atualizado às 13h21

sobre mortes em UTI no PR.....

Advogado diz que escuta telefônica foi ilegal e que prontuários médicos podem ter sido alterados

 Médica chefe da UTI do hospital Evangélico, Virgínia Helena Soares de Souza, sendo conduzida por policiais  Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo / Futura Press
Médica chefe da UTI do hospital Evangélico, Virgínia Helena Soares de Souza, sendo conduzida por policiais
Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo / Futura Press

"Foi o que aconteceu neste caso. Além disso, foi colocado o termo 'assassinar' na perícia de uma forma errada. Com isso, eles demonizaram a acusada, e o juiz, com base na transcrição, decretou prisão temporária e depois preventiva. Vou pedir também que não se considere a transcrição e que seja retirado do processo a escuta e as transcrições", afirmou Assad.
O advogado da médica Virgína de Souza, acusada de antecipar mortes na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital Evangélico, em Curitiba (PR), vai pedir à Justiça a anulação das provas obtidas por meio de ligações telefônicas gravadas durante as investigações realizadas pelo Núcleo de Repressão de Crimes Contra a Saúde (Nucrisa). Conforme Elias Mattar Assad, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que não se pode deferir uma escuta telefônica apenas com denúncia anônima.
O defensor disse ainda que está colocando sob suspeita os prontuários médicos. "Quando fizeram a busca e a apreensão dos prontuários médicos, não deixaram os originais no hospital e nem pediram cópias. Quem pode falsificar uma transcrição telefônica, pode alterar prontuários também. Portanto, estou colocando sob suspeita esses documentos", completou.
A Polícia Científica do Paraná concluiu o levantamento das prescrições de medicamentos feitas pela médica e um relatório preliminar foi entregue ao Ministério Público (MP) na última sexta-feira. Eles apontam que, de 346 pacientes atendidos na unidade que receberam os medicamentos Diprivan e Pavulon receitados pela médica, 317 morreram no mesmo dia em que foram medicados. 
Segundo o MP, o relatório preliminar entregue pelo Instituto de Criminalística do Paraná aponta que, de 1.872 prontuários analisados, de 2006 a 2013, 474 mostram que pacientes receberam o coquetel de medicamentos. Desses, 346 foram medicados por Virgínia, e 317 faleceram no mesmo dia que medicados. Os outros 128 foram medicados por outros médicos, e, desses, 17 morreram. 
Se comparadas as proporções, o número de mortos por atendidos pela médica é de 91,6%, enquanto as mortes por atendimento com outros médicos é de 13,2%. Segundo o Ministério Público, os números por si só não representam nenhum crime praticado pela médica, mas são suspeitos. Cada caso será agora investigado individualmente pelo MP, para apurar se as mortes foram provocadas ou não. 
Terra