Ministério Público apura morte por falta de atendimento em Lavras
A morte de um paciente de Ribeirão Vermelho, depois que ele teve atendimento negado pela antiga Unidade Regional de Pronto Atendimento de Lavras, fez com que o Ministério Público instaurasse um inquérito civil público para apurar se a Prefeitura de Lavras, está deixando de cumprir obrigações na área de saúde. Desde o fim de agosto, a URPA não faz mais atendimentos regionais, somente consultas e outros procedimentos de pacientes que moram em Lavras.
O caso que gerou a investigação foi o de Dirceu Ferreira, de 51 anos, que morreu em decorrência de um estado avançado de câncer. Segundo a família, Dirceu foi levado para o Pronto Atendimento em Ribeirão Vermelho, porque tinha retirado os pontos da última cirurgia que havia feito e estava com muita secreção. Lá os médicos decidiram encaminhá-lo para a antiga URPA, em Lavras, mas a transferência foi negada.
“Eles falaram que não atenderiam, porque não estão atendendo pessoas de outra região. Eu chamei a polícia e fiz um boletim de ocorrência, mas no momento que estava fazendo BO, meu tio veio a óbito”, contou a sobrinha de Dirceu, Anastácia Junia da Silva.
A mudança na forma de atendimento da URPA foi anunciada no primeiro semestre deste ano como medida de economia. Na época, o município informou que continuaria atendendo as nove cidades conveniadas, desde que as prefeituras entrassem com uma contrapartida mensal de R$ 6 por habitante. Isso além dos repasses que cada uma já faz seguindo a tabela do SUS. Como nenhuma prefeitura aceitou o acordo, a unidade suspendeu os atendimentos eletivos que eram feitos de forma regional.
A decisão do município já vinha gerando polêmica antes mesmo de ser colocada em prática. Só que agora, com a morte de Dirceu, secretários de saúde da microrregião procuraram o Ministério Publico.
“Essa medida visa apurar as responsabilidades principalmente da Secretaria de Saúde de Lavas quanto à gestão da UPA em prestar esse serviço de urgência e emergência à toda população da microrregião de saúde. Nós requisitamos que seja feita uma apuração quanto ao óbito que ocorreu no município de Ribeirão Vermelho”, contou o promotor de justiça Wesley Vaz.
De acordo com o secretário de Saúde de Lavras, os atendimentos emergenciais continuam sendo feitos na cidade.
“O paciente era um paciente oncológico terminal e não somos referência na parte oncológica; a referencia é Varginha e estávamos com o nosso CTI cheio e todos os respiradores sendo utilizados. E não tínhamos como receber esse paciente”, disse Leandro Moretti.
De acordo com a direção do hospital de Ribeirão Vermelho, a decisão de levar o paciente para Lavras, foi tomada pelos médicos do Samu. “Inicialmente o paciente seria transferido para Varginha, mas o médico do Samu pediu para que regularizasse e estabilizasse a pressão arterial do paciente para que ele pudesse ser transportado. Por isso pedimos a transferência para Lavras”, disse diretor administrativo do hospital de Ribeirão Vermelho, Carlos Henrique Ferreira de Souza.
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