quinta-feira, 5 de junho de 2014

Médico de Taubaté deixou paciente tetraplégico

  • 21 de outubro de 2011 | 
  • 0h48 | 
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  • Categoria: SaúdeSaúde Pública
    FERNANDA BASSETTE
    O médico Mariano Fiore Junior – um dos três condenados por tirar os rins de pacientes ainda vivos em Taubaté, a 130 km da capital, para usar em transplantes particulares – foi demitido do serviço público em 2010 e teve a aposentadoria cassada por conta de um erro médico: ele deixou um policial militar tetraplégico em 2005 após uma cirurgia de hérnia de disco.
    Fiore era médico-legista do Instituto Médico-Legal (IML) de Taubaté e estava de licença médica do serviço público quando operou o sargento aposentado da PM Francisco Roberto Lopes, que na época tinha 58 anos e trabalhava como segurança da Prefeitura.
    A cirurgia “de urgência” foi indicada por Fiore depois que Lopes machucou o ombro em uma queda durante uma partida de futebol. Ativo, ele passava horas praticando o esporte favorito – chegou a jogar no time da cidade.
    Sem fazer exame extra nem ter ideia dos riscos da cirurgia, Lopes saiu da mesa cirúrgica após nove horas sem nenhum movimento nos membros superiores e inferiores. Os familiares questionaram Fiore, que enviou Lopes de volta para a mesa cirúrgica no dia seguinte para tentar reverter a situação. “Com fisioterapia ele volta a andar em oito meses”, teria dito o médico.
    Fiore também teria fixado incorretamente a placa de sustentação que substituiu as vértebras retiradas na cirurgia. Lopes teve de ser operado novamente às pressas – dessa vez, a família viajou até São Paulo e a cirurgia corretiva foi feita pelo neurocirurgião Jorge Pagura. “Ele salvou a vida do meu pai”, diz a filha do PM, Silvia Helena Lopes.
    Demissão
    Após a cirurgia, a família registrou um boletim de ocorrência contra Fiore e o hospital. Foi aberto um procedimento administrativo na Secretaria da Segurança Pública, que resultou em sua demissão, publicada em agosto de 2010 no Diário Oficial do Estado.
    O laudo da perícia técnica concluiu que “a tetraplegia instalou-se em decorrência do primeiro ato cirúrgico” e que Lopes “sofreu um trauma medular por falta de habilidade do cirurgião”. Outro documento apontou negligência, imperícia e imprudência por “falta de aptidão para desempenhar a cirurgia”. Lopes faz fisioterapia três vezes por semana e conta com os quatro filhos e a mulher para se alimentar e tomar banho.
    A família do PM moveu duas ações contra Fiore: na cível, ainda aguarda o resultado do laudo, feito em 2009 no Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc). A ação criminal está no Tribunal de Justiça de São Paulo – Lopes perdeu em primeira instância “por falta de provas.” Questionado ontem sobre a demissão durante o intervalo do julgamento, Fiore disse que não poderia falar sobre o assunto.
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