NO SUL DE MINAS
Delegado duvida de médicos e pede exumação de corpos de mãe e bebê
Segundo marido, dona de casa deveria passar por uma cesariana, mas médicos tentaram parto normal por cerca de três horas; Ministério Público acompanha o caso, e profissionais devem ser ouvidos nesta quarta-feira
PUBLICADO EM 26/03/14 - 09h49
A alegria da chegada de um bebê em casa teve o pior desfecho possível para uma família de Ouro Fino, no Sul de Minas. Mãe e filho morreram menos de quatro horas após o parto. O caso aconteceu no último fim de semana, na Santa Casa da cidade, e a possibilidade de um erro médico não está descartada. Para tentar esclarecer os fatos, o delegado responsável pelo caso pediu a exumação dos corpos das vítimas.
O marido da dona de casa Grace Kelly Tavares Bazani, de 33 anos, contou que a mulher estava com nove meses completos de gestação quando começou a passar mal, na noite desse sábado (22), durante a festa de aniversário do filho de 10 anos.
“Minha mulher começou a ter um corrimento por volta das 22h, e fomos para o hospital. Quando chegamos à Santa Casa, o médico plantonista nos atendeu e, ao fazer o toque, disse que ela estava com 5 cm de dilatação e já estava em trabalho de parto. No entanto, o mesmo médico disse que não poderia realizar o nascimento do meu filho porque já tinha feito outro quatro partos naquele dia”, contou Luís Fernando de Almeida Pereira.
Ainda na versão dele, às 23h30, o médico acionou um outro profissional que estava em outra unidade de atendimento. Esse segundo médico chegou à Santa Casa por volta das 3h30 de domingo (23).
“A Grace foi para sala de parto às 2h37, antes da chegada desse médico. Ela já tinha estourado a bolsa e estava com 7 cm de dilatação. Minha esposa ficou até as 5h40 tentando o parto normal, inclusive com o uso do fórceps (espécie de pinça gigante que auxilia a retirada do bebê em caso de complicações no parto)”, disse.
Por volta das 6h, o médico informou à família que a criança, que receberia o nome de Giovanni, tinha morrido. Já a informação da morte da dona de casa chegou às 8h. Grace Kelly teria morrido, segundo informações passadas para a família, por causa de uma parada cardiorrespiratória.
“Pelo porte físico dela e o peso do bebê, que na última consulta estava com 4,2 kg e media 52 cm, não tinha como fazer parto normal e, sim, uma cesárea. Acho que ela fez muita força e não aguentou”, disse o viúvo.
O homem também contou que a médica responsável pelo acompanhamento do pré-natal da vítima, que foi feito em um posto de saúde, já havia avisado para a família que seria necessária a cesárea. Pereira contou que a mulher teve uma gravidez tranquila e não apresentava qualquer problema de saúde. Ela estava na terceira gestação e deixa uma filha de 17 anos e um filho de 10.
Após a morte de mãe e filho, os parentes foram buscar os documentos para a preparação do sepultamento e, segundo eles, a ficha de uma outra paciente de Jacutinga, na mesma região, estava no meio do prontuário de Grace. “Não sei o que aquele documento foi fazer lá. Nessa terça-feira (25), fomos à delegacia da cidade e registramos uma ocorrência. Nós só queremos entender o que realmente aconteceu com a minha mulher e meu filho dentro do hospital. Desejamos saber por que o primeiro médico se recusou a fazer o parto e por qual motivo não optaram pela cesariana”, finalizou Pereira.
A reportagem de O TEMPO entrou em contato com a Santa Casa de Ouro Fino, mas foi informada que apenas a administradora do hospital pode comentar o caso. Segundo a instituição, porém, ela está viajando. Ela também não atendeu às ligações realizadas para o seu celular.
Investigação
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Arthur Augusto Ribeiro da Silva, ele solicitou o prontuário médico de Grace e a lista de funcionários que trabalharam no plantão.
“Já foi instaurado um inquérito. Estamos aguardando a resposta do juiz da comarca para saber se os corpos poderão ser exumados. O Ministério Público acompanha o caso, e esperamos resolver a situação o mais rápido possível”, disse o delegado. Se a exumação foi concedida e realizada, os corpos serão encaminhados para autopsia no IML para determinar as causas das mortes e investigar a possível conduta médica inadequada.
Silva ainda informou que os funcionários deverão prestar depoimento nesta quarta-feira (26). Segundo ele, a conduta dos profissionais no caso de Grace será investigada e, caso seja comprovada alguma falha ou irregularidade, os responsáveis podem responder por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. A pena varia de um a três anos de reclusão.
felippe
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