MP investiga contrato de falso médico para trabalhar em PS de Franca, SP
Suspeito trabalhou seis meses com nome e CRM de outro profissional. Promotoria avalia se Prefeitura e empresa cometeram improbidade.
27/07/2015 09h03 - Atualizado em 27/07/2015 09h20
O Ministério Público (MP) de Franca (SP) abriu inquérito para investigar o contrato entre um instituto terceirizado e o suposto falso médico Pablo do Nascimento Mussolim, que trabalhou seis meses no Pronto-Socorro Álvaro Azzuz, e é investigado por fraude. Segundo a polícia, Mussolim utilizava o CRM e o nome de Pablo Galvão, um médico que atua no Rio Grande do Norte.
De acordo com a promotoria de Franca, a organização de saúde Instituto Ciências da Vida (ICV), contratada para atuar na rede pública, e a Prefeitura são investigadas desde a semana passada por improbidade. As denúncias contra Mussolim começaram a ser feitas no ano passado, quando a Comissão de Ética da Câmara dos Vereadores apurava um atendimento prestado a um paciente.
Procurada pela reportagem da EPTV, a Secretaria de Saúde de Franca informou que ainda não decidiu se vai reavaliar os pacientes que foram atendidos pelo suposto falso médico. Procurado por telefone peloG1, o diretor administrativo do ICV, Rafael de Mari Santos, não foi encontrado para comentar as investigações do Ministério Público.
De acordo com o promotor Carlos Henrique Gasparoto, o MP solicitou informações sobre o serviço prestado pelo instituto desde que o médico assumiu o serviço no pronto-socorro, no ano passado. Além de fazer consultas, o susposto falso médico era responsável por coordenar a escala de todos os profissionais.
Ainda segundo Gasparoto, as investigações da promotoria estão em fase preliminar e o inquérito aguarda os dados solicitados à administração municipal para saber quais providências serão tomadas. A promotoria tem 180 dias para concluir o inquérito.
Pablo Mussolim é suspeito de usar CRM de outro
médico para atuar (Foto: Reprodução/TV Tem)
médico para atuar (Foto: Reprodução/TV Tem)
Erros médicos
Segundo o delegado do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) em Franca, Ulisses Minicucci, quando o médico do caso foi convocado para prestar esclarecimentos sobre um susposto erro no atendimento a um paciente descobriu-se que ele não era o mesmo que tinha feito a consulta. Ainda de acordo com o delegado, a partir da convocação, o falso médico nunca mais apareceu.
Segundo o delegado do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) em Franca, Ulisses Minicucci, quando o médico do caso foi convocado para prestar esclarecimentos sobre um susposto erro no atendimento a um paciente descobriu-se que ele não era o mesmo que tinha feito a consulta. Ainda de acordo com o delegado, a partir da convocação, o falso médico nunca mais apareceu.
A promotoria da Saúde, em conjunto com a promotoria do Patrimônio Público, também pretende analisar a atuação de Mussolim em outros possíveis diagnósticos errados emitidos por ele durante os seis meses em que trabalhou no Álvaro Azzuz. Na época, o suspeito chegou a registrar que atuou na unidade por 30 dias sem descanso e recebeu um salário de R$ 80 mil.
Segundo a Polícia Civil em Sorocaba (SP), que investiga o caso, o suspeito utilizava o CRM e o nome de Pablo Galvão, um médico que atua no Rio Grande do Norte. Ele foi preso na semana passada e trabalhava na Santa Casa de São Roque (SP). Outras cinco pessoas são investigadas por exercer a função irregularmente no estado.
Investigação
Dos médicos irregulares descobertos pela Polícia Civil de Sorocaba, apenas Mussolim e outros dois tiveram as identidades divulgadas. Eles são Natani Thaisse de Oliveira, que trabalhava com os documentos de Natalia Oliveira, cuja localização ainda não foi confirmada pela polícia, e outra mulher identificada apenas como Vilca, que utilizava o CRM de Cibele Lemos e Silva, profissional que trabalha na Santa Casa de Patrocínio Paulista (SP).
Dos médicos irregulares descobertos pela Polícia Civil de Sorocaba, apenas Mussolim e outros dois tiveram as identidades divulgadas. Eles são Natani Thaisse de Oliveira, que trabalhava com os documentos de Natalia Oliveira, cuja localização ainda não foi confirmada pela polícia, e outra mulher identificada apenas como Vilca, que utilizava o CRM de Cibele Lemos e Silva, profissional que trabalha na Santa Casa de Patrocínio Paulista (SP).
As irregularidades só foram descobertas depois que Vilca, que atendia como médica no pronto-atendimento de Alumínio (SP), com o nome e registro profissional de Cibele, foi embora de um plantão sem dar justificativa à equipe que trabalhava com ela. O diretor da unidade decidiu consultar o CRM para tomar uma atitude administrativa contra ela, mas acabou descobrindo que a foto do perfil da profissional não condizia com a pessoa que trabalhava no local.
Vilca fugiu após o início das investigações e Natani foi presa. Segundo o delegado, a polícia vai apontar se os médicos verdadeiros tinham conhecimento do uso de seus registros e qualificação pelos falsos profissionais.
A Innovaa, empresa prestadora de serviços responsável pelas contratações dos médicos na região de Sorocaba, informou em nota que as admissões foram feitas com base na apresentação dos documentos pessoais e do registro do profissional no CRM.
Segundo a empresa, no caso dos médicos irregulares, todos os documentos apresentados condiziam com profissionais médicos registrados no CRM. A falsificação desses documentos não foi detectada, porque as fotos dos profissionais só passaram a aparecer no site do Cremesp no dia 6 de julho.
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