sábado, 26 de agosto de 2017

Ações por supostos erros médicos triplicam em Minas

Helida busca laudo para provar que foi vítima de falha de um médico
Tatiana Lagôa
26/08/2017 - 07h45 - Atualizado 08h5
Denúncias de erro médico têm sido cada vez mais frequentes nos tribunais de Minas. Em 2016, por dia, uma média de dez pacientes entr[/TEXTO]aram com processos relatando supostas falhas dos profissionais da saúde. Ao todo, as ações triplicaram: foram 3.811 casos no ano passado contra 1.232 em 2015, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O aumento, porém, não acompanha o número de cassação dos registros pelas entidades de classe.
No Estado, de 2012 a 2016, seis médicos foram proibidos de exercerem a profissão, conforme o Conselho Regional de Medicina (CRMMG). Em todo o país, no mesmo período, foram 23. 
Ainda em Minas, o CRMNG julgou 761 profissionais nesses cinco anos. Mais da metade (411) foi absolvida pelos conselheiros. A outra parte recebeu punições mais leves, como advertências.
 
Possibilidades
Pacientes insatisfeitos com os procedimentos podem denunciar os profissionais tanto à Justiça, onde são julgadas as possíveis responsabilidade civis ou criminais, quanto nos conselhos de medicina, que abrem processos ético-profissionais.
Presidente do CRMMG, Fábio Augusto de Castro Guerra diz que o elevado número de queixas registradas não é fruto do aumento de erros. “Em questões biológicas, nem sempre o melhor cuidado traz o melhor resultado. Temos recebido várias demandas no conselho que, apesar da insatisfação do paciente, não se configuram como um erro efetivo do profissional”, pondera.
Segundo Guerra, toda denúncia que chega ao conselho é apurada com rigor. “A cassação é mais rara porque realmente fica restrita a procedimentos muito graves e, felizmente, não é a realidade que vivenciamos”, afirma.
Dificuldade
Os números, no entanto, desagradam quem se considera alvo de um erro médico. “Sequer consigo profissionais que me deem um laudo mostrando que fui vítima. É difícil um médico acusar outro”, desabafa a administradora Helida Ferreira Duarte, de 42 anos.
Na Justiça, a mulher tenta provar que foi alvo de falha profissional. Em 2007, ela conta ter chegado a um hospital se queixando de fortes dores abdominais e, apesar de um dos médicos afirmar que estava com apendicite, foi liberada pelo plantonista, que deu o diagnóstico formal de intoxicação alimentar. 
Dias depois, em outro hospital, Helida foi operada às pressas. A demora para fazer o tratamento adequado afetou vários órgãos. O intestino foi reconstituído e o ovário e o útero, lesionados. Passou por quatro cirurgias. “Foi muito constrangimento e sofrimento sem tamanho. Tive minha vida e rotina alteradas. Quero justiça”, desabafa. 
Informação
Maior acesso à informação, falta de estrutura da saúde pública e má formação dos profissionais. As explicações para o aumento das ações judiciais por supostos erros médicos são muitas. Porém, o advogado Mário de Souza Aguirre, especialista na área, diz ser preciso analisar cada caso.

“Hoje em dia tem uma gama de informações na internet que as pessoas se julgam mais capazes de avaliar o que é erro. Elas comparam com casos similares e chegam à conclusão que precisam buscar os direitos, e nem sempre estão certas”, afirma. 
Também atuante no direito médico, a advogada Regina Ribeiro frisa que também pesa no processo a forma como os profissionais da saúde são vistos pelo paciente. “O médico perdeu a imagem de santo e a relação ficou mais consumerista do que pessoal. Eles passam a ser vistos como prestadores de serviços”, afirma.

Lei
O gerente do Procon da Assembleia Legislativa, Gilberto Dias de Souza, lembra que a relação médico-paciente também é regida pelo Código de Defesa do Consumidor.
O artigo 14 da lei trata sobre a responsabilidade dos prestadores de serviços, o que pode ser usado nessas relações, incluindo os hospitais. “O hospital responde pelo dano independentemente da culpa. Já no caso do médico, é preciso uma análise e a comprovação do erro”, afirma.

Condições
Por sua vez, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG), Fábio Augusto de Castro Guerra, afirma que a falta de estrutura tem dificultado a atuação da categoria. “Existe a tendência de julgar os profissionais pelos erros, mas sabemos o quanto as condições de trabalho dos médicos estão difíceis. Faltam insumos e equipamentos básicos”.

