domingo, 18 de março de 2018

Médico preso suspeito de abusar de pacientes não tem registro como ginecologista no Cremego

Segundo a Polícia Civil, 15 mulheres já registraram denúncia; homem já tinha condenação por violação sexual, mas recorreu e continuava trabalhando



Por Murillo Velasco, G1 GO
 
Médico suspeito de abusar de pacientes não tem registro como ginecologista no Cremego

Segundo a Polícia Civil, 15 mulheres já registraram denúncia; homem já tinha condenação por violação sexual, mas recorreu e continuava trabalhando



O médico Joaquim de Sousa Lima Neto, preso suspeito de abusar sexualmente de pacientes em Goiânia, não tem registro no Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego). Joaquim consta, no sistema de consulta do órgão, como um profissional em situação "regular", mas como "não registrado" no campo de especialidade. Até a manhã desta quarta-feira (24), 15 vítimas registraram abusos na Polícia Civil.

De acordo com o presidente do conselho, Leonardo Reis, o fato pode implicar mais um agravante no processo instaurado contra o profissional no órgão. Ele destaca que todo paciente, antes de se consultar com um profissional, pode consultar no site do Cremego se o médico tem ou não registro para atuação.



“Ele não tem registro. Ele é credenciado como médico, mas não tem nenhuma especialidade cadastrada. Isso é de domínio público, os pacientes podem buscar, apenas com o nome do profissional no nosso site para checar se trata-se ou não de um especialista. O fato dele não ser credenciado não significa que ele não possa atuar nesta área, ou não tenha formação, isso será apurado pelo conselho”, disse o presidente


O médico foi preso nesta terça-feira (23). Segundo a Polícia Civil, o profissional já foi condenado por violação sexual mediante fraude de outras pacientes, em 2015, e recebeu como pena multa de R$ 5 mil, além de três anos de prisão, convertidos em serviços comunitários. No entanto, a defesa recorreu e ele continuou trabalhando e cometendo os abusos


G1 e a TV Anhanguera tentaram contato com a defesa do médico por telefone para comentar o caso, nesta quarta-feira, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta reportagem


O presidente do Cremego disse que o conselho disse que vai convocar o médico para prestar esclarecimentos e, na fase processual, irá marcar depoimento de cada uma das vítimas e testemunhas dos processos


"Cada caso que chega, de cada paciente, é um objeto infdividual de uma investigação. Se ele resultar em um processo ético profissional com apenamento, ele também corre paralelamente aos outros que possam acumular. Isso acontece em todos os casos que chegam para gente, cada vítima é um processo", explicou.

"Cada caso que chega, de cada paciente, é um objeto infdividual de uma investigação. Se ele resultar em um processo ético profissional com apenamento, ele também corre paralelamente aos outros que possam acumular. Isso acontece em todos os casos que chegam para gente, cada vítima é um processo", explicou.


“Diante dos novos fatos, outra investigação será empreendida, faremos novas diligências, novo procedimento será instaurado, podendo gerar um processo ético profissional e culminar, se restar comprovado o ilícito, em uma penalidade que pode gerar, inclusive, cassação do registro profissional”, afirmou


“Diante dos novos fatos, outra investigação será empreendida, faremos novas diligências, novo procedimento será instaurado, podendo gerar um processo ético profissional e culminar, se restar comprovado o ilícito, em uma penalidade que pode gerar, inclusive, cassação do registro profissional”, afirmou

 


Entre elas está uma mulher que afirma ter sido abusada pelo médico durante o pré-natal, há 30 anos, em Goiânia. Em entrevista à TV Anhanguera ela afirmou que achou estranha forma como ele a tocava, alegando que “fazia parte do procedimento”


A paciente afirma que na época tinha 21 anos e contou ao marido que tinha achado a atitude do médico suspeita, mas não tinha consciência de que estava sendo vítima de um abuso


“Eu não entendia, porque ele falava que fazia parte do procedimento do pré-natal. Eu contei para o meu esposo e ele foi comigo nas consultas. E aí, ele já não passou mais, não mexeu comigo mais”, contou

A delegada responsável pelas investigações, Ana Elisa Gomes, afirma que as vítimas devem procurar a delegacia independente da época em que o crime foi cometido. Ela destacou que, apesar de crimes cometidos há mais de 20 anos não serem passíveis de inquérito, podem contribuir com a apuração

Vítimas relatam abusos por médico preso em Goiânia Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Vítimas relatam abusos por médico preso em Goiânia Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Vítimas relatam abusos por médico preso em Goiânia Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

A secretária de Joaquim foi ouvida na Deam, na terça-feira. A mulher contou que trabalhou com o médico durante 22 anos e que nunca presenciou os casos de abuso.

De acordo com a delegada Ana Elisa, o médico submetia às vítimas à prática de atos libidinosos enquanto realizava os exames. Em um dos casos, segundo ela, o profissional chegou a praticar sexo oral em uma paciente.

“Nós representamos pela prisão dele depois que três vítimas procuraram a delegacia. Elas relataram que o profissional utilizava o momento do exame de toque para abusar das vítimas, seja por meio de masturbação, falando coisas de cunho sexual, chegando a audácia de praticar sexo oral em uma delas”, contou a delegada ao G1.

A delegada afirma que, apesar de já ter sido condenado pela mesma prática em 2015, o homem nunca havia sido preso.


“Em 2014 a nossa delegacia apurou a denúncia de uma paciente que foi vítima da mesma forma de abuso. Ele chegou a ser condenado em 2015, mas a defesa do médico recorreu e ele nunca tinha sido preso. Agora, com o surgimento destes três novos casos, mesmo o processo anterior ainda estando em curso, pedimos pela prisão”, explicou Ana Elisa



Médico foi preso suspeito de abusar de pacientes em Goiânia (Foto: Polícia Civil/Divulgação)


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