Médicos ficam viciados em Dolantina e são investigados por PF, CRM e Vigilância

Médicos ficam viciados em Dolantina e são investigados por PF, CRM e Vigilância



Médicos estão se viciando em Dolantina, usada em dor extrema, simulam dores para ser medicados com o remédio e compram de distribuidoras usando hospitais em que dirigem para manter seu vício.
Os casos de médicos viciados em Dolantina já não são mais casos isolados e passaram a ser investigados pela Superintendência da Polícia Federal (PF), por duas sindicâncias abertas pela CRM (Conselho Regional de Medicina) e pela Vigilância Sanitária do Estado.
O caso é encarado como tráfico de drogas e até um funcionário da Vigilância Sanitária do Estado do Piauí morreu pelo uso abusivo de Dolatina. Ele morreu em pleno curso de qualificação realizado pela Vigilância Sanitária no Estado.
A coordenadora de Medicamentos da Vigilância do Estado do Piauí, Wanieire Veloso, afirmou que os pais de um médico diretor de hospital em Teresina denunciou o profissional para a Polícia Federal do Piauí na tentativa do filho abandonar o vício e procurar tratamento de desintoxicação.
Segundo ela, a Vigilância Sanitária apurou que o médico comprava grandes quantidade de Dolantina de uma distribuidora de medicamentos, o que é ilegal, já que não pode ser vendido para pessoas físicas porque o uso é exclusivo de hospitais.
Em sua defesa, a distribuidora de medicamentos disse que o médico usava o nome do hospital que dirigia para a compra em grandes quantidades para dor extrema.
No caso do funcionário da Vigilância Sanitária ele realmente sentia fortes dores e há suspeita de que uma enfermeira de hospital do interior do Piauí fornecia o medicamento Dolantina, o seu uso excessivo e sem controle médico o matou.
O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), médico Fernando Correia Lima, informou que a instituição abriu duas sindicâncias para apurar representações de hospitais contra dois médicos diferentes viciados em Dolantina.
Segundo ele, os médicos viciados no medicamento vão nos Prontos-Socorros simulam uma dor forte, dizem que têm costume de usar aquele medicamento e que a dor só passa com Dolantina. O médico, muitas vezes inexperiente, administram Dolantina ou Demerol nos médicos viciados.
Fernando Correia Lima declarou que as duas sindicâncias abertas pelo CRM foram provocadas por denúncias de dois hospitais por causa da utilização da Dolantina.
?Você só abre a sindicância quando tem denúncias. As denúncias foram feitas pelos hospitais porque os médicos estavam exagerando, estavam atrapalhando o funcionamento dos hospitais, exigindo o medicamento?, afirmou Fernando Correia Lima.
?Os consumidores da Dolantina dizem que sentem uma sensação maravilhosa, uma sensação de endeusamento, de elevamento e bem-estar. Além de tudo, o medicamento é analgésico, a dor acaba?, declarou.
Fernando Correia Lima declarou que os efeitos negativos são o vício, o dependente quer cada vez mais tomar maior dose de Donantina, quer sempre a mesma resposta do medicamento e sente a necessidade cada vez maior do remédio.
Os hospitais usam a Dolantina para casos extremos como para um paciente que tem a perna esmagada ou traumatismo cranioencefálico em acidente.
A CRM pode punir os médicos viciados dependendo da situação. Se o médico agride seus colegas de trabalho pode ter pena maior do que o profissional que simula dor. Os médicos denunciados por uso de Dolantina, caso existam indícios fortes da ocorrência, são interditados e não podem exercer a medicina até a conclusão da sindicância. ?Quando se comprova o fato, se interdita o indivíduo, impede sua ação como médico por um determinado período até que se prove ou não a realidade do fato?, acrescentou Fernando Correia Lima.
No caso do direto do hospital, os pais denunciaram porque ele tinha perdido o controle, faltava ao trabalho e ja tinha perdido dois empregos.