quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Número de cirurgias plásticas entre adolescentes quase triplica em 4 Anos.


Fantástico
Número de cirurgias plásticas entre adolescentes quase triplica em 4 anos
Estética é o principal motivo que leva 60% dos pacientes a enfrentar um bisturi, no Brasil.
18/08/2013 21h19 - Atualizado em 18/08/2013 21h19

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O Fantástico pergunta: você deixaria seu filho adolescente fazer uma cirurgia plástica? A cada ano aumenta cada vez mais o número de pacientes menores de idade que procuram esse tipo de operação. Mas será que passar por um procedimento desses é mesmo necessário durante a adolescência?
“O que me incomodava era sentar e ficar aquela gordura caindo na calça jeans”, conta a jovem Ana. 
“Nunca tinha feito uma coisa tão grande assim, tão radical. Mas foi tranquilo”, diz André.
“Para que eu vou me matar na academia se é só colocar um silicone no bumbum?”, questiona Emily.
“O meu sonho era fazer a cirurgia, e graças a Deus eu fiz”, comemora Gabriela.
Todos esses jovens fizeram cirurgias plásticas com autorização dos pais. Eles sãp parte de uma estatística que aumenta ano a ano. Entre 2008 e 2012, o número de cirurgias plásticas em adolescentes quase triplicou.
A adolescência é uma fase de grandes transformações no corpo e de muitas insatisfações com a aparência. Mas como saber se a queixa de um adolescente é apenas uma vaidade ou um problema que pode precisar de cirurgia plástica? Qual o papel dos pais na hora de autorizar ou não uma intervenção?
“Falei para minha mãe que eu queria fazer e eu precisava fazer. Minha mãe também tinha muito medo. Ela custou a deixar eu fazer”, conta a adolescente Gabriela Souto, de 15 anos.
“Procurei um cirurgião. Na hora que ele olhou ela, ele falou 'não, o caso dela é de cirurgia mesmo. Já está prejudicando a coluna dela’”, lembra a mãe da jovem, Wagna Araújo.
Desde os 12 anos Gabriela sofria com o tamanho da mama - tamanho 56. “Doía. Tanto é que criou um caroço aqui na coluna. Sentia muita dor nas costas. Agora, não sinto nada. Agora é 44”, conta a menina.
No caso do André, foi a mãe quem tomou a decisão.  “O André tinha uma postura bem feia. Ele vivia encurvado. E nos últimos tempos ele já não queria mais ir à piscina”, disse a mãe, Débora Mathias.
“Eu não gostava muito de falar com ninguém sobre esse assunto. Não me sentia confortável. Mesmo com a minha mãe, com meu pai”, relata o adolescente de 14 anos.
“Eu fui bastante objetiva e direta: ‘o que está lhe incomodando é a mama?’ Ele disse: ‘é’. Eu falei: ‘então eu vou resolver isso agora’”, lembra a mãe.
A cirurgia plástica corrigiu a ginecomastia, o desenvolvimento exagerado das mamas nos meninos.
“A ginecomastia é bastante frequente. Ela pode acometer 50% dos meninos em um determinado momento do seu desenvolvimento puberal. É uma cirurgia bastante indicada, porque ela permite que o adolescente fique bastante feliz”, destaca a pediatra Eloísa Grossman, do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente da Uerj.
“Depois que ele voltou da cirurgia ele parecia outra pessoa. É como se aquilo fosse de fato, tivesse funcionado como uma libertação pra ele”, conta a mãe.
As plásticas de André e Gabriela eram reparadoras. “É aquela que vem reparar alguma coisa que não está normal ou não está funcionando bem”, destaca a médica.
Mas nem sempre é esse o motivo dos adolescentes procurarem um cirurgião. A estética é a principal razão que leva 60% dos pacientes a enfrentar um bisturi no Brasil. 
“Nos meninos, as mais procuradas são as orelhas de abano e ginecomastia.  E na adolescente mulher, é lipoaspiração e prótese de mama. Quando a gente concorda em operar, é quando ele é biologicamente um adulto. Quando o corpo dele já é o que vai ser dali para frente”, explica José Horácio Aboudib, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Aboudib esclarece que um adolescente nem sempre pode se operar simplesmente por vaidade:  “Isso tem que ser muito bem avaliado pelo médico, conversado com o paciente, com o adolescente e com a família. O adolescente quer tudo para ontem e ele tem que aprender um pouco a ouvir não”.
Mas nem sempre a maturidade acompanha o desenvolvimento do corpo.
Uma adolescente de 15 anos botar silicone é justificável dependendo do caso, segundo José Horácio.
Ana Luiza não gostava nem de tirar fotos por vergonha dos seios, que considerava pequenos. “Eu tinha meio receio de usar biquíni. Eu ficava meio sem graça de ver as meninas com peito e eu sem nada”, conta a adolescente que aos 16 colocou silicone.
“Estava muito ansiosa já, estava passando da hora de eu colocar peito”, disse.
Ela fez também uma lipoaspiração. “Foi junto com a cirurgia do silicone. Já aproveitei e já fiz tudo”, ela lembra.
Só que agora, ela quer mais. “Ainda tenho algumas insatisfações. Eu mudaria minha perna. Mas, tirando isso, meu peito e minha barriga”, revela.
“Como pai, eu sou contra. Como médico, posso entender os motivos dela”, avalia o cirurgião plástico Lúcio Bonetti. 
Julio é o pai de Ana e também cirurgião plástico. “Quando você faz uma cirurgia dessas, tem que entender que não é igual a uma roupa. A cirurgia plástica não vai substituir o efeito do psicólogo. O acompanhamento psicológico é importante. Mas é importante que você trabalhe em conjunto”, destaca.
“Os pais têm muita dificuldade de contrariar, de dizer não aos filhos, o que abre um precedente muito perigoso. Que as dificuldades humanas, pelas quais os adolescentes passarão o resto da vida, podem ser resolvidas por vias mágicas. Na grande maioria dos casos, reaparecerá a insatisfação. Agora não está mais no seio, mas pode estar no joelho, no nariz, na barriga”, explica o psicólogo César Ibrahim.
As gêmeas Katlyn e Emily procuraram um psicólogo antes de aumentar os seios, aos 17 anos.
“Ele sempre falava pra mim que, às vezes, a gente estava em busca de uma perfeição que não existia”, lembra Emily.
“Você acha que você precisa disso? Não, não preciso. Mas eu acho que eu vou me sentir melhor. E me senti bem melhor”, conta irmã, Katlyn.
“O que tem que ser pensado é se essa insatisfação deve ser trabalhada como uma correção radical ou se deve se entender que esse é o momento dessas mudanças”, destaca a pediatra Eloísa Grossman.
“Muita conversa. Tem que ter um monte de opiniões de profissionais diferentes para que se possa ter segurança na realização e na indicação da cirurgia”, orienta José Horácio Aboudib.
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