domingo, 1 de abril de 2018

Polícia suspeita que medicação errada matou mulher em hospital de Franca


Polícia suspeita que medicação errada matou mulher em hospital de Franca
Fotógrafa de 46 anos recebeu anestésico na veia e sofreu parada cardíaca. Santa Casa instaurou sindicância para apurar troca de substância pela equipe.
01/02/2017 07h00 - Atualizado em 01/02/2017 07h00
Do G1 Ribeirão e Franca
A Polícia Civil investiga a suspeita de negligência médica na morte de uma fotógrafa de 46 anos na Santa Casa de Franca (SP). A família alega que a equipe de enfermagem trocou a medicação que estava sendo ministrada em Zélia Lúcia Barbosa Moreira, durante um tratamento para disfunção renal.
Em nota, o hospital lamenta o ocorrido e informa que instaurou uma sindicância para apurar o caso. No boletim de ocorrência registrado pela instituição, consta que Zélia morreu em decorrência da aplicação equivocada de um anestésico, no lugar do medicamento correto.
Zélia estava na unidade na quarta-feira (25) para realização de uma pulsoterapia, tratamento que consiste na ministração de altas doses de medicamentos em um curto período de tempo. A terapia foi indicada para o controlar a doença de Berger, que é autoimune e prejudica o funcionamento dos rins.
A fotógrafa Zélia Lúcia Barbosa Moreira passava por tratamento de pulsoterapia no hospital Santa Casa de Franca (Foto: Reprodução/Facebook)A fotógrafa Zélia Lúcia Barbosa Moreira morreu na Santa Casa de Franca (Foto: Reprodução/Facebook)
O marido da fotógrafa, Marcelo Moreira, conta que Zélia era internada por um dia para receber o medicamento intravenoso por seis horas seguidas. A cada três horas, uma enfermeira injetava outra substância para diminuir os efeitos colaterais.
“Ela tinha me avisado por mensagem que estava finalizando o tratamento e o médico já tinha, inclusive, assinado a alta dela. Depois de 15 minutos, meu filho me ligou desesperado, avisando que ela teve uma convulsão e tinha sofrido uma parada cardíaca”, diz.
O filho do casal, Marcelo Moreira Júnior, relembra o momento em que a técnica de enfermagem aplicou a substância errada na mãe, que começou a relatar mau estar e, logo depois, sofreu a parada cardíaca.
"A enfermeira chegou com duas injeções. Na primeira, a minha mãe disse que sentiu tontura, e, na metade da segunda, pediu para a moça parar. Mas, foi muito rápido. Em questão de segundos ela começou a convulsionar e me pediram para sair do quarto", afirma.
Enfermeira usou dez ml de cloridrato de ropivacaína (um anestésico que não pode ser usado por via intravenosa), ao invés de aplicar antitóxico (Foto: Reprodução/ETPV)Ampola de cloridrato de ropivacaína aplicada na vítima foi apreendida (Foto: Reprodução/ETPV)
No boletim de ocorrência, consta que Zélia recebeu 10 mililitros de cloridrato de ropivacaína, um anestésico usado em centros cirúrgicos e que não pode ser aplicado por via intravenosa, no lugar de mitexan, um antitóxico,
“Eu me pergunto: quem entregou [o medicamento] na mão da técnica de enfermagem? Até agora, ninguém me procurou, nem o médico, e nem a Santa Casa. Eu queria entender o que aconteceu, por que isso aconteceu”, afirma o marido.
Investigação
A Polícia Civil informa que espera o resultado da necropsia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML) para esclarecer a causa da morte. Entretanto, familiares da vítima e funcionários da Santa Casa já estão sendo convocados para prestar depoimento.
O caso está sendo investigado como homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar.
Criança está internada em estado grave na Santa Casa de Franca (Foto: Márcio Meireles/EPTV)Santa Casa de Franca (Foto: Márcio Meireles/EPTV)
Sindicância
Em nota, a Santa Casa confirma que a fotógrafa estava internada para realização de pulsoterapia e, ao final do procedimento, sofreu uma parada cardiorrespiratória. O hospital alega que todas as medidas de ressuscitação necessárias foram feitas pela equipe médica. 
"Ao tomar ciência dos fatos, em especial da dúvida quanto à causa da morte da paciente, a Santa Casa de Franca abriu sindicância interna para apurar os fatos e procurou a autoridade policial para comunicar o ocorrido", diz o comunicado.
Já o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) informa que a apuração do caso seguirá sob sigilo processual, previsto em lei. Após a averiguação dos fatos, se forem constatados indícios de infração, será instaurado um processo ético-profissional.
"As profissionais poderão receber as penalidades previstas na Lei 5.905/73, sendo elas: advertência, multa, censura, suspensão temporária do exercício profissional ou cassação do exercício profissional", diz a nota.
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COMENTÁRIOS
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  • Elias Neto
    HÁ UM ANO
    Cada vez mais pessoas querem se formar em medicina pura e simplesmente por status! Tenho cada vez mais medo das novas gerações de profissionais incompetentes que vem aumentando vertiginosamente...

    • Paula Tejano
      HÁ UM ANO
      Seus burros, o erro não foi médico. Foi da enfermagem. Dá pra ler a reportagem direito ou tá difícil?
      • Heleno Moraes
        HÁ UM ANO
        Pelo que vejo se alguém morre atropelado em frente a um hospital...
      • Who I
        HÁ UM ANO
        Não entendo porque a globo insiste em fazer essa demonização da classe médica.... Qual foi o médico negligente nesta situação??
        • Paula Tejano
          HÁ UM ANO
          Leiam a reportagem direito antes de falar asneira. O erro foi da enfermagem e não médico. Parem de falar mal de graça de quem cuida de vocês quando vocês precisam...
          Ribeirão e Franca

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