Além disso, ele aponta para o problema da má formação de alguns profissionais. “A abertura exagerada de escola nos preocupa. O resultado pode ser a entrada de profissionais mal preparados. Essa é uma luta antiga nossa, inclusive”, afirma. 
Mobem
Fundador do Movimento Basta com Erros Médicos (Mobem), Sandro Machado acredita que o baixo número de médicos cassados é fruto de corporativismo. “A grande quantidade de pessoas que entram com processo judicial após se sentirem lesadas depois de procedimentos médicos mostra que o problema existe. Mas, quando vamos ver a quantidade de profissionais penalizados pelos conselhos, que são entidades responsáveis pelo acompanhamento da profissão, percebemos uma espécie de proteção da categoria”, afirma.

O movimento foi criado em 2010, logo após a morte do pai de Sandro supostamente por engano da médica que o assistia e da equipe do hospital onde ele estava internado. Um processo segue na Justiça do Rio de Janeiro sem solução até hoje. Agora, o Basta com Erros Médicos dá apoio jurídico gratuito para pessoas que passam por situação semelhante em todo país.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) rebate. “Desconhecemos ainda outras profissões que punem tanto quanto à medicina. O Conselho Federal pune em média, por ano, cerca de 300 profissionais”. A instituição explica que são considerados erros médicos os danos provocados pela ação ou inação do profissional. Eles acontecem, na maior parte das vezes, por causa de imprudência, imperícia e negligência.

“Explicamos ainda que a medicina presume um compromisso de meios, e não de fins, não podendo ser garantidos resultados. Por isso deve ser separada do resultado adverso quando o médico empregou todos os recursos disponíveis sem obter o sucesso pretendido ou, ainda, diferenciá-lo do acidente imprevisível”, afirma o CFM.

Três médicos envolvidos na 'Máfia dos Órgãos' são presos em Poços de Caldas


A maior parte das ilegalidades investigadas ocorreram na Santa Casa, de Poços Caldas
Danilo Emerich - Hoje em Dia

23/03/2015 - 19h29 - Atualizado 05h12
Três médicos envolvidos no caso conhecido como “Máfia dos Órgãos” foram presos nesta segunda-feira (23), em Poços de Caldas, na região Sul de Minas Gerais. Eles são acusados de retirar e comercializar ilegalmente órgãos de um homem de 41 anos, que faleceu em 2001.

Segundo a Polícia Civil, os mandados de prisão contra João Alberto Góes Brandão, Cláudio Rogério Carneiro Fernandes e Jeferson André Saheki Skulski foram expedidos pela Justiça e cumpridos pela Polícia Militar. O trio foi levado para a Delegacia de Polícia Civil de Poços de Caldas e encaminhado ao presídio da cidade. O delegado responsável pela prisão não quis falar sobre o caso.

A acusação é que que eles teriam retirado as córneas e os rins de Paulo Lourenço Alves, de 41 anos, no Hospital Santa Casa de Poços de Caldas. O julgamento do caso foi realizado em julho de 2014, na mesma cidade.

Os médicos João Alberto Góes Brandão e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes já foram condenados em outros casos semelhantes, como o da morte e retirada de órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, também em 2001.

Máfia de Órgãos

Quatro médicos já foram condenados, em fevereiro de 2013, por envolvimento em um esquema de tráfico de órgãos em Poços de Caldas. Alexandre Crispino Zincone, de 48 anos, foi condenado a 11 anos e seis meses de prisão; João Alberto Goés Brandão, de 44, Celso Roberto Frasson Scafi, de 50, e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes, de 53, foram condenados a oito anos cada.

Além deles, foram denunciados ainda Félix Herman Gamarra Alcantara, de 71 anos, e Gérsio Zincone, de 77. Entretanto, os dois não chegaram a ser julgados porque o crime prescreveu. Os seis médicos foram acusados pelo Ministério Público por transplante irregular e remoção de órgãos de um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) - José Domingos de Carvalho, em 2001.

Com as condenações, um inquérito sobre a morte de Carlos Henrique Marcondes, o “Carlão”, que era administrador do Hospital Santa Casa até 2002 foi reaberto. Ele foi encontrado morto dentro do carro com um tiro na boca e, na época, os peritos teriam dito que ele foi vítima de suicídio. 

