Grávidas perdem os bebês e relatam negligência médica em Alagoas
São José da Tapera registra dois casos de gestação interrompida por erro. Médicos estão sendo investigados para determinar se houve negligência.
30/07/2015 20h51 - Atualizado em 30/07/2015 21h25
Duas tristes histórias de mulheres grávidas no interior de Alagoas unidas por uma coincidência, o descaso médico que sofreram fez com que ambas perdessem as crianças durante a gestação, em São José da Tapera, município do Sertão de Alagoas. Os médicos responsáveis pelo atendimento estão sendo investigados e podem responder por omissão de socorro e erro médico.
Grávida de sete meses, Gilvânia Matos estava prestes a ter o primeiro filho. Na penúltima semana de gestação, a mãe realizou um ultrassom que indicou que o bebê não estava na posição ideal para o parto. Indicando, assim, a necessidade de uma cesária. A demora para conseguir agendar o procedimento médico foi tanta, que o bebê faleceu.
“Procuramos a secretária do hospital, ela mandou ir na outra terça, depois na outra e quando voltei o bebê já estava morto. Faltando 3 dias pra completar 40 semanas e acontece uma coisa dessa”, diz Gilvânia emocionada.
A secretária de saúde de São José da Tapera diz que, no caso de Gilvânia, ela e o bebê estavam bem e não houve demora na marcação da cirurgia, porque, segundo o Ministério da Saúde, a cesariana só é indicada se a mãe estiver em trabalho de parto ou com idade gestacional de 39 semanas. A secretária afirmou, ainda, que a morte do bebê está sendo investigada.
Na mesma cidade, um outro relato de descaso com gestantes. Maria Eduarda, 16, estava grávida e perdeu o bebê durante a gestação. A gravidez corria bem, e o bebê já estava com seis meses, quando Eduarda passou mal e foi levada a um posto de saúde da cidade.
Após ser medicada com Diazepan, um fármaco usado como ansiolítico, anticonvulsivante, relaxante muscular e sedativo, Eduarda disse que não sentia mais o bebê.
“O médico receitou Diazepan e eu tomei do dia 17 ao dia 30, eu estava me sentindo mal, voltei no posto e a enfermeira trocou o remédio, aí percebi que o bebê não estava mexendo”, diz Eduarda. A avó do bebê, Sandra dos Santos, afirma ter perguntado ao médico se não teria problemas a filha tomar essa medicação estando grávida.
“Nós fomos no hospital de São José, mandaram praArapiraca, de Arapiraca voltamos para São José. Disseram que o bebê estava mexendo pouco, mas estava. Nós fomos encaminhadas para o Hospital Universitário em Maceió, e lá o médico disse que o bebê estava morto, que teve uma parada cardíaca e que foi por causa do diazepan que é forte para o bebê”, conta Sandra.
A reportagem da TV Gazeta foi ao posto de saúde onde o medicamento foi receitado à menor, mas o local estava fechado.
O chefe de serviço do 38º Distrito Policial conta que os dois casos serão investigados, e que se as denúncias forem confirmadas, os responsáveis irão responder por dois crimes diferentes em cada caso. Em um, por omissão de socorro e, no outro, por erro médico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário