01/02/2018 07:00 -
Polícia
A partir de Bauru, grupo distribuía remédios desviados
Gaeco prendeu, nessa quarta (31), mais 9 acusados de prática de fraude nacional
Tisa Moraes
Na segunda etapa de uma operação que investiga um esquema de fraude nacional de desvio de medicamentos de alto custo, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) prendeu, nessa quarta-feira (31), mais nove integrantes da quadrilha em três estados e no Distrito Federal. Durante o prosseguimento das investigações, o órgão, vinculado ao Ministério Público, descobriu que o escritório central do bando - para onde a maior parte das mercadorias desviadas eram remetidas e de onde eram distribuídas irregularmente para todo o País - era sediado em Bauru.
As investigações tiveram início no município em 2015 e, em 2016, 12 pessoas foram presas, entre elas um casal morador da cidade e quatro de Piratininga. Na ocasião, cerca de R$ 4 milhões em remédios foram apreendidos em Bauru.
Nessa quarta-feira (31), mais uma quantidade significativa e ainda não contabilizada de medicamentos, em sua maioria destinada ao tratamento de câncer, foi recolhida em imóveis de Guarulhos, Goiânia e Distrito Federal. Dos nove presos, um era servidor público do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e outro da Santa Casa de Araraquara, funcionários apontados como fornecedores da quadrilha, que desviavam medicamentos de unidades de saúde.
Este último, inclusive, já havia sido desligado do hospital em razão das investigações e era considerado foragido desde 2016. Também foram presos acusados em Guarulhos, Brasília, Colatina e Goiânia, também apontados como fornecedores. Em Bauru, houve apenas apreensão de documentos em uma residência do Vale do Igapó e um morador, suspeito de atuar como contador do bando, foi ouvido e liberado.
O ESQUEMA
Segundo o Gaeco, a quadrilha comprava medicamentos oriundos de furtos e roubos de carga ou de desvios de unidades de saúde de diversos estados. Toda a mercadoria era adquirida ilegalmente de pessoas físicas e vendidas em um site, por meio de uma empresa de fachada, para clínicas médicas, hospitais públicos e particulares de todo o País.
Até o momento, não há informações sobre o envolvimento de unidades de saúde ou de servidores públicos de Bauru no esquema criminoso, que registrou faturamento estimado em mais de R$ 16,5 milhões entre setembro de 2014 e maio de 2016, quando as primeiras prisões foram efetuadas. Durante a operação, nessa quarta-feira (31), cerca de seis veículos, incluindo uma BMW, foram apreendidos. Em 2016, outros cinco automóveis e armas já haviam sido recolhidos.
Todos os presos responderão por associação criminosa e por crime contra a saúde pública. A operação envolveu os núcleos do Gaeco de Bauru, Goiânia, Distrito Federal e Espírito Santo, que foram apoiados pela Polícia Militar e também da Corregedoria Geral da Administração do Estado, já que o esquema fraudulento envolvia servidores públicos.
Delação premiada
De acordo com os promotores, as apurações tiveram início há cerca de três anos, a partir de indícios de fraude detectados pelo setor de fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em Brasília (DF). As prisões e apreensões de documentos, computadores e celulares realizadas em 2016 acabaram subsidiando o Gaeco para a coleta e elaboração de novas provas, envolvendo um número maior de pessoas que, agora, foram presas.
Os promotores afirmam que também foi fundamental para o resultado desta segunda etapa a utilização do instrumento jurídico da delação premiada. Dois dos 12 presos em 2015 colaboraram com as investigações, fornecendo informações relevantes ao Gaeco.
Com a autorização da Justiça, ambos puderam continuar respondendo ao processo em liberdade, benefício que também foi concedido, por motivos não detalhados, a outras duas pessoas detidas naquela primeira fase
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