ocorrência na delegacia para ter acesso a todos os exames e laudos feitos na minha filha. Eu quero justiça. Sei que não vou ter mais a minha filha de volta. Mas isso pode ajudar outras pessoas e fazer com que vidas não sejam perdidas", declarou o pai de Amanda.

Hospital
Em nota, o hospital disse que não foi feita nenhuma reclamação formal da família sobre o caso na unidade e que, por sigilo médico, não será divulgada nenhuma informação sobre o episódio. O hospital afirmou ainda que não houve qualquer falha no tratamento de Amanda Rodrigues.
A reportagem do G1 fez contato com o médico responsável pela cirurgia, mas ele preferiu não se pronunciar sobre o caso.
Segundo a família, Amanda sofria com bulliyng desde os sete anos de idade por causa do peso. "Por diversas vezes, Amanda chegou em casa machucada, espancada, com as pernas roxas. Em uma das vezes em que ela nos contou de mais um dia terrível de aula, nos disse que desceu para o lanche e, quando subiu, suas coisas estavam rasgadas no chão da sala. Rasgaram tudo, seu caderno, seu estojo, sua mochilinha. Estava tudo rasgado no chão", relatou a irmã da Amanda, Mayara Rodrigues, de 16 anos.
"Minha irmã frequentava palestras e reuniões em uma clínica localizada na Avenida 28 de março. Em uma das reuniões, ela conheceu o médico que fez a cirurgia nela. Ela ficou entusiasmada com o profissional. Dizia que ele era muito bom, educado e que faria a cirurgia dela com eficaz", disse Mayara Rodrigues.
Segundo a irmã da Amanda, ela realizou todos os exames necessários e estava autorizada e pronta para fazer a cirurgia. De acordo com ela, nada impedia que a cirurgia fosse realizada. O G1tentou contato com a clínica onde Amanda frequentava as reuniões, mas não teve retorno até a última atualização da reportagem. 
Repercussão
Nesta terça-feira (31), Mayara Rodrigues fez um desabafo em uma rede social sobre o que havia acontecido com a irmã. A postagem teve mais de 141 mil reações e mais de 40 mil compartilhamentos de pessoas que prestaram solidariedada à Amanda.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) afirmou que ainda não foi notificado sobre o caso. Segundo a assessoria do órgão, para que isso ocorra, é necessário que os familiares da vítima informem a ocorrência de uma possível negligência médica na morte de Amanda.

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