sábado, 29 de agosto de 2015


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Questão de saúde Pública
Mulher morre por falta de atendimento adequado após ter complicações com o feto
No interior de São Paulo a morte de uma jovem por falta de atendimento adequado traz à tona uma realidade de maus tratos e negligência
Na última semana foi divulgada a notícia de uma mulher de 31 anos que morreu na enfermaria do Conjunto Hospitalar Sorocaba (CHS).
O caso foi divulgado nas páginas policiais de um jornal do município paulista porque está sendo investigada a negligência médica na morte da jovem.
Ela chegou ao hospital no dia 5 de agosto e foi diagnosticada com aborto retido e hipertireoidismo. No dia 17, a Delegacia da Mulher da cidade recebeu uma denúncia anônima de maus tratos. A direção do hospital teria sido então notificada sobre a necessidade de realizar perícia no corpo caso a jovem viesse a falecer, o que de fato aconteceu dias depois, após ela ser liberada da UTI e ficar quatro dias na enfermaria do hospital sem atendimento adequado.
A perícia não foi feita porque o hospital liberou apenas a análise da causa da morte: aborto retido e septicemia. O prontuário não foi liberado e a família confirmou os maus tratos contra a jovem.
Aborto é a quarta causa de morte materna no País
Aborto retido ou incompleto é a expressão médica para casos em que o corpo expele apenas uma parte do tecido fetal. É muito comum no início da gravidez e pode acontecer momentos após a fecundação, ou na implantação do óvulo fecundado no útero, em abortos espontâneos, e também voluntários.
Diante desses casos é muito importante que a mulher tenha acesso a atendimento rápido e eficaz para realizar a curetagem, limpeza do colo do útero, e impedir que a situação se agrave para uma infecção.
Foi exatamente o que não aconteceu com a jovem de Sorocaba. A falta de tratamento adequado elevou seu quadro ao nível de uma sepse. Ou seja, uma infecção geral grave que resultou na morte.
No início desse ano uma pesquisa revelou que uma em cada quatro brasileiras sofreu algum tipo de violência durante o parto, em hospitais públicos ou privados. Entre os maus tratos estão insultos, exames dolorosos e até mesmo deixar a mulher sentindo dor sem oferecer nenhum tipo de apoio.
Isso durante o parto. Em casos de abortamento a situação é ainda pior. Independentemente se o aborto foi espontâneo ou provocado, as mulheres são tratadas como lixo, deixadas de lado, sem atendimento. Isso quando não são denunciadas à polícia e levadas do hospital direto para a delegacia. O caso de Sorocaba é importante, nesse sentido, porque expressa bem o problema.
Aborto é caso de saúde pública e não de polícia. Por situações como as denunciadas nesse caso é que aborto é considerado a quarta causa de morte-materna no país, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde. São centenas de milhares de mortes de mulheres que acontecem todos os anos. Todas elas plenamente evitáveis, mas negligenciadas. Fruto principalmente da campanha moral que existe contra o aborto e as mulheres que abortam, uma campanha de perseguição que tem como único resultado concreto o sofrimento e a morte de milhares de mulheres cotidianamente dentro e fora do sistema de saúde brasileiro.





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