terça-feira, 1 de março de 2016


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Samu demora para chegar e jovem morre à espera de atendimento

22 / 01 / 2016 | 08h02
SIMONE QUEIRÓS

Vítima tinha 24 anos e sofreu um mal súbito. Ele aguardou mais de 50 minutos para ser socorrido

Jovem trabalhava com o pai em uma empresa
de locução publicitária
Jorge Willian dos Santos, de 24 anos, sofreu um mal súbito na rua e morreu à espera de atendimento em Vicente de Carvalho, Guarujá. Ele aguardou mais de 50 minutos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) antes de ser levado até um pronto-socorro em um carro particular. O pior: estava próximo de uma unidade de saúde onde havia uma ambulância parada.
O fato ocorreu na última quarta-feira (20), quando ele caminhava pela Rua Capitão Lessa, no Parque Estuário, e caiu na calçada após sentir-se mal. O Samu foi acionado, mas depois de 20 minutos, como o serviço não chegava, um conhecido foi de moto até a UPA São João, que fica pouco mais de um quilômetro distante, para pedir socorro.
“Em menos de três minutos ele chegou ao pronto-socorro. Ali tinha uma ambulância parada, mas ele foi informado de que ela não poderia sair dali e que só o Samu poderia atender a ocorrência”, disse ontem, durante o velório, o pai de Willian, Jorge Amâncio dos Santos, que estava indignado.
Segundo Amâncio, 40 minutos ainda se passaram sem atendimento. “Nisso, uma moça passou na porta da minha casa e disse que meu filho estava caído na calçada. Eu já pressenti que alguma coisa ruim tinha acontecido. Cheguei, e meu filho já estava sem vida. Decidi colocar ele no carro e levei até a UPA São João com a esperança que pudessem ressuscitá-lo, mas já era tarde”.
Depois, Amâncio soube que a ambulância só apareceu no local 50 minutos depois. “A saúde no Guarujá está um caos, está em colapso”. Willian tinha feito uma cirurgia de coração aos 5 anos e fazia acompanhamento frequente. Nos últimos dias, teria se queixado de cansaço ao subir escadas.
“Creio que, se meu filho tivesse recebido atendimento, poderia ter tido uma chance de sobreviver. Houve negligência por parte da Secretaria de Saúde de Guarujá”, acusa.
Familiares disseram que Willian adorava tocar bateria e saxofone. Ele trabalhava com o pai em uma empresa de locução publicitária. “Ele era meu braço direito”, conta Amâncio. Willian deixa mulher e dois filhos, de 5 anos e 3 meses. 
Prefeitura
A Prefeitura de Guarujá informou que a central de regulação para atendimento do Samu fica em Santos. A Secretaria de Saúde apura o chamado e o atendimento.
“A ambulância municipal que estava na unidade atendia a remoção de um paciente para internação. Esse tipo de veículo só está apto para esse tipo de transporte e não ao atendimento de urgência, como o Samu”, informou, em nota. “(...) Todos os fatos ocorridos em relação ao atendimento ao paciente estão sendo apurados”.

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