quinta-feira, 29 de março de 2018

Proprietária de clínica é presa no RS após denúncia de fraude na aplicação de vacinas


Por G1 RS e RBS TV
 
Proprietária de clínica é presa no RS após denúncia de fraude na aplicação de vacinas

Prisão é preventiva, por crimes contra as relações de consumo e saúde pública, segundo a Polícia Civil. Clínica de Novo Hamburgo foi interditada. Advogado diz que prisão foi feita a partir de uma falsa denúncia




A proprietária de uma clínica particular de vacinação foi presa em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, na Região Metropolitana de Porto Alegre, por crimes contra as relações de consumo e saúde pública, segundo a Polícia Civil. A prisão é preventiva e ocorreu na quarta-feira (14). A clínica foi interditada.


Segundo o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais, delegado Rodrigo Bozzetto, a mulher, de 37 anos, aplicava falsas doses de vacina, principalmente em bebês. De acordo com ele, não havia nada nas seringas.

"Na verdade, ela estaria simplesmente picando algumas crianças. Eram vacinas ministradas para recém-nascidos. Isso é muito grave, é crime hediondo, em razão dessa exposição à população", afirmou.


A Polícia Civil começou a investigar a clínica a partir de uma denúncia anônima. Além de vacinar bebês contra a meningite, por exemplo, a proprietária – que é farmacêutica em formação – também oferecia doses para a febre amarela, que ela nem tinha em estoque.



"Foram encontradas várias embalagens armazenadas de forma irregular, algumas com lacre já aberto, outras sem prazo de validade, sem nota fiscal", descreveu o delegado.

Conforme informações da denúncia, a mulher, inclusive, utilizaria a mesma agulha em pessoas diferentes, entre elas crianças e adolescentes. Geralmente isso era feito com as vacinas da febre amarela e também da meningite (ACWY e Meningo B).


O secretário estadual de Saúde, João Gabbardo dos Reis, acompanha a investigação. Ele confirmou que as aplicações de vacina eram simuladas.



Estamos perplexos. Isso é uma coisa inédita, difícil de acreditar que alguém possa tomar uma iniciativa como essa. A ganância parece não ter limite para algumas pessoas", afirmou Gabbardo em entrevista ao Jornal do Almoço.



Em sua conta no Twitter, Gabbardo publicou uma orientação à população:


Em sua conta no Twitter, Gabbardo publicou uma orientação à população:

O secretário afirmou que a clínica tinha autorização para vacinar e também possui alvará de funcionamento. Porém, ele explicou que existem algumas exigências que a clínica não estava cumprindo.


"Todas as clínicas são fiscalizadas e preenchem uma série de requisitos, só que elas devem fazer uma coisa que essa clínica não devia fazer, que é encaminhar à Secretaria da Saúde a relação das pessoas que foram imunizadas no local", disse.


"E é de praxe que a clínica mostre ao usuário o frasco fechado, abra a seringa para mostrar que é descartável. Isso faz parte da rotina, até para deixar o paciente confortável", acrescentou.


A Secretaria Estadual da Saúde informou que a rede pública possui vacina para a febre amarela. Segundo Gabbardo, não há mais doses disponíveis em clínicas particulares, onde o valor fica entre R$ 150 e R$ 200.



A gerente da Vigilância em Saúde de Novo Hamburgo faz um alerta aos pais. "É muito grave, porque agora tem pessoas que estão se considerando vacinadas, de repente até crianças, e que na verdade não estão", indicou Lisa Gaspar Ávila.


A Polícia Civil orienta que, quem foi vacinado nos últimos meses nessa clínica, deve procurar a Vigilância em Saúde da cidade e a Delegacia de Proteção ao Consumidor.


"Todas essas pessoas que foram vacinadas nessa clínica a partir de determinado momento devem comparecer à Vigilância Sanitária do município de Novo Hamburgo. Nós vamos criar um QG lá para receber esses pacientes", garantiu o secretário.


A Secretaria divulgou os seguintes meios de contato para tirar dúvidas: epidemio@novohamburgo.rs.gov.br e telefone (51) 3097-9411, das 8h às 17h.

Defesa diz que denúncia é falsa



Após ser presa, a proprietária foi levada à Penitenciária Feminina Madre Pelletier, em Porto Alegre.



O advogado da dona da clínica, Luiz Gustavo Púpero, alegou que a prisão foi feita a partir de uma falsa denúncia e que não há informações de vítimas. A defesa ingressou com um pedido de revogação da prisão preventiva no Fórum de Novo Hamburgo e impetrou um habeas corpus no Tribunal de Justiça, pedindo a liberdade da cliente.


Segundo Púpero, a prisão preventiva foi solicitada a fim de garantir a ordem pública. Porém, como sua cliente está afastada da clínica, o entendimento da defesa é que ela não teria como exercer a profissão e, portanto, não haveria motivo para a prisão.


Clínica de Novo Hamburgo foi interditada (Foto: Reprodução/RBS TV)
Clínica de Novo Hamburgo foi interditada (Foto: Reprodução/RBS TV)

Proprietária de clínica é presa no RS após denúncia de fraude na aplicação de vacinas | Rio Grande do Sul | G1

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  • Wanaldir Maia
    HÁ UM MÊS
    "A Polícia Civil orienta que, quem foi vacinado nos últimos meses nessa clínica, deve procurar a Vigilância em Saúde da cidade e a Delegacia de Proteção ao Consumidor". Tudo bem, mas qual o nome da clínica? Essa reportagem deveria ser de utilidade pública e prestar um serviço informativo à população. Entretanto, faz o contrário. Presta um enorme desserviço, na medida que espalha o pânico e provoca descrédito generalizado. Todas as clínicas da região ficam desacreditadas.
    • Wanaldir Maia
      HÁ UM MÊS
      Victor, se for para deixar as informações relevantes no vídeo, não tem necessidade de fazer reportagem escrita. É como no jogo do bicho: vale o que está escrito.
      • Ricardo Dias
        HÁ UM MÊS
        Oscar lembrou algo que pensei em fazer. Mas mesmo assim, que bom que foi feito. Não podemos esquecer que parte da população brasileira, tem por hábito promover "LINCHAMENTOS", movidos muitas das vezes por falsas noticias. É preciso muito cuidado por parte de quem divulga certos fatos e mais ainda por parte de quem deles toma conhecimento!

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