segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Médico pioneiro em cirurgias de troca de sexo na mira da polícia

Médico pioneiro em cirurgias de troca de sexo na mira da polícia

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São Paulo - Primeiro urologista a realizar cirurgias de mudança de sexo desde que o procedimento foi autorizado no País em 1998, o médico Carlos Adib Cury é investigado pelo Conselho de Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) por não cumprir a legislação que regulamenta este tipo de cirurgia no Brasil.

O Cremesp anunciou nesta quarta a abertura de sindicância para investigar as cirurgias realizadas por Cury no Hospital de Base de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. O local foi o primeiro hospital do País a realizar cirurgia de troca de sexo, mas deixou de atender o SUS em 2008.

"Segundo as denúncias, ele (Cury) não estaria cumprindo resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que obriga o paciente a passar pelo acompanhamento de uma comissão multidisciplinar antes de ser submetido à cirurgia", diz o conselheiro Pedro Teixeira Neto, do Cremesp em Rio Preto.

De acordo com o conselheiro, Cury é acusado de há 20 dias submeter a transexual L.S., de 22 anos, à cirurgia sem encaminhá-la ao acompanhamento da comissão, que é formada por psicólogo, psiquiatra, assistente social e outros profissionais, e tem a responsabilidade de dizer se o paciente está preparado ou não para a cirurgia. L.S. mora no Rio de Janeiro e foi para Rio Preto para passar pela cirurgia. De acordo com Teixeira Neto, ela e outras testemunhas, assim como Cury, devem ser ouvidas após o Carnaval.

Cury negou a irregularidade e disse que sua conduta foi correta. "Essa denúncia não condiz com a realidade porque neste caso específico a paciente não precisava passar pelo acompanhamento da comissão, uma vez que já tinha sido acompanhada por uma psicóloga, no Rio, por cinco anos", disse.

Segundo Cury, o caso da L.S. ainda é diferente da maioria dos transexuais, porque ela tem uma carga genética feminina maior que das outras, a chamada Síndrome de Clinefelter. "Além disso, ela passou, aqui em Rio Preto por uma consulta de quatro horas de uma psicóloga, que nos informou que ela estava apta para passar pela cirurgia", completou o médico.

"Ela (L.S.) já divulgou uma carta na qual diz que está feliz com o procedimento", afirmou. "Nunca houve um caso de arrependimento de algum paciente", completou, afirmando que desde que a cirurgia foi liberada no Brasil de forma experimental em 1998, ele operou 96 pessoas. Atualmente faz cerca de 10 cirurgias de troca de sexo por ano.

Médico pioneiro em cirurgias de troca de sexo na mira da polícia - O Dia
 

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