domingo, 30 de agosto de 2015


Falsa médica que abandonou plantão estaria indo à Bolívia, diz polícia
Representante da mulher identificada como 'Vilca' telefonou para delegacia. Seis pessoas na região de Sorocaba usavam CRM de médicos.
20/07/2015 20h26 - Atualizado em 20/07/2015 20h26
Do G1 Sorocaba e Jundiaí
O advogado da mulher identificada apenas como "Vilca", a primeira a ser descoberta utilizando o registro profissional de outra médica na região de Sorocaba (SP), entrou em contato com a delegacia responsável pelas investigações nesta segunda-feira (20). Segundo a Polícia Civil, ele informou que, apesar de ter sido intimada, a cliente não vai se apresentar, porque já estava na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Vilca", que se apresentava como Cibele Lemos, foi desmascarada depois de ir embora de um plantão no pronto-atendimento de Alumínio (SP). Quando foi formalizar uma reclamação no site do Conselhor Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o diretor da unidade viu que o nome e o número do CRM batiam, mas a foto da profissional cadastrada não condizia com a mulher que trabalhava no local. A suspeita está foragida desde então. Após o contato do advogado, o delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, informou que vai aguardar a formalização da informação passada pela defesa para tomar as medidas legais.
Depois que a farsa foi descoberta, o caso foi parar na polícia, que deflagrou a "Operação Placebo", para tentar encontrar outros supostos médicos que utilizavam CRM de outras pessoas. Até esta segunda-feira, segundo a Polícia Civil, seis funcionários de hospitais de Alumínio, Mairinque (SP) e São Roque (SP) foram descobertos trabalhando de forma irregular.
Dois já estão presos: Pablo Mussolim - que utilizava o nome e o registro de Pablo Galvão, médico do Rio Grande do Norte - e Natani Thaisse de Oliveira, que usava os documentos de Natalia Oliveira, cuja localização ainda não foi confirmada. Outro suspeito morreu no mês passado e três ainda não se apresentaram à polícia - inclusive Vilca.
Um dos médicos que teve o CRM usado indevidamente foi ouvido nesta segunda-feira na delegacia de Mairinque, mas não quis falar sobre o assunto. Segundo a polícia, ele afirmou que teve os documentos roubados em março deste ano. No fim de semana, Pablo Galvão, cujo registro foi usado da mesma forma, também prestou depoimento. À polícia, ele disse que já respondeu duas sindicâncias por ações que não foram realizadas por ele.
Ao longo da semana, mais suspeitos e testemunhas devem ser ouvidos. Os documentos recolhidos na última sexta-feira (17), durante a Operação Placebo, estão sendo analisados. O material foi apreendido nas diretorias de Saúde e nos pronto-atendimentos de Alumínio, Mairinque e São Roque. Os policiais tambem estiveram no escritório da Inova, empresa responsável pelas contratações dos falsos médicos.
Ainda segundo a polícia, as investigações devem apontar ainda se os médicos verdadeiros tinham conhecimento do uso de seus registros pelos falsos profissionais. "Estamos em contato com boa parte desses médicos, que constam como vítimas, mas alguns estão sob suspeita de que tinham conhecimento e que alugavam o CRM para que outros exercessem falsamente a medicina", explica o delegado seccional, Marcelo Carriel.
60 óbitos
Entre os documentos apreendidos na operação da Polícia Civil na última sexta-feira (17), estavam pelo menos 60 declarações de óbito assinadas pelos supostos médicos. A informação é da delegada responsável pelo caso, Fernanda Ueda. O material foi recolhido em São Roque.
"Essas declarações foram feitas por quatro pessoas que, em tese, não teriam habilitação. Também não se descarta que eles tenham feito a prática médica e o óbito tenha sido declarado por outro profissional. Existe uma semelhança muito grande entre os médicos falsos e aqueles dos quais eles utilizavam o CRM ", explica Ueda.
O delegado seccional Marcelo Carriel diz que a investigação deve averiguar esse envolvimento dos falsos médicos com os óbitos. ”Agora, é a investigação para se constatar se esses óbitos são decorrentes de um mau atendimento ou da falta de um atendimento adequado, como um encaminhamento que não deveria ocorrer, ou qualquer coisa desse tipo".
A Innovaa, empresa prestadora de serviços responsável pelas contratações dos médicos, emitiu uma nota sobre o caso. De acordo com o comunicado, as admissões foram feitas com base na apresentação dos documentos pessoais e do registro do profissional no Conselho Regional de Medicina (CRM) e, no caso dos médicos irregulares, todos os documentos apresentados condiziam com profissionais médicos registrados no CRM. Segundo a empresa, a falsificação desses documentos não foi detectada, inclusive porque as fotos dos profissionais só passaram a aparecer no site do Cremesp no dia 6 de julho.
Os três são investigados por utilizarem CRM de outros médicos (Foto: Reprodução TV TEM)Pablo, Natani e Vilca são suspeitos de usar CRM de outras pessoas (Foto: Reprodução TV TEM)

Nenhum comentário:

Postar um comentário