segunda-feira, 2 de novembro de 2015


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Menina morre de meningite após demora para diagnóstico em Guarujá

02 / 06 / 2015 | 21h12
GABRIEL OLIVEIRA

Ela passou três vezes pelo PAM da Rodoviária, mas só foi diagnosticada quando seu estado de saúde era crítico; em Santos, houve outro caso, mas menino não morreu

Maria Eduarda morreu de meningite após negligência
Uma menina de 1 ano e 3 meses morreu após contrair meningite meningocócica em Guarujá. Com febre alta e vômito, Maria Eduarda Nascimento de Souza passou três vezes pelo Pronto Atendimento Médico (PAM) da Rodoviária antes de ser transferida em estado gravíssimo para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Santo Amaro, onde faleceu às 2h31 dessa segunda-feira (1º). É a terceira morte pela doença na Baixada Santista em 2015.
O pai da criança, Clecio Brito de Souza, conta que os sintomas começaram na sexta-feira (29), quando Maria Eduarda acordou com febre e vômito. Na primeira ida à unidade de saúde, a médica pediu exames de sangue e urina e receitou dipirona.
Liberada, a menina voltou para casa e, no sábado (30), teve que retornar ao PAM. De acordo com a médica, o exame de sangue não apontou nenhum problema, mas, diante do estado de saúde da filha, Clecio ainda pediu que Maria Eduarda ficasse em observação. "Perguntei se não seria o caso de dar soro para hidratá-la e deixá-la em observação. Ela respondeu que soro não era para matar fome", afirma o pai, reclamando do descaso no atendimento. "Deram uma injeção para cortar o vômito e a febre".
No domingo (31), quando acordaram, os pais perceberam que a garota estava com o lábio roxo, a língua esbranquiçada e a bochecha com hematomas. Levada novamente ao PAM, Maria Eduarda teve convulsões. "Eu me desesperei porque minha filha começou a ficar roxa", relata Clecio. Por conta de seu estado crítico, a criança teve que ser transferida em ambulância para o Hospital Santo Amaro, onde deu entrada diretamente na UTI. Foi só lá que a equipe médica retirou líquido da espinha dorsal dela, confirmando o caso de meningite meningocócica, provocada por bactérias, a forma mais grave da doença.
"Ela chegou no Santo Amaro praticamente morta", conta o pai. "Fomos três vezes no PAM da Rodoviária. Na primeira, mandaram embora, na segunda, deram injeção e, na terceira, a menina morreu. Alguém tem que ser responsável pela vida da minha filha. É preciso tomar providências", desespera-se, entre lágrimas. 
Menina esteve três vezes no PAM da Rodoviária
Em nota, a Secretaria de Saúde de Guarujá lamentou a "perda irreparável da menina Maria Eduarda e está à disposição dos familiares por meio dos funcionários da Usafa Jardim Brasil". Segundo a Prefeitura, a criança apresentou "sintomas gerais sem gravidade, foi medicada e liberada" no primeiro atendimento.
A Secretaria ainda informou ter realizado "o bloqueio químico no bairro que a menina morava", o Morrinhos 4, e que "aguarda alguns exames para identificar o agente causador da infecção".
Neste ano, outras duas mortes por meningite foram registradas na região. Em 26 de abril, Rafaella Oliveira Gomes, de 6 anos, morreu no Hospital Municipal de Cubatão. Em 10 de maio, outro morador de Cubatão, o aposentado Aloísio Pereira do Nascimento, de 66 anos, faleceu no Hospital Ana Costa, em Santos.
Outro caso
Em Santos, as providências tomadas pelo Poder Público em relação à contenção da doença, na semana passada, provocaram indignação de pais de alunos da Escola Cidade de Santos, onde um estudante, do 9º ano, também contraiu meningite.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o adolescente, de 15 anos, apresentou os primeiros sintomas em 23 de maio, sendo internado dois dias depois na Casa de Saúde de Santos. Ele não corre risco de morte e deve ter alta nesta quarta ou quinta-feira.
O exame de líquor deu como resultado meninginte compatível com o tipo viral, mas, como um dos sintomas - a presença de manchas vermelhas na pele - é mais comum em doenças do tipo meningocócica, os alunos da sala onde o garoto estuda e os professores receberam medicação preventiva na sexta-feira, quando ocorreu uma reunião de representantes da Secretaria de Saúde com os pais.
"Falaram que, a princípio, era meningite viral, mas que tinha virado bacteriana", conta a dona de casa Fabia de Souza Chagas Nunes dos Santos, de 39 anos, mãe de um estudante da mesma classe do jovem com a doença. "Eles deram uma uma cartela com oito comprimidos. Era para tomar dois de manhã e dois à noite na sexta-feira e no sábado a mesma coisa. Eu fiquei preocupada".
Mais preocupados ainda ficaram os pais dos estudantes de outras salas, que não receberam a medicação. "Eu achei errado, porque, como a criança anda na escola inteira e outras crianças entraram na sala, todos deveriam ser imunizados", reclama a vendedora Priscila Tavares, de 36 anos, mãe de um estudante do 7º ano, ressaltando que os responsáveis não haviam sido comunicados e só souberam do caso na segunda-feira.
A Seção de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Santos aguarda o resultado de cultura do sangue do paciente para comprovar a presença de bactéria na corrente sanguínea.

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