quinta-feira, 22 de março de 2018

Brasília confirma quarta morte por bactéria

Criança de seis anos morreu no último dia 8. São quatro vítimas em dois meses

As autoridades sanitárias de Brasília confirmaram nesta quarta-feira que uma criança de seis anos morreu no último dia 8, vítima da bactéria Streptococcus pyogenes, e que esta é a quarta vítima em pouco mais de dois meses na capital.
A criança estudava em uma escola pública do bairro Asa Sul, e morreu no Hospital Regional do Guará, onde tinha ingressado com sintomas de catapora e foi submetida a um tratamento com antibióticos e penicilina, de acordo com comunicado da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Como nos três casos anteriores, registrados entre agosto e setembro, a criança morreu menos de 48 horas após ingressar no hospital.
Os exames confirmaram posteriormente que a causa da morte foi a bactéria Streptococcus pyogenes, considerada uma das mais agressivas e que se propaga com enorme facilidade.
Apesar do quarto caso confirmado em 60 dias, a Secretaria de Saúde insistiu que não existe surto da bactéria, embora tenha decidido manter o estado de alerta já decretado em 7 de setembro nos hospitais da capital. Em 2010, as autoridades de Brasília tinham estabelecido uma situação similar de alerta sanitário após confirmar um surto da bactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) (saiba mais sobre a KPC), que causou 22 mortes em dez meses.
Embora não tenha sido declarado, as autoridades sempre suspeitaram de que essa bactéria, uma das mais virulentas que existe, tenha se desenvolvido nos hospitais públicos devido a falta de higiene e outros fatores associados a má qualidade do serviço.
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O especialista responde
Gilberto Turcato
médico infectologista e coordenador do serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Por essa bactéria está se mostrando tão mortal? Ela se instala com uma velocidade muito rápida e as toxinas que ela produz causam danos graves aos tecidos dos corpo humano, como os tecidos cardíacos. Talvez, e isto é apenas uma suposição, a bactéria que está matando em Brasília tenha uma capacidade maior de produzir toxinas.
Como ela provoca a morte? Quando a bactéria entra na corrente sanguínea, se espalha rapidamente pelo organismo, e pode chegar a órgãos vitais, como o coração. As toxinas que ela produz necrosam e levam esses órgãos à falência. A pessoa morre de choque séptico (quando há um número tão elevado de bactérias no sangue que as células de defesa não dão conta, diminuindo a quantidade de sangue que chega aos órgãos).
Que doenças ela causa? A Streptococcus pyogenes está presente em boa parte da população, sem causar dano algum. Ela atua quando o sistema imunológico está deficiente, causando na maioria das vezes diarreias, infecções da pele, faringites, otites ou conjuntivites. Nesse caso, possa ser que houve alguma alteração na bactéria que tenha a tornado mais agressiva.
Ela pode ser considerada uma superbactéria? Não. Ela é até bastante sensível aos antibióticos, ou seja, não oferece muita resistência a remédios como a penicilina. O problema é a velocidade em que ela atua no corpo humano.
Como prevenir? Com as medidas habituais: o mais importante é que os agentes de saúde façam a higiene adequada das mãos e os médicos suspeitem da presença da bactéria para que possam agira de forma bastante precoce. Como a bactéria se instala rapidamente, é essencial tratá-la antes que ela se espalhe.
(Com Agência EFE)

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