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Médicos condenados por retirada ilegal de órgãos são soltos em MG

Profissionais serão monitorados com tornozeleiras eletrônicas em Poços. 
Após 102 dias presos, eles vão aguardar habeas corpus em liberdade


Do G1 Sul de Minas

tópicos:
Os três médicos acusados por retirada e transplante ilegal de órgãos foram soltos na noite desta sexta-feira (3) e agora aguardam o julgamento do habeas corpus em liberdade. Os profissionais Jefferson Skulski, João Alberto Góes Brandão e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes foram transferidos de Três Corações (MG) para Poços de Caldas (MG), onde participaram de uma pequena audiência no Fórum, com o juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro.
Durante a audiência, os médicos foram informados das medidas cautelares que devem ser respeitadas durante o período em que aguardam julgamento. Eles estão proibidos de se ausentar de Poços de Caldas por mais de três dias, devem ficar presos em domicílio e estão obrigados a comparecer ao fórum mensalmente. Além disso, os três médicos serão monitorados eletronicamente com tornozeleiras. A decisão do juiz, porém, não implica no trabalho dos profissionais como médicos.
Os médicos ficaram presos há 102 dias. Segundo Fábio Camargo, advogado de um dos médicos, eles ficaram dois meses em Poços de Caldas (MG) e em seguida foram transferidos para Três Corações (MG).
Os três profissionais foram condenados em primeira instância no chamado “Caso 5”, pela morte de Paulo Lourenço Alves, que de acordo com a Justiça, ainda estaria vivo no momento de retirada de rins e córneas. O caso aconteceu em 2001 em Poços de Caldas (MG).
De acordo com a sentença, o urologia Cláudio Rogério Carneiro Fernandes foi condenado a 17 anos de prisão, o radiologista Jefferson Skulski pegou uma pena de 18 anos e o nefrologias João Alberto Góes Brandão foi condenado a 19 anos.
Médicos João Alberto Brandão, Cláudio Rogério e Jeferson Skulski foram detidos em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)Médicos João Alberto Brandão, Cláudio Rogério e Jeferson Skulski foram detidos em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)
Outros três médicos foram julgados neste processo. Paulo César Pereira Negrão foi condenado a 16 anos de prisão, mas cumpre pena em liberdade. O juiz responsável pelo caso, Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, concluiu que a participação dele foi insuficiente para a prisão. Entretanto, eles receberam medidas cautelares.
O médico e ex-secretário de Saúde, José Júlio Balducci, foi absolvido e a oftalmologista Alessandra Queiroz Araújo não foi presa porque o juiz entendeu que a pena era pequena e foi prescrita. Os advogados dos médicos informaram que ainda não há novidades no caso em relação ao habeas corpus.
Dois dos médicos acusados por este crime – João Alberto Góes Brandão e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes  - já foram condenados em outros casos da chamada ‘Máfia dos Órgãos’. Este último chegou a ficar preso por 30 dias pela condenação de 17 anos, por envolvimento no caso do menino Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, em 2001. O caso ficou conhecido como 'Caso Pavesi' e foi o que deu início às investigações a outros oito casos referentes ao tráfico de órgãos na cidade.
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Médicos foram ouvidos no 3º dia das audiências de instrução e julgamento em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)Caso foi julgado em julho de 2014 em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)
Entenda o caso
O caso denominado como ‘Caso 5’  aconteceu há 15 anos e vitimou Paulo Lourenço Alves, na época com 41 anos. Segundo o processo, a vítima morreu em 15 de janeiro de 2011 no Hospital da Santa Casa. Após a morte encefálica,  as córneas teriam sido retiradas e enviadas para Varginha (MG) e os rins, embora retirados, não foram transplantados.
