8 de junho 2011 as 1:22 pm

Agnello da Rocha Neto 

é preso em Castanhal, 

no Pará

Segundo investigações

 da

 Polícia Civil, Rocha Neto 

exercia a medicina em clínicas 

e hospitais no interior paraense.

 Ele estava foragido do Amapá

 desde 2009, quando várias 

denúncias 

de negligência lhe foram imputadas

 por pacientes de sua clínica.

Foi preso na tarde de ontem (07), em Castanhal, no Pará, o falso cirurgião plástico Agnello da Rocha Neto, 43 anos. O médico, que atuava há muitos anos como cirurgião, mesmo não tendo especialização, teve o mandado de prisão decretado em Macapá, onde deixou mais de 20 mulheres mutiladas.
Segundo investigações da Polícia Civil, Rocha Neto exercia a medicina em clínicas e hospitais no interior paraense. Ele estava foragido do Amapá desde 2009, quando várias denúncias de negligência lhe foram imputadas por pacientes de sua clínica.
Agnello da Rocha Neto foi levado para a Divisão de Repressão ao Crime Organizado, em Belém, e apresentado ao delegado Ivanildo Santos. Informações não oficiais davam conta de que na noite de ontem ele seria recambiado para Macapá, o que não fora confirmado até o fechamento desta edição.
O profissional Agnello da Rocha Neto, que desde 2009 é aspirante a membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), teve seu registro médico suspenso no ano passado, por um período de seis meses. A medida, tomada pelo Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM), ocorreu após vir à tona as denúncias de erros médicos praticados com frequência pelo falso cirurgião.
“Em nome de Deus a justiça foi feita”. A frase acalentadora foi dita pela empresária Cibelle Sena Iglesias, 25 anos. Há dois anos, ela caiu nas mãos de Agnello para se submeter a um procedimento cirúrgico de redução mamária reparadora. Seu drama foi noticiado, à época, em vários veículos de comunicação locais.
A jovem, que ficou com graves sequelas após passar pela cirurgia, apresentou abalo psicológico e passou a dedicar a sua vida a coletar depoimentos de pessoas vítimas de negligência médica. A intenção era utilizá-los como subsídio em um futuro processo judicial contra o profissional responsável por sua situação, a qual ela classificou como uma tragédia.
No ano passado, Cibelle, ainda com as marcas do sofrimento que jamais cicatrizarão, desistiu de mover ação contra o médico. Ela justificou: “Estava perdendo parte da minha vida me dedicando a isso. Montei meu negócio e comecei a trabalhar. Nunca o esqueci, mas parei de persegui-lo”, disse.
“O que eu queria na verdade era que esse tipo de atitude, esse descaso de um profissional médico que jurou salvar vidas, fosse reparado e, se fosse o caso, passível de punição. A minha autoestima foi abaixo com toda essa tragédia que, com certeza, vai me marcar por toda a vida”, declarou Cibelle, que, ontem, já apresentava sinais de alívio.

Drama e desespero

Márcia Glauciane Costa, outra vítima de Agnello da Rocha Neto, chegou ao ápice do desespero. Ela tentou contra a própria vida, dias após se submeter ao procedimento cirúrgico.
A história de Márcia, também operada há dois anos, é ainda mais complexa, guardadas as devidas proporções. Ela passou por uma lipoabdominoplastia (cirurgia que combina lipoaspiração e abdominoplastia) e mamoplastia (redução mamária). Os procedimentos cirúrgicos, executados pelo médico em questão, Agnello da Rocha Neto, foram feitos em 8 de julho de 2009. Ainda hoje, a jovem é obrigada a conviver com as marcas de uma mutilação que jamais vão cicatrizar – as sequelas são permanentes, segundo apontou exame pericial da Polícia Técnico-Científica do Estado (Politec).
“Tentei tirar minha própria vida. No início, a minha altoestima baixou, caí numa depressão, me isolei de todos. Eu queria ir embora de Macapá e, sinceramente, não sabia o que fazer. Hoje (ainda em 2009), com a fé que tenho em Deus, consegui superar a maioria dos obstáculos”, comemorou, e completou: “Quero deixar bem claro que enquanto estiver viva vou lutar pelos meus direitos e vou ganhar, seja a que custo for. Ele (Rocha Netto) não vai mais mutilar mulheres em Macapá enquanto eu existir. Eu vou ser sempre um calo no pé dele, pode ter certeza disso. Eu não tenho medo dele. Não tenho medo da corja. Não tenho medo porque só acredito em Deus. Só para ter uma ideia, eu estou hoje toda feia. De roupa eu pareço uma coisa, mais sem roupa estou toda feia. Infelizmente ficarei com sequelas para toda a minha vida”, lastimou, à época.
Márcia Glauciane não foi localizada para comentar a prisão de Agnello Neto. Mas, no site Tucujuris A Gazeta identificou dois processos de ação indenizatória movidas pela jovem contra o médico.
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