segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Meninas de 4 e 5 anos morrem de meningite após diagnóstico de virose em SC

Marcella Franco, do R7
25/9/2015 às 00h20 (Atualizado em 25/9/2015 às 09h42)
Rafaella e Miriã tiveram diagnósticos erradosMontagem/R7/Arquivo Pessoal
Em julho de 2008, os pais de alunos de uma pequena creche em Santa Catarina ficaram surpresos com a notícia de que, naquele dia, em uma casa ali ao lado, um rapaz havia morrido de meningite.

Mãe da pequena Rafaella, de quatro anos de idade, Sandra Viana, na época com 25 anos, se preocupou por alguns dias, mas seguiu a vida normalmente até que, duas semanas depois, sua filha começou a ter febre alta à tarde e vômitos à noite.

No pronto-socorro, o diagnóstico foi de virose, e o médico mandou a família para casa. No entanto, poucas horas depois, Rafaella foi levada de volta ao hospital, onde precisou ser internada e passou a noite em observação. Ao tirar as meias da menina na manhã seguinte, a mãe notou manchas vermelhas nos pés da filha, e chamou a enfermagem.

— Eles a levaram para à UTI, e lá ela teve quatro paradas cardiorrespiratórias. No fim da tarde, ela entrou em parada novamente, tentaram reanimá-la sem sucesso. No laudo da autópsia, veio edema e congestão pulmonar, sendo que ela não teve nada. Na época, foi noticiado nos jornais daqui como meningite, mas o hospital nunca confirmou.

Rafaella estava com a carteira de vacinação em dia, e havia sido imunizada corretamente em postos públicos. Sandra explica que sempre cuidou deste assunto com atenção, já que é formada em enfermagem.
Dois anos depois da perda de Rafaella, Sandra engravidou novamente, e, hoje, Júlia tem cinco anos de idade. Traumatizada com a morte da filha mais velha, a mãe correu para vacinar a caçula contra meningite B assim que a imunização foi disponibilizada nas clínicas particulares.
— Pagamos R$ 500 em cada uma das duas doses.

Com uma história similar, Viviane Santos, de Palhoça, também em Santa Catarina, perdeu sua filha Miriã, de cinco anos, para a meningite.

O caso aconteceu há dois anos, quando a menina começou a ter febre e dor de cabeça. Os pais levaram-na ao pronto-socorro, e, também com diagnóstico de virose, foram mandados de volta para casa, com uma receita de antitérmico.
Em uma segunda visita ao hospital, mais uma vez Miriã teve alta. No terceiro dia, ela amanheceu com uma mancha roxa no rosto, náuseas e febre alta. Novamente a família foi enviada para casa, com o diagnóstico errado. Foi apenas na quarta tentativa que, finalmente, os médicos perceberam a gravidade do quadro — no entanto, já era tarde demais.

— Quando cheguei ao hospital ela já estava sem respirar, estava com aquele aparelho. Aí a gente pediu para ir para o hospital infantil, e fomos de ambulância do convênio. Mas ela já estava com sangue nos olhos, foi muito triste. Quando chegamos lá, os médicos já sabiam.

Miriã passou apenas 15 minutos na UTI antes de morrer. Segundo a mãe, a equipe médica que a atendeu neste segundo hospital avaliou que houve erro médico nos primeiros atendimentos no outro pronto-socorro. Os pais da menina agora processam o primeiro profissional, que os mandou de volta para casa, o que agravou o quadro da criança.

— Passamos uma semana levando-a aos médicos, mas todos falavam que era virose. A médica se surpreendeu com como o outro médico não havia visto que era meningite. Aqui no Sul tem surto de meningite. Ela foi a quarta criança que morreu. Na UTI no hospital infantil tinha mais uma criança também com meningite, mas, como o médico que o atendeu descobriu a doença, ele sobreviveu.

Desde a morte da filha, Viviane, agora com 29 anos, não teve mais filhos e desenvolveu depressão, precisando abandonar o trabalho.

— Meu marido é quem cuida de mim. Fizemos de tudo por ela, mas, quando Deus quer, não adianta nada.

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