De acordo com a denúncia,  no prontuário da vítima não consta o laudo do exame que comprovaria a morte cerebral do paciente, que teria sido doador cadáver. Não foram encontrados também registros médicos relatando as condições clínicas do paciente e nem foi possível confirmar se as córneas foram encaminhadas para Varginha.
Para a promotoria, o paciente que teve os órgãos retirados em 2001 ainda estava vivo antes da cirurgia e os seis médicos que participaram do procedimento foram denunciados pela falha no diagnóstico de morte encefálica e remoção ilegal de órgãos.
Para o Ministério Público, há a denúncia de que o paciente havia ingerido bebida alcoólica no dia anterior à internação. Dessa forma, nenhum procedimento a fim de diagnosticar a morte encefálica deveria ter sido realizado, já que o álcool funciona como depressor do Sistema Nervoso Central (SNC). Por isso, os médicos são acusados de ter condutas que teriam como finalidade a morte da vítima para a captação dos órgãos.
Denúncias do Ministério Público referentes aos médicos
O nefrologista e intensivista João Alberto Góes Brandão é apontado como o participante de todas as fases da captação, o que é expressamente proibido pela Lei de Transplantes. Segundo o Ministério Público, ele teria assistido ao paciente, mas não teria executado os procedimentos necessários para salvar a vida do mesmo e teria feito o exame para diagnosticar a morte encefálica de forma fraudulenta.
O denunciado também procedeu a notificação ao MG Sul Transplantes - entidade considera clandestina - e também avisou a família sobre a morte cerebral do paciente, obtendo autorização para a doação. Já o urologista e cirurgião Cláudio Rogério Carneiro Fernandes atuou diretamente na extração dos rins do doador.
Ainda na denúncia da promotoria, o gastroenterologista Paulo César Negrão atestou o diagnóstico de morte encefálica sem observar parâmetros legais. E o radiologista Jeferson Skulski usou técnica diferente da recomendada na literatura médica para a detecção da morte, o que impossibilitou o diagnóstico correto.
O médico José Júlio Balducci participou como anestesista da cirurgia de retirada de órgãos da vítima. Já a oftalmologista Alessandra Angélica Queiroz Araújo foi responsável pela extração das córneas, mesmo não possuindo autorização legal para realizar transplantes.
Para a promotoria, todos os envolvidos sabiam que a vítima poderia ainda estar viva e ainda assim prosseguiram com a cirurgia, assumindo o risco de morte do paciente.
Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, e ter
os órgãos removidos (Foto: Arquivo Pessoal)
Outros casos relacionados e a suposta "Máfia dos Órgãos"
Os médicos aparecem ainda em outros processos ligados à 'Máfia dos Órgãos'.  O 'Caso 2', que foi julgado recentemente está ligado ao 'Caso 3', que ainda tramita na Justiça e terminou com a morte da vítima Alice Mezavila Tavares, na época com 49 anos, após receber um rim doado por um paciente supostamente assassinado. Ela esperou pelo menos três anos pelo transplante do órgão e segundo a família, as causas apontadas pela Santa Casa foram infecção generalizada e insuficiência renal crônica. Em outra caso, uma vítima de 50 anos não teve os órgãos captados, no entanto, o motivo não consta no prontuário médico. A morte aconteceu no dia 6 de junho de 2001.
As investigações de diversos casos referentes à retirada ilegal de órgãos na Santa Casa de Poços de Caldas tiveram início após a morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, em 2000. A criança, na época com 10 anos, teria tido os órgãos removidos enquanto ainda estava viva. Em 2013, três dos médicos envolvidos foram condenados em primeira instância a penas que variam entre 14 e 18 anos  e dois deles passaram um mês detidos no Presídio de Poços de Caldas. Eles conseguiram o direito de recorrer em liberade, mesmo após as condenações.
Há ainda a expectativa de que outros quatro médicos sejam levados à júri popular por conta da morte do Caso Pavesi. No entanto, no começo deste mês, o julgamento deste caso, que acontecia em Belo Horizonte, foi suspenso. O Caso 1 também já foi julgado e condenou os médicos Alexandre Crispino Zincone, João Alberto Góes Brandão, Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes em primeira instância.

