Polícia identifica sexto falso médico que atuava na região de Sorocaba
Falsos profissionais atuavam em Alumínio, São Roque e Mairinque. Investigação vai apontar se os verdadeiros médicos sabiam da prática.
20/07/2015 17h09 - Atualizado em 20/07/2015 17h24
A Polícia Civil de Sorocaba (SP), que investiga o caso dos falsos médicos que estavam atuando em unidades de saúde da região, descobriu mais uma pessoa suspeita de estar envolvida na fraude. Ao todo, segundo o delegado seccional Marcelo Carriel, seis pessoas que exerciam irregularmente a função estão sendo investigadas. "Entre eles, um já morreu em questão de um mês, mas vamos investigar os atendimentos e ouvir o verdadeiro médico a qual ele utilizava o registro".
Entre eles [falsos médicos identificados], um já morreu em questão de um mês"
Marcelo Carriel, delegado
Uma reunião foi realizada na manhã desta segunda-feira (20), na Delegacia Seccional de Sorocaba, para definir os rumos e as estratégias da investigação do caso. Os suspeitos usavam a qualificação e oregistro profissional de outros médicos para atuarem de forma irregularem unidades de Alumínio, Mairinque e São Roque, cidades do interior paulista.
"Vão ser feitos agora os cruzamentos de dados das informações que constam nos documentos apreendidos [durante a operação] e a eventual identificação de mais pessoas que falsamente trabalhavam como médicos e utilizavam tanto do registro quanto da qualificação dos médicos verdadeiros", explica Carriel.
Ainda segundo o delegado, a investigação também irá apontar se os médicos verdadeiros tinham conhecimento do uso de seus registros e qualificação pelos falsos profissionais. "Estamos em contato com boa parte desses médicos – que constam como vítimas – mas alguns estão sob suspeita de que tinham conhecimento, logo alugavam o CRM para que outros exercessem falsamente a medicina".
Falsos médicos
Dos médicos irregulares descobertos, apenas três tiveram as identidades divulgadas pela polícia. Eles são Pablo do Nascimento Mussolim, que utilizava o CRM e o nome de Pablo Galvão, um médico do Rio Grande do Norte; Natani Thaisse de Oliveira, que trabalhava com os documentos de Natalia Oliveira, cuja localização ainda não foi confirmada pela polícia, e outra mulher identificada apenas como Vilca, que utilizava o CRM de Cibele Lemos, profissional que trabalha no extremo norte do estado.
Dos médicos irregulares descobertos, apenas três tiveram as identidades divulgadas pela polícia. Eles são Pablo do Nascimento Mussolim, que utilizava o CRM e o nome de Pablo Galvão, um médico do Rio Grande do Norte; Natani Thaisse de Oliveira, que trabalhava com os documentos de Natalia Oliveira, cuja localização ainda não foi confirmada pela polícia, e outra mulher identificada apenas como Vilca, que utilizava o CRM de Cibele Lemos, profissional que trabalha no extremo norte do estado.
Na última quinta-feira (16), Pablo e Natani foram detidos pela polícia e levados para a delegacia de Mairinque para serem ouvidos. A suspeita da polícia é que os dois tenham se formado em faculdades de medicina estrangeiras, cujos diplomas não têm validade no Brasil e, por isso, utilizavam CRMs de terceiros.
Com relação a Vilca, a polícia ainda não sabe o seu paradeiro."Ela não deu qualquer indicativo, assim como também o seu advogado, de que se apresente. É uma oportunidade que ela tem de esclarecer os fatos. Se essa questão da falta de localização, de onde ela se encontra e se ela está a disposição da polícia para esclarecimentos, eventualmente até a prisão dela pode ser decretada", finaliza Carriel.
À esquerda, a falsa médica; à direita, perfil da
verdadeira profissional (Foto: Reprodução/TV Tem)
verdadeira profissional (Foto: Reprodução/TV Tem)
60 óbitos
Entre os documentos apreendidos na operação da Polícia Civil na última sexta-feira (17), estavam pelo menos 60 declarações de óbito assinadas pelos falsos médicos. A informação é da delegada Fernanda Ueda. O material foi recolhido em São Roque.
Entre os documentos apreendidos na operação da Polícia Civil na última sexta-feira (17), estavam pelo menos 60 declarações de óbito assinadas pelos falsos médicos. A informação é da delegada Fernanda Ueda. O material foi recolhido em São Roque.
"Essas declarações foram feitas por quatro pessoas que, em tese, não teriam habilitação. Também não se descarta que eles tenham feito a prática médica e o óbito tenha sido declarado por outro profissional. Existe uma semelhança muito grande entre os médicos falsos com aqueles dos quais eles utilizavam o CRM ", explica Ueda.
O delegado seccional Marcelo Carriel diz que a investigação deve averiguar esse envolvimento dos falsos médicos com os óbitos. ”Agora é a investigação para se constatar se esses óbitos são decorrentes de um mau atendimento ou da falta de um atendimento adequado, como um encaminhamento que não deveria ocorrer, ou se qualquer coisa desse tipo que tenha levado ao óbito dessas pessoas".
A Innovaa, empresa prestadora de serviços responsável pelas contratações dos médicos, emitiu uma nota sobre o caso. De acordo com o comunicado, as admissões foram feitas com base na apresentação dos documentos pessoais e do registro do profissional no Conselho Regional de Medicina (CRM) e, no caso dos médicos irregulares, todos os documentos apresentados condiziam com profissionais médicos registrados no CRM. Segundo a empresa, a falsificação desses documentos não foi detectada, inclusive porque as fotos dos profissionais só passaram a aparecer no site do Cremesp no dia 6 de julho.
Pablo, Natani e Vilca são investigados por utilizarem CRM de outros médicos (Foto: Reprodução/TV TEM)
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