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Publicado em 22/07/13-20:56.
Morte de mulher do vice-governador do Estado acende alerta sobre o risco das cirurgias plásticas
Roberta Kremer FLORIANÓPOLIS |
A morte da advogada Ivane Fretta Moreira, 60 anos, mulher do vice-governador de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira, acendeu o alerta sobre o risco das cirurgias plásticas. A oferta de operações, como a lipoaspiração (operação que remove gordura localizada), para melhorar a autoestima e a satisfação com o corpo ganha espaço em publicidade, principalmente na internet. Mas as possíveis complicações ficam nas entrelinhas.
Para o presidente do Cremesc (Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina), Vicente Pacheco de Oliveira, os anúncios muitas vezes são feitos de forma que não evidenciam as possíveis complicações. Ele observa que na consulta pré-operatória é obrigatório informar problemas que podem ocorrer. “É preciso refletir para não haver a banalização da cirurgia plástica. Não é como ir ao salão fazer as unhas e o cabelo, é um procedimento cirúrgico e tem todos os riscos de uma cirurgia”, salienta Oliveira.
No caso da morte de Ivane, o presidente do Cremesc observa que a advogada escolheu a clínica (Ilha Hospital e Maternidade) e médicos credenciados, quesitos fundamentais na busca por uma operação mais segura. Mesmo assim, a entidade abrirá sindicância para investigar se houve erro médico.
A mulher do vice-governador morreu devido a uma embolia pulmonar após uma lipoescultura (operação que tira a gordura localizada em uma parte do corpo e coloca em outra). Isso pode acontecer em cirurgias por causa do repouso prolongado, que acarreta na diminuição da circulação, facilitando a formação de coágulos de sangue ou gordura que obstruem as artérias ou veias do pulmão.
Segundo o chefe do serviço de cirurgia plástica da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Jorge Bins Ely, não há estudos que apontem porque esse a embolia é mais recorrente na lipoaspiração do que em outras cirurgias. “Nenhuma cirurgia tem garantia total. O Brasil é o país que mais faz cirurgia plástica no mundo. São quase 600 mil por ano e poucos registros de morte. Mas quando ocorre, chama a atenção das pessoas”, observa Ely.
Há seis anos, outra mulher morre em lipoaspiração feita pelo cirurgião de Ivane
O médico que fez a lipoescultura em Ivone Moreira, o cirurgião plástico Rogério Schützler Gomes é registrado na SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e possui um vasto currículo em cursos e seminários. Faz operações em Florianópolis e São Paulo. Seu currículo, no entanto, tem um episódio similar ao da mulher do vice-governador.
Em 2007 a publicitária Maria Eliana Aragon, de 55 anos, morreu após uma cirurgia de lipoaspiração feita por ele. A hipótese apontada foi reação à anestesia. A família da mulher considerou uma fatalidade, assim como os parentes da advogada Ivane.
A reportagem procurou Gomes, mas ele não retornou ligações e e-mails. O diretor-técnico da Ilha Hospital e Maternidade Alexandre Carlos Buffon também não foi encontrado.
O presidente da SBCP-SC (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica de Santa Catarina), Zulmar Accioli, se manifestou com um artigo encaminhado à imprensa. Sem tocar no caso de Ivane, o texto diz que a lipoaspiração e lipoescultura estão “no topo dos procedimentos estéticos mais comuns no mundo todo. A técnica é segura se seguidos os protocolos e os parâmetros adequados a cada paciente. Porém, a possibilidade de um infortúnio é inerente, como em qualquer tipo de intervenção cirúrgica”.
Últimos casos de mortes em cirurgias de lipoaspiração no Brasil
Em fevereiro de 2013, a manicure Nayara Patracão, de 24 anos morreu de parada cardiorrespiratória, depois de passar um mês em coma por conta de um mal súbito em uma lipoaspiração realizada em Descalvado (SP).
Em outubro de 2012, a modelo catarinense Pamela Baris, de 27 anos, morreu depois que teve um órgão perfurado em uma cirurgia de lipoaspiração em uma clínica de São Paulo (SP).
Em julho de 2012, Valdirene dos Santos de Campos, de 36 anos, morreu em casa dois dias após se submeter a uma cirurgia de lipoaspiração em Criciúma, Sul do Estado. O laudo apontou hemorragia na região do abdome como causa da morte.
Em julho de 2011, a funcionária pública Kátia Maciel Dias, de 39 anos, morreu após realizar uma cirurgia de lipoaspiração e abdominoplastia em uma clínica de cirurgia plástica de Belo Horizonte (MG). Uma das hipóteses é que ela teve embolia pulmonar.
Em junho de 2011, a cabeleireira Maria das Graças Bezerra, de 62 anos, morreu ao se submeteu a uma lipoaspiração, uma cirurgia plástica no abdome e um implante nos seios em um hospital de Natal (RN).
Em maio de 2011, a cabeleireira Neusilene Odete da Silva morreu aos 39 anos de choque anafilático em uma cirurgia de lipoaspiração em Natal (RN).
Em julho de 2010, Marinalda Araújo Neves Ribeiro teve uma parada cardíaca e morreu ao realizar uma cirurgia de lipoaspiração e implante de prótese de silicone em uma clínica de Brasília (DF).
Em agosto de 2008, a dona-de-casa Zulamar Maria Barbosa Correia, de 44 anos morreu após fazer uma lipoaspiração em uma clínica clandestina em Florianópolis.
Em novembro de 2007, a publicitária Maria Eliana Aragon, 55 anos, morreu após uma lipoaspiração. Na época, o médico Rogério Schutzler Gomes, mesmo que fez a lipoescultura em Ivone Freittas Moreira, disse que a causa teria sido complicação cardíaca provocada por reação à anestesia.
Para diminuir os riscos na cirurgia plástica
- Busque referências de médicos por meio de informações de outros pacientes, indicações de conhecidos
- Confira se os médicos (tanto cirurgião quanto anestesista) são registrados no Conselho de Medicina, na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e Sociedade Brasileira de Anestesista. Pode-se obter a informação pelo telefone do Cremesc: 3952-5000
- Verificar se o estabelecimento onde vai ser feito o procedimento tem o suporte necessário. Se não tiver UTI (unidade de terapia intensiva), precisa ter UTI móvel.
Publicado em 22/07/13-20:56.
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