Médicos acusados de retirada ilegal de órgãos são presos em Poços, MG

João Alberto Brandão, Cláudio Rogério e Jeferson Skulski foram detidos. 
Outros três médicos envolvidos no mesmo caso permanecem soltos


Jéssica BalbinoDo G1 Sul de Minas










Três médicos foram presos nesta segunda-feira (23) em Poços de Caldas (MG) acusados de irregularidades na constatação da morte e remoção de órgãos de um homem de 41 anos em 2001. Segundo a Polícia Civil, os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, após mandado de prisão expedido em razão da sentença condenatória.
As audiências de instrução e julgamento referentes ao caso foram realizadas em julho de 2014 no Fórum de Poços de Caldas. O nefrologista João Alberto Góes Brandão, o urologista Cláudio Rogério Carneiro Fernandes e o radiologista Jeferson André Saheki Skulski são acusados da retirada ilegal de córneas e rins de Paulo Lourenço Alves, na época com 41 anos, na Santa Casa de Poços de Caldas. Eles foram condenados a 19, 17 e 18 anos, respectivamente.
Os profissionais foram detidos, levados para a Delegacia de Polícia Civil de Poços de Caldas e de lá encaminhados ao presídio da cidade. Outros três médicos envolvidos com o caso permanecem em liberdade, mas receberam medidas cautelares.
Médicos João Alberto Brandão, Cláudio Rogério e Jeferson Skulski foram detidos em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)Médicos João Alberto Brandão, Cláudio Rogério e Jeferson Skulski foram detidos em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)
De acordo com o juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, a sentença conclui que o paciente Paulo Lourenço Alves ainda estava vivo quando os médicos fizeram a retirada dos órgãos.
O único médico que falou com a imprensa foi Cláudio Rogério Carneiro Fernandes. "Deus vai resolver isso. Já resolveu uma vez e vai resolver de novo essa injustiça", disse.
Dois dos médicos acusados por este crime – João Alberto Góes Brandão e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes  - já foram condenados em outros casos da chamada ‘Máfia dos Órgãos’. Este último chegou a ficar preso por 30 dias pela condenação de 17 anos, por envolvimento no caso do menino Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, em 2001. O caso ficou conhecido como 'Caso Pavesi' e foi o que deu início às investigações a outros oito casos referentes ao tráfico de órgãos na cidade.
Procurado, o advogado José Arthur Kalil que defende os médicos João Alberto Góes Brandão e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes disse que vai recorrer da decisão e entrar com pedido de habeas corpus.
O advogado Fábio Camargo de Souza, que defende o radiologista Jeferson Skulski, informou que vai entrar com pedido de habeas corpus.
Outros médicos envolvidos permanecem soltos
Envolvidos neste caso, o gastroenterologista Paulo César Pereira Negrão foi condenado a 16 anos, mas o juiz entendeu que a participação dele não era suficiente para a prisão e por isso o profissional vai cumprir apenas medidas cautelares em liberdade. O advogado dele, Dório Ferreira Grossi disse que ainda não teve acesso à sentença.
O médico anestesiologista José Júlio Balducci, ex-secretário de Saúde de Poços de Caldas foi absolvido no caso.
A oftalmologista Alessandra Queiroz Araújo não vai ser presa porque o juiz entendeu que a pena era pequena e foi prescrita.
Médicos foram ouvidos no 3º dia das audiências de instrução e julgamento em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)Caso foi julgado em julho de 2014 em Poços de Caldas (Foto: Reprodução EPTV)
Entenda o caso
O caso denominado como ‘Caso 5’  aconteceu há 15 anos e vitimou Paulo Lourenço Alves, na época com 41 anos. Segundo o processo, a vítima morreu em 15 de janeiro de 2011 no Hospital da Santa Casa. Após a morte encefálica,  as córneas teriam sido retiradas e enviadas para Varginha (MG) e os rins, embora retirados, não foram transplantados.
De acordo com a denúncia,  no prontuário da vítima não consta o laudo do exame que comprovaria a morte cerebral do paciente, que teria sido doador cadáver. Não foram encontrados também registros médicos relatando as condições clínicas do paciente e nem foi possível confirmar se as córneas foram encaminhadas para Varginha.
Para a promotoria, o paciente que teve os órgãos retirados em 2001 ainda estava vivo antes da cirurgia e os seis médicos que participaram do procedimento foram denunciados pela falha no diagnóstico de morte encefálica e remoção ilegal de órgãos.
Para o Ministério Público, há a denúncia de que o paciente havia ingerido bebida alcoolica no dia anterior à internação. Dessa forma, nenhum procedimento a fim de diagnosticar a morte encefálica deveria ter sido realizado, já que o álcool funciona como depressor do Sistema Nervoso Central (SNC). Por isso, os médicos são acusados de ter condutas que teriam como finalidade a morte da vítima para a captação dos órgãos.
