quinta-feira, 22 de maio de 2014

Erros médicos preocupam

Sala de Imprensa


Cremesp na Mídia

Erros médicos preocupam

Jornal de Jundiaí - 14/03/2009 - Estatísticas do número de processos por erro médico recebidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que triplicou nos últimos seis anos.

A dona de casa Verônica Cristina do Rêgo Barros, de 31 anos, faleceu na madrugada do último dia 7 vítima de um suposto erro médico no Hospital Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Ela teria sido operada, equivocadamente, do lado direito do cérebro em vez do lado esquerdo, onde um laudo recomendara urgência na intervenção cirúrgica. A falha é mais uma  que engorda as estatísticas do número de processos por erro médico recebidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que triplicou nos últimos seis anos. De 2002 até o fim do ano passado, o volume de ações passou de 120 para 398. No total, tramitam no STJ atualmente 471 casos, a maioria questionando a responsabilidade exclusiva do médico e não das instituições.
O professor doutor Henrique Carlos Gonçalves, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) admite que a má-formação profissional dos médicos e a falta de condições de trabalho também estão por trás das estatísticas. Ele preferiu não comentar o caso ocorrido com a dona de casa. "É preciso conhecer as reais condições da paciente para comentar algo. Até então, pelo que notamos, parece que a falha foi grosseira.
Ele ressalta que, nos últimos 15 anos, o número de faculdades de Medicina no País vem crescendo consideravelmente. "Grande parte dessas universidades não detém condições necessárias para o ensino da Medicina como a sociedade exige", explica. O fato citado vai ao encontro do aumento nas estatísticas dos reprovados no exame do Conselho Regional de Medicina. Segundo o presidente do Cremesp, o índice passou de 31%, em 2005, para 61%, em 2008. "Medicina não se aprende no computador. Em medicina não existe o ´sempre´ e nem o ´nunca´, e é isso que as pessoas precisam aprender." Ele explica que o conselho tem avaliado não apenas o aluno, mas também o aparelho formador. Para exemplificar, ele citou a Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ). "Há um hospital para que o aluno exercite o que aprende em sala de aula. Além disso, o número de alunos não é exagerado."
Plásticas - A lipoaspiração, cirurgia plástica mais realizada no País, é a que lidera o número de processos ético-profissionais contra médicos da área estética, segundo levantamento do Cremesp feito entre 2001 e 2008. De 289 processos, que apuram de reclamações sobre propagandas e resultados de cirurgias até mortes de pacientes, 33,5% se referem à lipo. "O nosso estudo comprova que existem muitos médicos sem a capacitação adequada que estão executando determinado tipo de atividade", diz Gonçalves.
A publicidade irregular ou enganosa é responsável por cerca de 67% dos processos, enquanto as denúncias de má prática profissional respondem por 28% dos processos éticos. A lipoaspiração e os implantes de silicone são os procedimentos mais frequentes nos processos que envolvem médicos não-especialistas. Em sete anos, 140 médicos foram condenados, sendo que nove deles tiveram o registro cassado. O presidente do Cremesp frisa que a formação de um médico para que ele faça cirurgias plásticas é muito rigorosa. Ele deve fazer uma graduação de seis anos, como todo médico, e depois fazer cursos de conhecimento específico.
"Percebemos que 97% dos erros médicos que envolvem cirurgias plásticas são cometidos pelos colegas que não passaram por essa formação e isso nos preocupa." Para ele, a missão do médico não mudou e nunca pode deixar de ser constituída pelo contato direto com o paciente. "Estamos vivendo a era em que as máquinas fazem de tudo, mas elas não podem acabar com essa relação." 

Nenhum comentário:

Postar um comentário