quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Com média de 17 casos por mês, vítimas de erro médico em MS reclamam de punições

Com média de 17 casos por mês, vítimas de erro médico em MS reclamam de punições

O presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul (Avem), Valdemar Moraes de Souza, reclamou nesta segunda-feira (25) da apuração nas denúncias de erro médico feita pelo Conselho Regional de Medicina de MS. "Os casos de erro médico no estado precisam ser melhor investigados, aumentando as punições quando necessário", disse.
Segundo Valdemar, desde julho de 2007, data de fundação da Associação, até os dias de hoje, a Avem registrou 406 casos de vítimas decorrentes de erros médicos. Apesar da média de uma reclamação a cada três dias, os dados oficiais do Conselho têm ainda mais casos. Somente neste ano, já são 133 denúncias registradas no órgão.
Mesmo assim, os pacientes acham que as punições são poucas. “Não temos nada contra o CRM, mas tenho certeza que a partir do momento que eles aumentarem as punições, a sociedade terá um bom retorno e os erros diminuirão”, propõe Valdemar.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS), Juberty Antônio de Souza, nega que faltam punições. “Toda denuncia feita no CRM é apurada, exceto as anônimas. Os processos abertos ocorrem da mesma forma como na esfera criminal, onde todos os envolvidos são chamados e investigados, nenhum caso passa despercebido, se for verificado irregularidade, é aberto um processo ético, se não, ele fica arquivado”, explica.
Segundo o médico, só no ano passado de janeiro a dezembro 207 denúncias foram feitas ao CRM, das quais em 54 os acusados receberam punições leves, como advertências confidenciais, suspensão da atividade por 30 dias ou censura pública.
Apesar do alto número de denúncias, Juberty conta que apenas um caso em 2010 levou à cassação do exercício médico. Ele se refere ao caso do médico Marcus Vinicius Carreira Bentes, major urologista acusado de abusar sexualmente de uma paciente durante uma consulta no Hospital Geral de Campo Grande, o Hospital Militar.
A Associação das Vítimas diz que os casos não param de surgir, e a opção é ir diretamente à Justiça. A Avem-MS jã prepara uma ação contra o Hospital Evangélico de Dourados depois que um recém-nascido apresentou uma perfuração no esôfago, logo após o parto, em uma cirurgia realizada há pouco mais de 30 dias.
Depois do parto, a criança sofreu paradas cardiorrespiratórias e a família encaminhou a menina às pressas de avião na última quarta-feira (20) até o hospital El Kadri em Campo Grande, onde a perfuração do esôfago foi constatada.
“Os casos mais graves nem levamos ao CRM, pois a punição deles não tem validade, é um corporativismo muito grande, isso prejudica o processo, dificilmente um médico será punido, hoje, só casos gravíssimos como o caso Rondon, são resolvidos em parte. Eles abrem sindicâncias, fazem tudo judicialmente correto, e depois a vítima recebe em casa uma carta dizendo que o processo foi arquivado. Para nós da associação, o CRM deixa muito a desejar”, critica Valdemar.
Mais perigoso que avião
Um outro caso apurado pela Avem é o de Patrícia Dias Bardela, de 19 anos. Há cerca de 25 dias, o filho dela nasceu morto após uma cirurgia realizada na Santa Casa de Campo Grande. Patrícia contou a Avem-MS que fez o exame pré-natal no posto de saúde da Vila Sílvia Regina, região Oeste da Capital, mas o médico não a orientou a fazer sequer um ultrassom.
Ao sentir contrações, ela foi até o mesmo posto, que fica perto de sua residência e rapidamente foi encaminhada para a Santa Casa, porém de forma incorreta, sem haver os devidos registros para o encaminhamento. Devido ao fato, ela precisou aguardar por mais tempo, e com isso, acabou perdendo o bebê. Ao realizar a cirurgia, ele foi retirado morto da barriga da mãe. Segundo o presidente da Avem, a associação apura o caso com ajuda da Justiça.
Risco mundial
Nesta última quinta-feira (21) a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que ir a um centro médico é mais arriscado do que viajar de avião. Segundo a pesquisa da Organização, milhões de pessoas morrem todos os anos em decorrência de erros médicos e infecções adquiridas em hospitais, e o risco de um passageiro morrer numa viagem aérea é de cerca de um em dez milhões de pessoas, enquanto a chance de ser vítima de um erro médico é de uma em dez.
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