quarta-feira, 4 de junho de 2014

Corpo de fotógrafo que morreu na porta de hospital no Rio é enterrado

03/06/2014 17h04 - Atualizado em 03/06/2014 17h05


Amigo de Luiz Cláudio, Hélio de la Peña acha que 'descaso' fica 'no ar'.

Marcelo ElizardoDo G1 Rio
Corpo de fotógrafo foi enterrado no São João Batista (Foto: Marcelo Elizardo / G1)Corpo de fotógrafo foi enterrado no São João Batista (Foto: Marcelo Elizardo / G1)













O corpo do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo foi enterrado por volta das 17h desta terça-feira (3), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. O idoso de 70 anos morreu após passar mal dentro de um ônibus em Laranjeiras. O motorista do coletivo chegou a levar o passageiro passando mal até a porta do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no mesmo bairro, mas nenhum médico o atendeu porque hospital não tinha emergência. Luiz Cláudio foi atendido por socorristas de uma ambulância do Samu, após cerca de 30 minutos.
Cláudio faria 39 anos de casado com Cecília Banhara Marigo no dia 11 de junho. "Em março fez 40 anos que nos conhecemos e começamos a namorar. Dedicou a vida inteira para o bem", disse a viúva.
O ator Hélio De la Peña conheceu Luiz Cláudio no Clube dos Observadores de Pássaros (Coa), que promove atividades no Jardim Botânico, na Zona Sul, uma vez por mês. O artista foi ao enterro acompanhado da esposa. "Era um cara super saudável, ativo. Era bem instigador. Mas deixa também uma questão no ar, a do descaso", disse o humorista.
Negligência médica
A família de Marigo acredita que houve negligência por parte do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), que teria se recusado a prestar atendimento à vítima. Como mostrou o Bom Dia Rio desta terça-feira (3), imagens feitas por um celular registraram o momento em que o fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, 63 anos, era socorrido pelos passageiros. O motorista parou em frente ao hospital, que é referência em doenças do coração, mas, segundo testemunhas, foi informado pelo INC que somente uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) poderia prestar o atendimento.
"É um absurdo completo ninguém ter prestado socorro. O motorista parou em frente ao hospital dizendo que um homem estava passando mal do coração e o hospital do coração não faz nada", lamenta Cecília Banhara, viúva de Luíz Cláudio.
Depois de dez minutos de espera, testemunhas contaram que funcionários do Samu que transportavam outro paciente para o Instituto de Cardiologia – fizeram a primeira reanimação. No vídeo, é possível ver uma tentativa de ressuscitar o idoso. Dentro do ônibus, bombeiros faziam massagens cardíacas, aplicavam injeções, mas já era tarde.
Victor Banhara Marigo, filho da vítima, pede que o caso seja investigado e acredita que não houve a atenção necessária por parte de uma instituição que é reconhecida na cidade como referência no atendimento cardiológico.
"Estava em frente ao hospital de cardiologia, que é referência no atendimento e tinha centenas de médicos. Eu acho que isso precisa ser investigado, mas me parece negligência e falta de respeito", disse.
Nota do INC
O INC informou, por meio de nota, que não houve tempo de prestar socorro ao homem que passou mal. "De acordo com a pessoa que o acompanhava, ele já apresentava dores fortes no peito quando o ônibus em que estavam parou em frente à unidade para pedir socorro. Apesar de não estar credenciado a atender emergências, o INC deixou a postos uma equipe de médicos e um leito para atendimento. Técnicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que estavam transportando outro paciente para o hospital, tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu. O homem não pode ser retirado do ônibus, pois o movimento dificultaria a reanimação", diz a nota.
Bombeiros
Quem viu a cena disse também que bombeiros foram chamados, mas que demoraram 20 minutos para chegar ao local. Nenhum médico ou enfermeiro do Instituto de Cardiologia apareceu no ônibus.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a coordenação médica da corporação foi acionada às 11h39. Uma ambulância do Humaitá foi enviada para o local e chegou às 11h59. Os bombeiros informaram  que realizaram os procedimentos para reanimar a vítima, mas o homem, de aproximadamente 70 anos, morreu no local. "A corporação se solidariza com a família e vai apurar as circunstâncias do atendimento internamente."
De acordo com informações da 10ª DP (Botafogo), a perícia foi feita no local, e o motorista e o cobrador do ônibus já foram ouvidos no inquérito. Outras duas testemunhas serão intimadas a depor. Ainda segundo a polícia, caso haja indícios de omissão de socorro, será apurada a responsabilidade.

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