Denúncias do Ministério Público referentes aos médicos
O nefrologista e intensivista João Alberto Góes Brandão é apontado como o participante de todas as fases da captação, o que é expressamente proibido pela Lei de Transplantes. Segundo o Ministério Público, ele teria assistido ao paciente, mas não teria executado os procedimentos necessários para salvar a vida do mesmo e teria feito o exame para diagnosticar a morte encefálica de forma fraudulenta.
O denunciado também procedeu a notificação ao MG Sul Transplantes - entidade considera clandestina - e também avisou a família sobre a morte cerebral do paciente, obtendo autorização para a doação. Já o urologista e cirurgião Cláudio Rogério Carneiro Fernandes atuou diretamente na extração dos rins do doador.
Ainda na denúncia da promotoria, o gastroenterologista Paulo César Negrão atestou o diagnóstico de morte encefálica sem observar parâmetros legais. E o radiologista Jeferson Skulski usou técnica diferente da recomendada na literatura médica para a detecção da morte, o que impossibilitou o diagnóstico correto.
O médico José Júlio Balducci participou como anestesista da cirurgia de retirada de órgãos da vítima. Já a oftalmologista Alessandra Angélica Queiroz Araújo foi responsável pela extração das córneas, mesmo não possuindo autorização legal para realizar transplantes.
Para a promotoria, todos os envolvidos sabiam que a vítima poderia ainda estar viva e ainda assim prosseguiram com a cirurgia, assumindo o risco de morte do paciente.
Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, e ter
os órgãos removidos (Foto: Arquivo Pessoal)
Outros casos relacionados e a Máfia dos Órgãos
Os médicos aparecem ainda em outros processos ligados à 'Máfia dos Órgãos'.  O 'Caso 2', que foi julgado recentemente está ligado ao 'Caso 3', que ainda tramita na Justiça e terminou com a morte da vítima Alice Mezavila Tavares, na época com 49 anos, após receber um rim doado por um paciente supostamente assassinado. Ela esperou pelo menos três anos pelo transplante do órgão e segundo a família, as causas apontadas pela Santa Casa foram infecção generalizada e insuficiência renal crônica. Em outra caso, uma vítima de 50 anos não teve os órgãos captados, no entanto, o motivo não consta no prontuário médico. A morte aconteceu no dia 6 de junho de 2001.
As investigações de diversos casos referentes à retirada ilegal de órgãos na Santa Casa de Poços de Caldas tiveram início após a morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, em 2000. A criança, na época com 10 anos, teria tido os órgãos removidos enquanto ainda estava viva. Em 2013, três dos médicos envolvidos foram condenados em primeira instância a penas que variam entre 14 e 18 anos  e dois deles passaram um mês detidos no Presídio de Poços de Caldas. Eles conseguiram o direito de recorrer em liberade, mesmo após as condenações.
Há ainda a expectativa de que outros quatro médicos sejam levados à júri popular por conta da morte do Caso Pavesi. No entanto, no começo deste mês, o julgamento deste caso, que acontecia em Belo Horizonte, foi suspenso. O Caso 1 também já foi julgado e condenou os médicos Alexandre Crispino Zincone, João Alberto Góes Brandão, Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes em primeira instância.
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COMENTÁRIOS
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  • Cleuton
    HÁ 2 ANOS
    Médicos ou canibais, este brasil não tem jeito mesmo.
    • Edmilson Silva
      HÁ 2 ANOS
      MEDICO VOCÊ AINDA TERÁ UM
      • Luciano Jose
        HÁ 2 ANOS
        por motivos desta natureza não sou doador de órgãos, não a ha limites para o brasileiro.olha que sou profissional da saúde!
        • Luciano Jose
          HÁ 2 ANOS
          Adilson Silva Olha quando você estiver morto ou inconsciente. Fazem o que quiser com nosso corpo, maioria dos médicos, quase todos são ótimos profissionais (éticos). Mas tem aqueles que são despreparados, mal intencionados, maus. Como estes mencionados nesta matéria, como alguns ginecologista que abusam de mulheres (Roger Abdelmassih ) , Que não estão nem ai com próximo! Que Deus permita que não caiamos nas mãos destes!
          • Adilson Silva
            HÁ 2 ANOS
            Luciano Jose concordo com vc. venho acompanhando esse noticiario de longe faz tempo. creio que neste caso não houve injustiça quanto a aplicação da pena pelo Estado. Nem em Poços eu moro mas, causa indguinação em todos nós. ainda falta mais crimes a serem julgados. a vida das vitimas já se foram agoram não tem mais jeito de traze-las de volta e só esperamos que os culpados paguem pelo que fizeram cumprindo as penas aplicadas...