sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pai de professora


Pai de professora que morreu por hantavirose diz que houve falhas

'Venho trabalhar e finjo que ela ainda está em casa', conta o pai de Renata

29/03/2014 - 00:40

F.L.Piton / A Cidade
Roberto diz que morte da filha, Renata, ocorreu por erro em exame (Foto: F.L.Piton / A Cidade)
















A dor pela morte recente da filha obrigou Roberto Galvani, de 58 anos, a enganar a memória para conseguir ir em frente. “Venho trabalhar e finjo que ela está em casa. É uma forma de não ficar louco com a situação”.
Galvani é pai da professora Renata Galvani Chiaretti, de 36 anos, que morreu, segundo a família, porque a hantavirose só foi diagnosticada quando já não havia tempo para salvá-la.
Ela era casada há dez meses e vivia em Sertãozinho. Passou pelo prontoatendimento do plano de saúde cinco vezes, antes de conseguir ser internada. Faleceu no dia 10 deste mês, mesmo dia que foi constatado que ela estava com hantavirose e não dengue, como se acreditava inicialmente.
“Depois a gente descobriu que os pacientes com hantavirose não podem receber soro. Minha filha foi medicada de forma errada, porque não foi realizado o exame certo. Nem a radiografia dos pulmões foi feita a tempo”, desabafou o pai.
De acordo com Luiz Tadeu Figueiredo, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP (Universidade de São Paulo), a hidratação de pacientes com hantavirose precisa ser feita com muita atenção para evitar o acúmulo de líquidos nos pulmões.
De acordo com Roberto, o genro e a mulher dele estão em choque ainda. “Ninguém teve coragem de ir a casa onde eles moravam. Meu genro está morando na minha casa. A tristeza é muito grande”, falou o pai.
Segundo ele, a família não pensa em processar o plano de saúde (Sermed) pela alegas falhas no atendimento. “Nada vai trazer minha filha de volta”, afirmou.
Outro lado
A reportagem procurou a Sermed, mas o plano de saúde não possui assessoria de imprensa. Foi informado que a empresa falaria com o jornal da segunda-feira.
Taxa de cura é de 50%
Luiz Tadeu Figueiredo, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, afirmou que taxa de cura da hantavirose em São Paulo é de 50%. Segundo ele, o diagnóstico inicial é preponderante no sucesso do tratamento. “Não existe remédio contra a hantavirose. O paciente tem que ser assistido em uma UTI até o corpo vencer o vírus. A taxa de sucesso varia de região para região, mas em Ribeirão Preto chega a 50%”, explicou.
O especialista também ressaltou que a aplicação de soro precisa ser feita com muita cautela. “A hantavirose causa acúmulo de líquido nos pulmões, por isso requer um cuidado especial na hora da hidratação. A radiografia dos pulmões é uma das melhores formas de acompanhar a evolução da doença”, contou

Nenhum comentário:

Postar um comentário