quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Médica diz em depoimento que estava apta a realizar procedimento

 


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Wellington Serrano –
A médica Geysa Leal Corrêa, responsável por fazer a lipoescultura na professora Adriana Ferreira, de 41 anos, que morreu na segunda-feira, chegou à 77ª DP (Icaraí) na tarde de ontem e prestou depoimento durante duas horas e meia. De acordo com a delegada titular da unidade, Raíssa Celles, a médica será investigada e já na manhã de hoje a clínica também será periciada.
Na defesa de Geysa, o advogado Limark Camaroff, explicou o depoimento e disse que sua cliente estava habilitada para a prática de qualquer ato médico, apesar da falta de autorização dos órgãos técnicos “Ela não é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, mas tem a capacidade de praticar qualquer ato médico, inclusive de cirurgia plástica”, disse o advogado.
Ele disse que uma lei federal delimita as atuações de qualquer médico. “Ela não é membro da sociedade, mas é responsável pessoalmente por qualquer ato. Ela tem especialização que estudou e tem responsabilidade pelo procedimento”, afirmou o advogado ao reforçar que tudo não passou de uma fatalidade.
O advogado alegou que o procedimento foi adequado, mas que após sete dias da cirurgia, gerou o efeito esperado sendo que para que fosse atingido o resultado buscado pela autora, haveria a necessidade de outras aplicações e até mesmos outros procedimentos estéticos, o que não foi possível por conta da condição financeira da autora. Ele disse que depois do acontecimento a médica pretende mudar sua conduta. “Aprendemos com as questões que acontecem, ela vai tomar mais cuidado para que novos casos aconteçam”, disse. Adriana Ferreira havia pago R$ 5.200 pelo procedimento que pode ter levado a sua morte.
Segundo a delegada Raíssa Celles, o depoimento procurou saber se Geysa como médica sem a especialidade em cirurgia plástica se poderia ter realizado a lipoescultura ou não. “Ela explicou que pode fazer qualquer cirurgia mesmo sem ter a especialidade, mas alegou ter feito a especialização tanto em cirurgia como em cirurgia plástica”, ressaltou Celles.
Ela disse que além das perícias e conversa com os funcionários, vai ouvir os órgãos técnicos para ter a definição se essa cirurgia poderia ou não ser realizada da maneira como foi, aguardar a complementação do exame cadavérico para poder ter uma real percepção do que aconteceu. A médica continuará exercendo a profissão. “O que nós estamos apurando é se a morte da paciente foi decorrente do ato cirúrgico realizado. Se há algum nexo de causalidade entre este ato e o falecimento da vítima”, explicou a delegada.
Caso seja provado que não poderia realizar a cirurgia a médica pode ser acusada por homicídio culposo devido a imperícia. “Precisamos ter essa resposta antes de tomar qualquer decisão. Só irei me manifestar depois de colhidas todas as provas e ouvir todos os órgãos envolvidos, faremos isso o mais rápido possível para dar essa resposta a sociedade”, disse Celles.
CONFUSÃO
Na chegada Geysa foi cercada por manifestantes que a defendiam. O grupo intitulado “Divas da Dra. Geysa”, com quase 20 pacientes e amigas da médica, se reuniu em frente à delegacia para apoiá-la. Com agressividade, algumas chegaram a agredir uma jornalista que se defendeu com um microfone e foram acusadas de quebrar um retrovisor de uma viatura da polícia que estava estacionada em frente a delegacia. Elas gritavam o nome da médica e tiravam muitas fotos. Uma mulher que foi tirar satisfação com uma jornalista de uma TV carioca, que teve o braço arranhado, respondeu que “estava trabalhando”.
Uma das manifestantes, que não quis se identificar, disse que já tinha feito alguns procedimentos com Geysa e a defendeu. “O que estão fazendo com ela de julgar sem conhecimento é algo terrível, mas estamos aqui para protegê-la. Queremos provar que a doutora Geysa é uma profissional maravilhosa”, afirmou a mulher. O consultório que funciona em um prédio comercial na Rua Otávio Carneiro, em Icaraí, Niterói, foi interditado na tarde de ontem pela polícia civil e será periciado.
ENTENDA O CASO
Adriana morreu na última segunda-feira. De acordo com um parente, que pediu para não ser identificado, a professora fez uma lipoaspiração nas laterais do abdômen e um implante de gordura nos glúteos, e se recuperava bem do procedimento. No entanto, durante a madrugada da última segunda-feira ela passou mal em casa e morreu antes de ser levada ao hospital.
No Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) o registro de Geysa consta como em dia. No perfil de uma rede social, a médica oferece serviços de plástica e costuma postar imagens de pacientes antes e depois de procedimentos estéticos como o realizado por Adriana o que é considerado errado.
Geysa Leal tem três processos cíveis por erro médico no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em todos os casos as partes autoras pediram indenização por dano moral. Num deles, a paciente alega que se submeteu ao procedimento de bioplastia de glúteos para aumento de suas medidas na região, mas afirma que não obteve o resultado pretendido, e que não teria ocorrido qualquer mudança estética após o procedimento.

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