quinta-feira, 29 de maio de 2014

Polícia e CRM apuram erro médico em caso de avisada de gravidez psicológica na mesa de cirurgia



Renata Tavares
Do UOL, em Uberlândia

  • Alexandro Alves/Arquivo pessoal
    Cláudia Aparecida Lopes, 30, teria seu terceiro filho na manhã de segunda-feira (6), mas foi avisada que sua gravidez era psicológica
    Cláudia Aparecida Lopes, 30, teria seu terceiro filho na manhã de segunda-feira (6), mas foi avisada que sua gravidez era psicológica
A Polícia de Monte Carmelo (499 km de Belo Horizonte) apura o caso de uma mulher que iniciou os procedimentos cirúrgicos para realizar uma cesariana, mas foi avisada pelo médico que sua gravidez era psicológica. A família de Cláudia Aparecida Lopes, 30, que teria seu terceiro filho na segunda-feira (6), diz que ela passou por todos os exames antes de entrar no centro cirúrgico e suspeita de que houve erro médico.
O marido de Claúdia, Alexandro Donizete Oliveira Alves, 23 registrou um boletim de ocorrência. O CRM-MG (Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais) também apura o caso.
Segundo a família, a informação de que não havia uma criança no útero da mulher foi dada pelo médico que fez os exames de pré-natal.
Os procedimentos médicos ocorreram no hospital Santa Terezinha. "A minha mãe estava se preparando para entrar na sala de cirurgia para ficar com a Cláudia quando veio essa notícia de que era [gravidez] psicológica", disse Alves. 
Minutos antes de Cláudia ser submetida à cesariana, Alexandro Alves fez uma foto da mulher deitada na maca. Na imagem é possível notar a barriga da dona de casa. O marido disse que o exame de gravidez foi feito por meio de um teste comum de farmácia.
"Ele deu positivo, por isso a Cláudia disse que não precisava fazer o de sangue." 
Alexandro ainda disse que a barriga de Cláudia Lopes começou a crescer logo após o exame e que ela chegou a fazer um ultrassom.
"Não acompanhei nesse processo, porque estava sempre trabalhando, mas fui à consulta e o médico chegou a dar o sexo do bebê. Disse que era um menino."

O marido registrou um boletim de ocorrência (BO) contra hospital Santa Terezinha, onde a mulher ainda está internada em observação. O médico José Tomás Oliveira, 72, não quis falar, mas aos policiais ele negou que um dos documentos onde comprovava a gravidez de 16 semanas tenha sido assinado por ele.

Para o marido, ele justificou que tudo aconteceu porque Cláudia Lopes teve uma gravidez psicológica. "O trabalho dele então era tentar tirar isso da cabeça dela e não alimentar ainda mais as esperanças. Ele deixou chegar no último momento para nos avisar", disse Alves. O hospital não quis se pronunciar.

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Investigação

A delegada Cláudia Coelho Franchi investiga o caso. Segundo ela, foi instaurado um inquérito e será pedido exames para identificar se havia ou não um feto no útero da dona de casa.
As testemunhas devem ser ouvidas durante a semana e toda a documentação será avaliada. "Ainda estamos no início das investigações. É cedo para afirmar algo", afirmou.

Exames

O médico pediatra Melicégenes Ambrósio disse que dificilmente um médico marcaria uma cesariana antes de avaliar os batimentos cardíacos do bebê.
"São exames simples e básicos que existem em qualquer hospital, independente da localização dele. Seria facilmente identificada essa falsa gravidez", disse.
"Em oito semanas de gestação já é possível escutar os batimentos cardíacos do bebê. Em quatro meses ele já se mexe na barriga da mãe. Algo precisa ser bastante investigado nesta história", afirmou.

CRM

O corregedor do CRM-MG, Alexandre de Menezes Rodrigues, informou que o órgão instaurou uma sindicância para apurar o caso. Segundo ele, foram solicitadas todas as documentações necessárias para o hospital, o médico e também para a família de Cláudia Lopes.
"Vamos avaliar os dois ultrassons apresentados pela paciente e saber se o médico fez o procedimento da cesariana apenas com a apresentação do exame, até porque o ultrassom é um exame complementar. É preciso também ter o exame de sangue que aponte essa gravidez."
Rodrigues também informou que será feito o pedido de todo o prontuário da paciente no hospital Santa Terezinha e também na rede pública de saúde da cidade.
"Ela precisa ter no mínimo cinco consultas. Toda a documentação será minuciosamente avaliada. Nós temos os relatos de duas partes e eles serão apurados", disse. 

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